A difícil escolha entre etanol e gasolina, o que você precisa saber além de verificar o preço – Por Ícaro Martin Vienna

Dr. Ícaro Martin Vienna é leitor do Blog e apaixonado por carro . Advogado, oficial da reserva do Exército Brasileiro,  ex-piloto de competição automobilística e apaixonado por carros

Por: Dr. Ícaro Martin Vienna – Advogado em Limeira – SP

Aparecido, vi agora sua matéria sobre preços dos combustíveis gasolina e álcool, e a vantagem de abastecer o carro com álcool. Mas há aspectos técnicos, comerciais e de engenharia mecânica a serem considerados.

Inicia pelo preço do carro a álcool ou híbrido ou flex (moda nova, ainda pior), que tem incentivos fiscais do governo federal, que se refletem no IPI e se propagam para os incidentes impostos estaduais, o ICMS. Isto resulta num preço inicial menor entre veículos iguais, diferença apenas no combustível a ser utilizado.

Ainda no aspecto financeiro, o incentivo por questões ambientais (o motor a álcool expele muito menos gases tóxicos, daí que menos poluente). E no aspecto financeiro acabou por aí. Agora à mecânica e manutenção. Pela alta adição de álcool à gasolina, as montadoras investiram em tecnologia eletrônica para fazer com que as centralinas eletrônicas reconheçam aquele tal líquido carburante como sendo gasolina.

Mas o motor a gasolina funciona com uma taxa de compressão mais baixa, daí a temperatura do motor também mais baixa, o que lhes confere muito maior longevidade e durabilidade, o que se reflete nos óleos lubrificantes. Já o motor a álcool precisa de uma taxa de compressão mais elevada, e temperatura de funcionamento também mais alta. Isto acarreta um sobre-esforço no motor, encurtando a vida útil do motor, lubrificantes, etc.

Já enquanto a gasolina é derivado direto do petróleo, a gasolina carrega uma leve dosagem de óleo na sua composição, lubrificando automaticamente todos os componentes metálicos por onde passe tal combustível, e até preservando e protegendo mangueiras e os anéis de borracha de borracha das vedações por onde passe, circule. Já o álcool ataca metais, gerando oxidação, desprendimento de pequenas partículas sólidas, o mesmo nas borrachas, gerando falhas, vazamentos, entupimentos dos gicleurs ou bicos dos injetores. E haja R$ para reparos e manutenção.

Os saudosos motores VW refrigerados a ar, sempre tiveram uma temperatura de trabalho mais baixa do que os demais fabricantes, todos com motores refrigerados a água. Daí porquê no boom do pro- álcool, década de 80, a VW tentou de tudo mas o motor a ar, movido a álcool, não ia bem nunca. Já entre as demais, todos motores refrigerados a água, GM, Ford e Fiat, os GM  sempre trabalharam mais frios do que os demais fabricantes.

Daí por que os Chevette, Opala e Caravan  a álcool, até a caminhonete picape A-10 sempre funcionaram muito mal. Único GM a álcool que funcionava bem foi o Monza, mas isso porque era derivado do Opel Ascona alemão, este lá desenvolvido e adaptado as gasolinas de altíssimas octanagens do território europeu.

Já a Ford sempre funcionou com temperaturas mais elevada, daí que os Corcel, Del Rey, Escort se adaptaram muito bem. Já os poderosos e fortões Galaxie 500, LTD e Landau, a álcool nunca se adaptaram, andavam aos trancos e invariavelmente seus infelizes então proprietários iam as oficinas pedir para converter seus carrões para gasolina, uma inversão técnica, mas viável.

Poxa, se quiser andar aos trancos e solavancos,  largue o automóvel e vá de cavalo, ou mula, ou jegue. Por fim, a única montadora que se deu bem com a adoção do álcool como combustível, foi a italiana/ mineira/ betinense FIAT. Motores menores, de altas rotações, temperatura de funcionamento sempre alta, superavam com facilidades as limitações e percalços impostas pelo combustível álcool hidratado. Tal fato promoveu e muito a marca Fiat .

E atualmente, o pior, os tais motores flex, híbridos, movidos ou a álcool ou a gasolina, ou a mistura de qualquer proporção entre ambos combustíveis. Isso não funciona, porquê o motor tem ” memória”. Ontem estava movido, alimentado a gasolina, acostumou-se, ok, memorizou. Mas hoje o dono encheu o tanque com álcool, e a memória está toda com os parâmetros para gasolina. Aí, ferrou!! Se pelo menos pegar, já é uma sorte. Portanto, só duas opções. Ou motor movido a gasolina, conforme o projeto, ou movido a álcool, conforme projeto.

