BH Othon Palace Hotel vai a leilão e pode voltar a funcionar

Foto: Jornal Edição do Brasil

Notícia alvissareira para hotelaria de Belo Horizonte chegou na ultima sexta feira (28) direto do Rio de Janeiro. A juíza Maria da Penha Nobre Mauro, que responde pela 5ª Vara Empresarial daquela cidade, que também é sede de uma das mais importantes redes hoteleiras do Brasil, Hotéis Othon S.A, deu despacho favorável ao processo de leilão de um dos principais hotéis da capital mineira, o Belo Horizonte Othon Palace.

Fechado desde 18 de novembro de 2018, a história de sucesso do hotel confunde-se com a da própria cidade. Seu apogeu e decadência é também o de Belo Horizonte. Construído em 1978 no coração da capital, na Av. Afonso Pena, o Othon é testemunha de momentos marcantes da nossa história. E digo isso com a prerrogativa de ter iniciado a minha carreira profissional naquele hotel em 1988, tendo permanecido lá por quatro anos.

A notícia do seu fechamento em 2018 pegou o mercado hoteleiro e do turismo de surpresa. O fato também revela entre outras coisas que a cidade sofre um apagão de políticos competentes e comprometidos com este importante setor da economia, o turismo. Em qualquer lugar do mundo onde os governantes compreendam a importância da cadeia produtiva do turismo, este hotel jamais teria fechado suas portas.

Milhares de profissionais de hotelaria tiveram suas histórias marcadas por passagem em algum dos hotéis da Rede Othon. E não foram poucos. Hotéis Othon é sem dúvida uma Faculdade de Hotelaria, talvez a maior do país. Com efeito, a notícia do leilão reacende as esperanças de que BH ainda tem solução e que a saída passa pelo turismo de negócios, eventos e lazer, já que esta é a vocação da cidade. BH não tem mar, tem bar, gente hospitaleira e infraestrutura hoteleira de primeiro mundo, aeroporto internacional e profissionais capacitados.

A iniciativa de levar o hotel a leilão é da própria diretoria da Rede Othon, usando o que permite o art. 142 da Lei de Recuperação Judicial e Extrajudicial – LRF. De acordo com a Juíza Maria da Penha Nobre Mauro, o leilão é a maneira mais democrática e eficiente, e: “tende a assegurar, com maior probabilidade e eficácia, a precípua e complexa finalidade da venda em hasta pública: competitividade, maximização do preço, transparência e segurança jurídica”, explicou a magistrada em entrevista concedida ao Jornal O Tempo, na edição de domingo (30).

Leilão ainda sem data

Ainda sem data marcada o leilão do BH Othon é recebido com otimismo por profissionais do mercado que nutrem carinho especial pelo hotel. Milton Rodrigues Filho lembra com satisfação dos tempos em que comandou a gerência de vendas do BH Othon: “Foram praticamente 15 anos de trabalho naquele hotel que nos deixava orgulhosos pela qualidade e pelo nível de hóspede que recebia, gente do mundo inteiro”, relata o experiente profissional.

César Viana, que hoje comanda outro importante hotel no centro da Capital, o Hotel Financial, também iniciou sua carreira no Othon e lembra que por décadas o hotel foi endereço de políticos, artistas e grupos internacionais que visitavam Minas Gerais: “BH como porta de entrada do estado e o Othon  como endereço nobre para receber tripulações aéreas, grupos musicais nacionais e internacionais, presidentes de países e de multinacionais que visitam a cidade”, lembra o executivo que está na hotelaria há mais de 45 anos.

O hotel, de acordo com a direção da rede hoteleira, está montado e pronto para voltar às suas atividades, sem necessidade de grandes intervenções. A manutenção tem sido feita com esmero para manter o BH Othon em bom estado de conservação, é o que afirma um funcionário que permaneceu no hotel depois do fechamento. O leilão que ainda não tem data para acontecer deverá ter lance mínimo de R$30 milhões, o que significa R$101 mil por unidade habitacional, valor bem abaixo do mercado para um equipamento em perfeitas condições para entrar em operação.

Consultor afirma que só o terreno vale o lance mínimo

Só o terreno, de acordo com Maarten Van Sluys da JPR Consultoria Especializada, vale os R$30 milhões. O Consultor relata que a localização ainda segue sendo um grande atrativo e que a manutenção feita pela rede está mantendo o patrimônio em boas condições. Maarten chama atenção para a importância do turismo de negócio: “Nossos governantes precisam compreender que é no turismo que está a saída para crise econômica”. Lembra ainda: “Aeroporto internacional, hotéis e centros de convenções não são problemas, pois BH nunca esteve tão bem servida de equipamentos como atualmente, basta que tudo isso seja divulgado nos mercados emissores”, conclui.

Contatos: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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