Descaso persistente do poder público atinge comunidades todo ano
Foto: Reprodução – Tribuna de Minas
POR: Dr. Paulo Henrique Carvalho Meira Passos – Advogado e Diretor-Chefe da Meira Passos Advogados
“O início do ano é associado à renovação e à esperança para muitos. Infelizmente, para os menos favorecidos é novo ciclo é marcado pela repetição implacável de desastres causados pelas fortes chuvas, que em determinado momento cessam, mas arrastam consigo ao longo do ano os efeitos catastróficos das inundações. Esses eventos que acorrem em várias cidades do Brasil, ressaltam a vulnerabilidade estrutural e o descaso persistente do poder público em relação à infraestrutura das cidades, já que muitos deles são repetições, ou seja, por que as autoridades e órgãos competentes não estruturam melhor planos de prevenção de crises para uma atuação mais ágil a favor da vítimas?
Comunidades em diversas regiões enfrentam problemas como a falta de investimento em sistemas de drenagem e infraestrutura adequada. Ruas transformam-se em rios, casas são invadidas por águas revoltas, e a vida cotidiana dos moradores é drasticamente afetada, tornando-se evidente quando o caos sazonai atinge seu auge. Exemplos não faltam. Em Contagem, foi registrado no início deste ano um episódio lamentável de inundação que abalou as estruturas de dezenas de casas no bairro Novo Progresso, desestruturando o emocional dos moradores que estão há mais de uma década sofrendo com o mesmo problema. Com o cenário de tragédia anunciado na região, as famílias decidiram entrar com mandado de segurança contra a prefeitura de Contagem pedindo o início de obras emergenciais na região e amparo imediato para as vítimas. Famílias que há 12 anos contabilizam perdas incalculáveis com a ausência crônica de infraestrutura na região nos períodos chuvosos.
A negligência persistente por parte do poder público diante dessa problemática recorrente tornou-se insustentável, exigindo uma resposta imediata para evitar tragédias que não podem mais ser toleradas. Outro exemplo é a recorrência em Santa Luzia, perto da Capital, que iniciou o ano de 2024 com um cenário desolador: um barranco que cedeu e dois postes que atingiram o muro de uma residência e um veículo. Tais incidentes não são isolados e ecoam uma triste realidade que assola muitas regiões, como o trágico caso em Vilarinho, onde mãe e filha perderam suas vidas enquanto o carro em que estavam foi submerso pelas águas na Vilarinho, região de Venda Nova em 2018.
É alarmante vermos a repetição de tragédias que afligem diversas comunidades, impondo um fardo constante sobre a vida dos cidadãos, tornando-se imperativo agir agora para proteger vidas e propriedades. A falta de ação tem custado caro às famílias afetadas em várias regiões e cidades, e não podemos permitir que essa situação perdure. As consequências não se limitam apenas aos danos materiais, mas afetam profundamente a qualidade de vida e o bem-estar emocional dessas comunidades. A mobilização para ação do poder público é urgente e crucial. Exige-se um compromisso sério com investimentos em infraestrutura, sistemas de drenagem eficientes e a implementação de medidas preventivas. Além disso, é vital que as autoridades locais estejam preparadas para lidar com situações de emergência, proporcionando muito além do apoio imediato às famílias afetadas. É preciso planos de prevenção, e uma força-tarefa rápida para contingenciar acidentes e investimentos robustos para proteger a população que convive com esse temor.
A recorrência anual desses problemas e o descaso público não podem mais ser tolerados. A mudança nesta triste história que se repete a cada ano requer ação imediata e efetiva por parte do poder público. A sociedade clama por soluções concretas, e é responsabilidade das autoridades garantir a segurança e o bem-estar das comunidades vulneráveis.”
José Aparecido Ribeiro é jornalista e editor
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