Senador Randolfe Rodrigues transforma insatisfação de eleitores em ameaças, e esquece dos problemas do Amapá

O senador passional que não enxerga os problemas do estado que representa, um dos mais pobres do Brasil, transforma insatisfação de eleitores em ameaças

Foto: Acervo Senado Federal

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) não lida bem com contrariedades, embora seja um político aparentemente “experiente”. Sempre que se sente pressionado, judicializa o que nem sempre deveria ser assunto para a justiça. Recentemente transformou a insatisfação de eleitores do seu estado em ameaças à CPI. As mensagens que recebeu no whatsapp tem prefixo 096, são do Amapá e não fazem ameaças, são manifestações de insatisfação com a atuação do político conterrâneo de Lula. Randolfe, para quem não sabe nasceu em Garanhuns-PE.

Garoto propaganda de parcela da mídia contrária ao governo do presidente Jair Bolsonaro, não perde a oportunidade de aproveitar os holofotes, apresenta-se sempre com ar rancoroso, se fazendo de vitima e apontando dedos como se não tivesse defeitos. Incorporou a figura passional que a imprensa precisava para substituir os pitbulls do PT, desmoralizados pelos sucessivos escândalos que o partido se envolveu nos últimos anos e que fez o senador migrar do PT para o PSOL e depois para o partido Rede Sustentabilidade.

Foto: Diário do São Luiz

Randolfe Rodrigues e Flávio Dino, governador do Maranhão (PCdoB-MA), carregam na testa o carimbo de uma esquerda atordoada. Isso bastaria em um país de imprensa séria, para desqualificá-los. Mas eles não perdem a oportunidade de aparecer em rede nacional sendo contra tudo e contra todos, sobretudo o que vem do governo. Os semblantes já são conhecidos, o da política destrutiva, do ódio que não leva a nada. Randolfe passa a maior parte do tempo esbravejando, e esquece do estado que ele representa e que sofre com a pobreza, a desonestidade de políticos e subdesenvolvimento.

O vice presidente da CPI da Covid se prestou a virar parceiro de Renan Calheiros, fechando os olhos para a vida pregressa do político alagoano, esqueceu do impeachment e da sua fama. Fez o mesmo com o presidente Omar Aziz do Amazonas que tem ficha extensa de envolvimento em desvio de verbas públicas, (citado em mais de 200 processos da Procuradoria do Amazonas). Ou seja, uma CPI comandanda por políticos de moral comprometidas. Qualquer verossimilhança desta CPI com uma peça teatral não é mera coincidência.

Foto: A Gazeta do Amapá

De deputado estadual do PT a senador pela Rede, Randolfe mudou muito, deixou o poder subir à cabeça, não é mais o professor universitário de História em Macapá acessível e que em época de campanha aceitava críticas e sugestões de seus eleitores. As críticas agora viraram “ameaças”. O poder costuma mesmo cegar as pessoas e não por acaso o filósofo Platão (Sec. IV a.C) dizia que ele não é para qualquer um, embora a democracia permita a qualquer um o exercício dele por meio da política.

Com voz aguda e “Síndrome de Napoleão”, Randolfe esquece que o estado que ele representa que é um dos mais pobres do Brasil, sofre com problemas do século passado. Em Macapá, 90% do esgoto e dejetos de 430 mil pessoas, dos 513 mil que vivem na capital, é depositado em fossas, correm no canto das ruas a céu aberto ou cai in natura no rio Amazonas.

Foto: G1 Globo

280 mil pessoas não tem se quer água tratada em casa. Os índices de desenvolvimento humano do Amapá deveriam preocupar mais o senador raivoso do que atender as demandas da imprensa ativista. Dos 16 municípios, nenhum tem rede de esgoto e água tratada para toda a população. A maior favela fluvial do mundo está no Amapá, Laranjal do Jari, a 265 km da capital. Isso certamente não preocupa o senador.

As poucas estradas que ligam as 16 cidades do Amapá, de acordo com pesquisa da CNT Transportes, possuem deficiências gravíssimas, e são as piores do Brasil. Acredite, apenas 4% da malha rodoviária do estado que Randolfe Rodrigues representa são transitáveis.

Foto: CNT Confederação Nacional do Transporte

O Amapá não tem ligação com o restante do Brasil por rodovias, é um dos estados cuja ligação se dá por rios ou avião, deixando sua população reféns de companhias aéreas que usam e abusam da população pobre com preços de passagens exorbitantes. Uma viagem de barco até Belém leva 28 horas e custa R$120. Isso não preocupa o senador.

Em Macapá o esgoto corre a céu aberto nas laterais das ruas, a cidade tem problemas estruturais gravíssimos, mas isso o senador não vê. Não existem passeios nas ruas da capital, a população é obrigada a caminhas nas ruas, pisando em cocô e correndo risco de atropelamento. A cidade espera há décadas por reestruturação urbana que considere as pessoas. A saúde do Amapá vira e mexe é pagina policial graças à precariedade no atendimento e a corrupção. Randolfe segue alheio.

Foto: Diário do Amapá

Quatro famílias se sucedem no poder no Amapá, a maioria delas sempre envolvidas em escândalos de corrupção. Em 2010 o governador, o prefeito, o presidente do Tribunal de Contas, políticos, secretários e mais de 110 agentes públicos do Amapá foram presos em operação da Polícia Federal, tendo o prefeito da capital preso por 67 dias.

Ou seja, o Amapá é um antro de corrupção e mau uso do dinheiro público e um dos estados mais pobres do país, mas o senador prefere preocupar-se com os assuntos nacionais. Senador, aceite uma sugestão, procure um psiquiatra e faça uma terapia, não se esqueça de que o centro do mundo não é V.Exa. Seu modelo não se sustenta mais, o mundo é hélio e não geocêntrico.

Seu problema não é político ou ideológico, é psicológico, procure ajuda e honre o voto do povo sofrido do Amapá.

Jose Aparecido Ribeiro é jornalista e ex-secretário de governo no Amapá.

Contato: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945 – www.zeaparecido.com.br

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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