Centro de BH agoniza, mas ainda há meios de salvá-lo, se o poder público não atrapalhar

O Centro de BH é o exemplo da decadência que pode ser contida se a cidade acordar para projetos comerciais e residenciais mistos

Foto: Os mandatários da cidade, os antigos e os novos – ou serão os mesmos?

Belo Horizonte sofre um processo de decadência crônico que foi iniciado com a chegada da esquerda ao poder em 1992, leia-se Patrus Ananias. De lá para cá a cidade vem perdendo vitalidade a passos largos. Quem passou dos 50 e conheceu o centro da capital sabe muito bem do que estou falando. A pujança antes perceptível no coração da cidade desapareceu e o que restou é ruim de ser ver, causa indignação e tristeza, mas precisa ser revertida.

Para agravar, veio a pandemia alterando a forma das empresas cumprirem seu papel social, graças ao regime presencial que se transformou em home office. A decadência e as mudanças advindas da tecnologia, aliadas à transferência do funcionalismo estadual para Cidade Administrativa corroboraram para o esvaziamento na circulação de pessoas no hipercentro.

O local é histórico e foi concebido há 120 anos para agrupar, e não para dispersar as empresas e os trabalhadores. Infelizmente quem decide sobre o presente e o futuro da cidade não consegue enxergar isso. Os prédios comerciais antes pensados para abrigar empresas estão vazios, o Centro de Belo Horizonte virou um território abandonado, sujo, mal cuidado e ocupado por moradores em situação de rua.

Foto: Blog do Zé Aparecido – Centro de BH

Misturados a eles, a delinquência. Não está pior por obra exclusiva da ação diligente e honrosa da Polícia Militar, com destaque para o trabalho da 6ª Cia ligada ao 1º Batalhão da PMMG. Não fosse a presença estratégica e a tenacidade deles, já teria sucumbido. Se dependesse dos românticos jovens promotores do MP de Defesa dos Direitos Humanos de MG, seria um território parecido com o que virou o centro de São Francisco na Califórnia, EUA. Um cemitério de androides humanos livres para fazerem o que bem entendem, inclusive para agonizarem até a morte sem assistência do poder público.

Presidente da Abrasip-MG apresenta propostas para o poder público

Transformar imóveis comerciais em residenciais é uma alternativa para conter o esvaziamento e devolver vitalidade ao centro, como explica o engenheiro e presidente da Abrasip-MG (Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais de Minas Gerais), Carlos Alexandre de Freitas Jorge. “O Centro de Belo Horizonte dispõe de vários prédios antigos que podem passar por processos de modernização e melhoramento de instalações para atrair novos moradores. Prédios mais modernos já estão sendo construídos com torres de alas comerciais e alas residenciais. Antigas edificações podem ser adaptadas para atender a esta demanda”, argumenta.

Foto: Blog do Zé Aparecido – Ação da PM no Centro de BH

Segundo Carlos Alexandre, a região central da cidade é uma área atrativa devido a facilidade de transporte e as diversas opções de serviços e entretenimento. “Há muitas linhas de transporte coletivo, além do metrô. O Centro também é privilegiado com colégios e faculdades, locais de compras, e ainda espaços de lazer e cultura, como museus, teatros e cinemas. Devido a sua localização e infraestrutura, a região tem uma alta demanda por imóveis residenciais, que esbarra na dificuldade de aprovação de projetos e da baixíssima oferta de terrenos”, explica.

Foto: Abrasip-MG – Seminário

Por outro lado, o esvaziamento torna-se um problema. Com pouca circulação de pessoas, a sensação de segurança subjetiva cai. “É comum regiões de centros comerciais se tornarem pontos vazios e sem vida após as 19 horas e nos finais de semana. O uso misto deixará a cidade em movimento todos os dias da semana e tornará o centro mais seguro e agradável para a circulação de pessoas”, enfatiza o presidente da Abrasip-MG.

Cabe a administração municipal, e a Câmara de Vereadores criarem incentivos e leis que facilitem essa reorganização do hiper-centro. Porém, os instrumentos atuais são contrários ao que o centro necessita.  O Plano Diretor que confiscou coeficiente de aproveitamento de terrenos expulsando construtores e empregos da cidade, também engessou as intervenções em prédios do hiper-centro.

Foto: Policiais da 6a Cia. da PMMG recebendo homenagens do Governador Romeu Zema

A maioria deles necessita de reformas e intervenções arquitetônicas que estão sujeitas a uma lei rígida e desestimulante. Aprovar um projeto de reversão de um prédio comercial para um prédio residencial ou misto é mais difícil do que dar a volta na terra em um balão. A burocracia e os detalhes desanimam qualquer construtor a investir no centro.

A prefeitura cria dificuldades e ela mesma vende facilidades. O emprego de muitos “cumpanheiros” depende disso. Basta uma visitinha às repartições que cuidam do tema. Ou seja, para agradar os xiitas do patrimônio histórico, que preferem prédios depredados caindo aos pedaços, o Plano Diretor segue sendo um entrave para o desenvolvimento da cidade.

É urgente a realização de nova Conferencia de Política Urbana, sem vieses políticos partidários, sem vícios acumulados de 30 anos, para que um novo Plano Diretor seja construído, pensando em uma cidade moderna e livre das amarras do socialismo. Vale lembrar para os defensores do atraso que BH não está localizada no interior da Europa, mas na América do Sul, a oeste de Greenwich, há apenas 100 anos…

Mirem-se no exemplo de Nova York, se ainda houver tempo de salvar Belo Horizonte.

  • A entrevista com o presidente da Abrasip-MG (Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais de Minas Gerais), Carlos Alexandre de Freitas Jorge, contou com a colaboração da ETC Comunicação.

José Aparecido Ribeiro é jornalista e membro do Observatório da Mobilidade

Contato: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945  – www.zeaparecido.com.br

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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