Estes híbridos, flex, são de uma incongruência total. Numa risível analogia étnica, o híbrido é filho de um alemão loiro com uma oriental: Resultado? Uma coisa estranha, nem europeu, nem oriental. Na mesma linha, um filho de pai branco com mãe negra ou índia. Resulta o quê? Um filho que não é nem branco, nem negro, resulta um mulato um cafuzo, um mameluco, sem identidade seja com A ou com B. E isso não é preconceito, é apenas uma constatação que não quer dizer nada contra quem é mameluco ou cafuzo.

Última analogia, desta vez pelo prisma gastronômico. Imagine um cidadão que nos dias ímpares é absolutamente vegano, só come folhas, verduras e legumes.  Já nos dias pares, é absolutamente carnívoro. O organismo vai ficar maluco, não sabe como, quando e porquê funcionar. Resultado, fraqueza e prostração. Por derradeiro, o pró- álcool  foi uma jogada política, serviu para enriquecer os “coronéis” fazendeiros e citricultores do Nordeste, e também os do estado de São Paulo, e claro, as poderosas  fabricantes de automóveis. E mais, se álcool combustível fosse bom, a Fórmula 1 estaria usando.

Por derradeiro, desculpe o longo texto, quase um livro, mas gosto do tema indústrias automobilísticas e mecânica. Aqui o advogado cede espaço ao velho piloto e engenheiro mecânico. Até, boa noite e abraço!”

 José Aparecido Ribeiro é jornalista e editor

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

5 Comments

  • Ok quanto todas as consideraçoes tecnicas apresentadas, porém, uma valiosa observaçao há que ser apontada: o pro alcool foi um espetaculo feito no governo militar. Se enriqueceu determinada classe, aconteceu como reflexo. A gasolina de aviao nao é boa? Claro que é. Mas, serve para carro de fórmula 1? Acho que nao! Entao, por que o alcool precisaria estar na fórmula 1 para ser bom? Comparar carros que tinham distribuiçao, platinado e outros tantos itens superados fixando o combustivel nao me parece muito justo.

  • Prezado Geraldo, boa noite. Li há pouco seu lúcido comentário, correto, sem dúvida. O aspecto que abordei foi sobretudo pelo aspecto técnico. Mas note que ao final abordo a ingerência nos combustíveis pelos prismas politicos e reflexos tributários deles derivados. Em síntese, de há muito é público e notório o apetite voraz da máquina pública por mais e maior arrecadação, prá gerar maior receita prá sustentar o sistema. Se tais medidas geram danos, aborrecimentos ao cidadão, à ” máquina” pouco importa. Já esteve ruim, sem citar nomes, mas o país nas mãos de um ladrão esquerdista, corrupto e ignorante, ao qual falta um dedo, após sucedido por uma dentuça com as mesmas ” virtudes” , conseguiram até quebrar, quase inviabilizar a outrora poderosa estatal Petrobrás. Mas aí surge um herói obstinado, foi eleito, freou o esquema, reequilibrou e ajustou. Os efeitos positivos fizeram-se sentir , muitos aprovaram, mas
    o fechamento das ” torneirinhas ” desagradou a outros milhares . E aí novas eleições, o herói foi reeleito, mas prá variar o sistema e a máquina, em evidentes e assombrosas manobras espúrias, terminaram por reconduzir o referido ladrão ao cargo. E de novo imperando a voracidade. Mas e a Nação ?? E o povo ? E o cidadão ?? Prá eles não importa, nunca interessou, o que interessa é apenas o máximo conforto, benesses e regalias, pior é que também dominaram política e financeiramente o órgão que precisaria e deveria insurgir-se , frear, punir a agir. E nós, povo e cidadãos , à mercê, impotentes. No mais, cordiais saudações

  • Prezado Geraldo, boa noite. Li há pouco seu lúcido comentário, correto, sem dúvida. O aspecto que abordei foi sobretudo pelo asoecto

  • Questiono: todas as assertivas são de cunho técnico, nada contra, mas como fica aquele consumidor, baixa renda, impotente em relação aos impostos e políticas POPULISTAS, seja de quem seja?

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