Recolhido à minha insignificância, reduzido a condição de Cidadão, eleitor, leitor e eventualmente com a cortesia do título de "especialista", no cantinho esquerdo ou direito de meia página dedicada aos que tentam gritar por uma cidade melhor, não posso deixar de comentar o grande feito de terça feira 30/08 nas dependências da Prefeitura, quando, em solenidade, os Mandatários da Capital anunciaram, sob os holofotes da imprensa, as 5 obras que pretendem deixar BH melhor preparada para receber turistas internacionais que virão para a Copa de 2014. Não é muito, mas já é um bom começo, as 5 das 150 obras que a cidade precisa e vem postergando há décadas por falta de recursos e por uma filosofia que vê nelas um “bicho de sete cabeças”.
550 milhões é 10% do que a cidade necessita para desafogar o transito e tirar carros, ônibus e cidadãos entrincheirados das ruas, em quilômetros de congestionamentos, que ao contrário de São Paulo, não são medidos. Lá, a propósito, os congestionamentos são medidos entre outras coisas, para dar nota à eficiência dos órgãos gestores do transito. Aqui, criticá-los costuma ser motivo de desafetos e até boicotes… As alternativas são muitas, mas as principais e que demandarão perto de 10 bilhões de reais, passa é claro pelo metrô, monohail ou BRT,(Busmetrô, Phylios, TransMilenio) ou como queiram as "autoridades" e suas consultorias estrangeiras que sempre dizem o que já sabemos, só que a preço de ouro.
As obras anunciadas servirão para minimizar o sofrimento de quem já anda de ônibus, e não para os que deveriam, mas não fazem por falta de alternativas. Falo especificamente do metrô e de um novo modelo de carrocerias para os ônibus urbanos, que se quer são cogitadas. De sorte que a noticia, pela envergadura da sua dimensão, deveria trocar de lugar comigo, em coluna de relevância menor. Embora importantes, as obras anunciadas nem de longe irão resolver os problemas de transito e da Mobilidade Urbana da Capital Mineira.
O fato é que no lugar da festa pelo anuncio das 5 obras, a população deveria chorar e a imprensa, pensar. Isso por que a festa resolverá o problema na proporção do seu tamanho, ou seja 15%, se muito. Antes que me acusem de leviandade, convido os que estão lendo e são livres para pensar e questionar sobre os assuntos da cidade, (especialmente os da Imprensa autônoma) para um passeio pelos mais de 150 gargalos que demandam obras. Obras essas que fazem os homens que planejam a Cidade a duas décadas, tremerem, só com a idéia de mudanças, mesmo as pequenas e impreteríveis que salta aos olhos do mais simples Cidadão. Com efeito, enquanto elas não chegam, a recomendação passa pela inteligência, ousadia, humildade e atitudes, que "cortam caminhos" e melhoram o transito que está a beira do colapso.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
ONG SOS Mobilidade Urbana
CRA MG 0094 94
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