Biblioteca self-service nos passeios do bairro Vila Paris em BH. A iniciativa é anônima

O bairro Vila Paris, na Zona Sul da capital é daqueles lugares que podem ser considerados como refúgio de contemplação em meio à selva de pedras de uma cidade verticalizada e mal planejada.

Cercado por vegetação exuberante, casas, poucos prédios e pelo Mosteiro de São Bento, cujo terreno abriga mata nativa, morada de corujas e pássaros, o lugar é tributo a natureza e a qualidade de vida.

Não fosse um ou outro incomodo provocados pelos latidos incessantes de cães mal educados, propriedade de cidadãos surdos e insensatos, seria o lugar perfeito para retiros e descanso de quem busca paz,  silêncio e tranquilidade sem ter que sair da cidade.

No último sábado 11 de julho, chamou atenção de quem transitou pelas ruas do Vila Paris, caixas espalhadas pelos passeios contendo livros. A iniciativa é de moradores anônimos e vem ganhando adesão de outros vizinhos atentos. Em uma passagem rápida para conferencia encontrei obras raras da literatura que podem ser vistas em fotos tiradas no local.

Biblioteca self-service

Na verdade o que se viu é uma espécie de biblioteca self-service. Em tempos de pandemia e confinamento obrigatório, a prática da leitura ganha adeptos e abre oportunidade para mudança de hábitos arraigados que devem ser combatidos diuturnamente, como o de assistir televisão. A TV sempre foi instrumento de alienação a serviço de interesses pouco republicanos, agora muito mais.

Em tempos de internet 5G e da Netflix em que os meios de comunicação tradicionais são colocados à prova, perdendo espaço cada vez maior em virtude da baixa qualidade do conteúdo disponibilizado, o livro vira aliado de peso na busca de uma sociedade minimamente consciente e educada, que não se deixa mais ser usada como massa de manobra.

Não é segredo que a TV brasileira virou partido político. Há muito não reporta mais fatos, mas vende opinião e pratica ativismo. Com raras e honrosas exceções, o conteúdo televisivo é algo patético, medíocre e de extremo mau gosto. Basta ver a programação da TV aberta aos domingos, um atentado a inteligência e um tributo a ignorância de incautos.

Evidente que o alvo da biblioteca livre no Vila Paris é  cidadãos bem informados, pois ali não circula o povo mais simples. Busca-se na verdade mais doadores de livros e disseminação da ideia.

Com efeito, se a ideia for bem aproveitada em regiões carentes da cidade, pode ter efeitos benéficos.  Fica o reconhecimento aos autores anônimos voluntariosos pela atitude cidadã, e o desejo de que a iniciativa se espalhe fazendo o livro chegar onde precisa. Tomara também que a SLU não recolha achando que é lixo. Livros não podem jamais ir parar em aterros sanitários.

José Aparecido Ribeiro é jornalista e morador do bairro Vila Paris

E-mai: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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