A vitória de Alexandre Kalil é a voz do povo, e ela está longe de ser a voz de Deus

Foto: Portal Gazeta Livre – Fernando Pimentel e Alexandre Kalil – Criador e criatura

A reeleição de Alexandre Kalil é um recado para os amantes cegos da democracia perneta. A mesma que o filósofo Platão usando tom de deboche, em meados do século IV a.C dizia carregar um pecado original por permitir a “qualquer um”, o que não é para “qualquer um”. Platão referia-se ao exercício da política. Embora a “isocracia” indicasse como principio que todo cidadão tem oportunidades iguais para ocupar cargos públicos, não é qualquer cidadão que deve lançar mão deste direito. O exercício da política exige mais do que fama, tapinha nas costas ou mesmo pose de bom moço.

Ao povo foi dado pelo principio da “isegoria” ou igualdade de direito, um chapéu maior do que a própria cabeça, que lhe cobria e cobre até hoje a visão. Na condição de “juiz da democracia” é conferido a ele pela “isonomia” a igualdade de direitos e deveres. Um equivoco que tem custado caro para humanidade e em especial para os brasileiros, pois desconsidera o fator humano, as oportunidades e o principio basilar da formação advinda da educação que, a uns é dado e a outros por razões diversas, é negado.

O Problema, portanto, não está nos políticos, deles, com raras e honrosas exceções já sabemos o que esperar. O Problema  é o próprio povo que usa réguas tortas e critérios equivocados para medir políticos no mais das vezes, mal intencionados, tornando-se cúmplices deles. Há quem diga que “A voz do povo [é] a voz de Deus” um velho provérbio atribuído a carta de Alcuíno de Iorque, um monge beneditino inglês, que usou da expressão vox populi, vox Dei (voz do povo, voz de Deus) no ano 780 em uma frase de sua carta a Charlemagne.

A citação completa de Alcuíno é esta: Nec audiendi qui solent dicere, Vox populi, vox Dei, quum tumultuositas vulgi semper insaniae proxima sit, em cuja tradução para o português significa: E essas pessoas não devem ser ouvidas por quem continua dizendo que a voz do povo é a voz de Deus, desde que a devassidão da multidão sempre está muito próxima da loucura

Ou seja, além de não pertencer ao nosso tempo remete-se ao significado que os charlatães da democracia recorrem diuturnamente.  A razão desta citação é simples e cristalina: A voz do povo (leia-se o seu voto, pois ele a representa no processo democrático), está mais do que evidente, exige educação e discernimento que a maioria não possui. Foi a vox popoli que elegeu o palhaço Tiririca com quase 1,4 milhões de votos para o ofício de deputado federal por São Paulo com a maior votação no país.

Vale lembrar que os votos do palhaço fanfarrão rendeu ao partido PL – Partido Liberal, antigo PR, três cadeiras a mais na Câmara dos Deputados e uma delas foi para um conhecido gangster da política, o beligerante mensaleiro Waldemar da Costa Neto. Com efeito, a maior vítima da falácia é o próprio povo. Não por acaso o atleta do século Pelé, que acaba de completar 80 anos, dizia: “brasileiro não estava preparado para a democracia porque não sabia votar”, profetizou o ídolo do futebol. Nada mais atual.

Encerro esse arrazoado com mais uma lembrança que explica a vitória do cartola do futebol que está levando Belo Horizonte para o limbo da pobreza e do atraso ao lado dos seus parceiros da esquerda, embora eu não conheça uma única pessoa que tenha votado nele. Disso Alexandre Kalil entende! Refiro-me a Carta de Vespasiano a Tito Lívio, seu filho no leito de morte em 79 d.C.

Carta do Imperador Vespasiano a Tito Lívio 

“Tito, meu filho, estou morrendo, e logo eu serei pó e tu, imperador. Espero que os deuses te ajudem nesta árdua tarefa, afastando as tempestades e os inimigos, acalmando os vulcões e os opositores. De minha parte, só o que posso fazer é dar-te um conselho: não pare a construção do “Colosseum”. Em menos de um ano ele ficará pronto, dando-te muitas alegrias e infinita memória. Alguns senadores o criticarão, dizendo que deveríamos investir em esgotos e escolas. Não dê ouvidos a esses poucos. Pensa: onde o povo prefere pousar seu “clunis” numa privada, num banco de escola ou num estádio?

Num estádio, é claro!

Será uma imensa propaganda para ti. Ele ficará no coração de Roma por “omnia saecula saeculorum”, e sempre que o olharem dirão: ‘Estás vendo este colosso? Foi Vespasiano quem o começou e Tito quem o inaugurou’!

Outra vantagem do “Colosseum”: ao erguê-lo, teremos repassado dinheiro público aos nossos amigos construtores, que tanto nos ajudam nos momentos de precisão. Moralistas e loucos dirão, que mais certo seria reformar as velhas arenas. Mas todos sabem que é melhor usar roupas novas que remendadas.

“Vel caeco appareat” (Até um cego vê isso)

Portanto, deves construir esse estádio em Roma.

Enfim meu filho, desejo-te sorte e deixo-te uma frase: “Ad captandum vulgus, panem et circenses” (Para seduzir o povo, pão e circo)”.

Esperarei por ti ao lado de “Júpiter”.

 

José Aparecido Ribeiro é jornalista independente em Belo Horizonte

Contato: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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