A Praça Raul Soares, na região central de Belo Horizonte, recebe fluxo pesado de veículos de 4 avenidas. São 4 entradas e 8 saídas. Por ela cruzam as Avenidas Amazonas, Olegário Maciel, Bias Fortes e Augusto de Lima. Ali, cada segundo é precioso e precisa ser bem aproveitado, para evitar engarrafamentos que podem repercutir longe. Em 2008, ainda no governo do Prefeito Fernando Pimentel, a Praça foi reformada e ganhou 4 elevações de piso para travessia de pedestres, com o intuito de mostrar que a cidade é para as pessoas. Foi esse o jargão utilizado pelos idealizadores do projeto, que permanece, equivocadamente, até hoje. De fato a cidade é para as pessoas, as que estão a pé, de ônibus, bicicleta e para as que estão no volante de quase 2 milhões de veículos, se consideradas a frota flutuante e a frota da cidade que já ultrapassou a marca de 1,5 milhões de carros.
Para cada pessoa que atravessa a pé as pistas da Praça Raul Soares, 50 automóveis passam no mesmo espaço, ao mesmo tempo. O volume de carros é muito maior do que o de pedestres e ali não deveria ter nenhum obstáculo que influenciasse negativamente na fluidez do trânsito. É uma questão de bom senso e lógica.Seria maravilhoso todos os pisos elevados, se a nossa realidade permitisse esse capricho e a cidade não tivesse o número de carros crescendo a taxas de 10% ao ano. O buraco aqui infelizmente é bem mais embaixo. Os urbanistas que copiaram a ideia devem compreender que não é na Europa que estão os exemplos que devem servir de inspiração. Talvez fosse muito mais coerente buscar experiências bem sucedidas em cidades Norte Americanas, cuja cultura do carro tem muito mais a ver com a nossa.
Se não bastasse, no Velho Mundo o Cidadão conta com vários modais de transporte coletivo que incentivam a troca do privado pelo publico e a maioria acaba deixando o carro em casa para andar a pé, de VLT, monotrilho, trens, bicicletas, ônibus e metrô, que lá existe há mais de 150 anos, antes mesmo do carro existir. Bem diferente daqui, onde não há alternativas de transporte confortável e eficaz. Neste quesito, a propósito, vale ressaltar que a meia boca funciona mal e porcamente desde que os ônibus substituíram os bondes na década de 50. Com efeito, as elevações de piso nas travessias da Praça Raul Soares, construídas em 2008, precisam ser rebaixadas para evitar que segundos preciosos sejam perdidos, diminuindo a fluidez do tráfego em toda a região central da cidade.
Lembro ainda que o piso rebaixado no nível da pista de rolamento não trás qualquer prejuízo para a segurança ou conforto do pedestre. Da forma que está trata-se apenas de um capricho para agradar urbanistas. Basta ver no restante da cidade onde tudo funciona maravilhosamente bem no nível da rua. Fica a dica para a Sudecap e para os gestores do transito de BH que está precisando ser melhor pilotado. Nas cidades onde a mobilidade é exemplo e tem fluidez, os pilotos foram os Prefeitos. Será que o nosso tem vocação para esta importante missão?
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Mobilidade e Assuntos Urbanos
Presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana da ACMinas
ONG SOS Mobilidade Urbana
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