Como em qualquer doença degenerativa o apoio emocional da família ao idoso também tem papel importante, pois ajuda a diminuir a ansiedade
Parcela expressiva da população idosa mundial sofre com a doença de Parkinson. Uma doença degenerativa que possui características específicas, requer cuidados e atenção sobretudo de familiares das vítimas, via de regra, acima de 65 anos. Dados da Organização Mundial da Saúde revelam que 1% da população idosa do mundo sofre com a doença e que se for diagnosticada precocemente, pode ser tratada.
Informar-se sobre essa e outras doenças comuns à sociedade é fundamental para a busca de ajuda médica no tempo adequado e para a realização de um tratamento eficaz que melhora a qualidade de vida do idoso acometido pela Doença de Parkinson. Ela é caracterizada basicamente por tremor de repouso, tremor nas extremidades, instabilidade postural, rigidez de articulações e lentidão nos movimentos.
Há também outros sintomas não motores, como a diminuição do olfato, distúrbios do sono, alteração do ritmo intestinal e depressão. No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas sofram com o problema. “Eu estava viajando de férias quando senti um dos dedos da minha mão endurecer. Passei a observar que para fechar a pulseira do meu relógio e o fecho da calça encontrava dificuldades, o dedo do meio já não dobrava, estava rígido, foi quando percebi que também estava com tremores. Paralelamente a isso notei que o cheiro das coisas estava diminuindo, e não sabia o que estava acontecendo. Foi isso que me fez conversar com o meu geriatra e ele me informou que possivelmente eu estaria com a doença de Parkinson, foi um baque, mas ele me tranquilizou e me disse que era possível conviver e viver bem com a doença”, relata Silvio Luiz, engenheiro (68) que a redação MPV conversou para esta matéria.
A doença ainda não tem cura definitiva, mas existem alternativas de tratamento. De acordo com o Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica do Sistema Único de Saúde para pessoas com Doença de Parkinson, publicado pela portaria nº 228, de 10 de maio de 2010, os medicamentos disponíveis no SUS para o tratamento são: Levodopa/carbidopa; Levodopa/benserazida; Bromocriptina; Pramipexol; Amantadina; Biperideno; Triexifenidil; Selegilina; Tolcapona e Entacapona. A escolha do medicamento mais adequado deverá levar em consideração fatores como estágio da doença, a sintomatologia presente, ocorrência de efeitos colaterais, idade do paciente, medicamentos em uso e seu custo.
Os medicamentos para Parkinson são disponibilizados gratuitamente pelo SUS através do Programa de Medicamentos Excepcionais. Confira mais no Departamento de Assistência Farmacêutica. Além da perda de olfato, depressão e rigidez dos dedos, pode ocorrer também rigidez da musculatura das pernas e dos braços, o que acarreta perda de equilíbrio e susceptibilidade às quedas e fraturas. Nesses casos, é importante reorganizar os móveis da casa e adaptá-los às necessidades da pessoa idosa, facilitando o acesso aos locais de convívio e prevenindo acidentes, por isso o envolvimento dos familiares mais próximos é importante.
Como em qualquer doença degenerativa o apoio emocional da família ao idoso também tem papel importante, pois ajuda a diminuir a ansiedade e compreender a situação, revela a coordenadora técnica da Home Angels, rede de cuidadores de pessoas supervisionadas que o MPV conversou, Janaina Rosa: “A doença, que consiste em uma degeneração do sistema nervoso central, é crônica e progressiva. A principal causa está ligada a diminuição da produção de dopamina, um neurotransmissor que ajuda na transmissão de mensagens entre as células nervosas.”, pontua a especialista em cuidados para idosos com a doença.
Ela lembra ainda que o processo natural de envelhecimento já faz com que as células nervosas percam suas funcionalidades, porém, alguns indivíduos as perdem em um ritmo mais acelerado e assim manifestam os sintomas do Parkinson. “A dopamina auxilia na realização de movimentos voluntários de maneira automática. Dessa forma, não precisamos pensar se vamos levantar o braço ou não, por exemplo, pois essa substância está em nosso cérebro e auxilia nesse processo. Sem a presença de dopamina e com a diminuição das células, a doença aparece e os movimentos ficam comprometidos”, explica a coordenadora.
Ao afetar os movimentos, a doença provoca impactos diretos na realização das atividades cotidianas da pessoa idosa. Sendo assim é importante criar uma rotina e planejar as atividades antes de iniciá-las, isso faz com o idoso sinta-se seguro para fazê-las. Os especialistas recomendam, para quem pode, a contratação de um cuidador. Pois além de ajudar nas tarefas cotidianas, eles costumam ser boas companhias.
O que pensa a Medicina Integrativa
Foto: Acervo pessoal – Dr. José Augusto Nasser – Neurocientista MD e PhD
Apesar de ser definida classicamente como distúrbio do movimento, recentes estudos apontam a Doença de Parkinson como doença multissistêmica. Especulam-se algumas causas para a doença, inclusive combinações de susceptibilidade genética e gatilhos ambientais, mas ainda sem uma comprovação definitiva.
O neurocirurgião e neurocientista Dr. José Augusto Nasser, um dos participantes mais ativos dos Médicos Pela Vida publicou no seu site hipóteses que merecem ser investigadas pela comunidade científica. Dentre elas, a relação da doença de Parkinson com a inflamação intestinal, a disfunção mitocondrial e a hiperestimulação de monócitos. A medicina integrativa pode atuar nessas três possíveis causas através do reequilíbrio da microbiota intestinal, do funcionamento mitocondrial e do sistema imunológico.
Há ainda outras pesquisas sérias relacionadas à dieta, entre elas, a implementação da dieta do Mediterrâneo e terapias mais dinâmicas como musicoterapia e dança. Uma coisa é certa, o combate à inflamação sistêmica, melhoria da imunidade e adoção de hábitos saudáveis, se não impedirem esse mal, traz qualidade de vida.
No Brasil os Sênior Living estão chegando timidamente, especialmente nas capitais (versão moderna dos conhecidos lares para idosos ou asilos), mas em países da Europa, Asia e América do Norte eles já funcionam há décadas, inclusive são custeados pelos governos, o que não acontece aqui. Mas isso é tema para uma próxima matéria, pois dentro de 10 anos o país vai ter 60 milhões de pessoas na terceira idade necessitando de cuidados especiais, não apenas os que desenvolveram a Doença de Parkinson, mas qualquer doença comum a esta faixa etária.
- Matéria extraída do site Médicos pela Vida – www.medicospelavidacovid19.com.br
José Aparecido Ribeiro é jornalista e Assessor de Comunicação do MPV
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