Com ou sem esperneio dos belo-horizontinos, a famigerada ciclovia da Av. Afonso Pena vai sair, saiba por quê

Belo Horizonte não tem um líder, tem um monte de aspones que não aparecem, mas mandam e estão preocupados em bater ponto

Foto: Josué Valadão, Gabriel Azevedo e Fuad Noman

Muito se diz sobre as razões para a prefeitura de Belo Horizonte enterrar R$25 milhões em uma ciclovia que não agrada nem os próprio xiitas das bikes e que ficará às moscas como todas as outras que existem na cidade. Dizem que é obra eleitoreira; que o prefeito foi enganado pela turma da esquerda que domina as secretarias ligadas ao tema; que a obra está no Plamob;  que o Plano Nacional de Mobilidade das Cidades está apenas sendo executado, que os “indicadores” sugerem a instalação delas, etc etc, é mimimi que não acaba mais.

Vou tentar explicar como membro do Observatório da Mobilidade de Belo Horizonte o que está acontecendo: Conheço o histórico do Movimento Nossa BH e BH em Ciclo, responsáveis pela ideia de que a cidade precisa construir espaço para bicicletas, custe o que custar. Eles defendem com unhas e dentes a construção de 450 km de ciclovias, ainda que a maioria delas sejam meros enfeites para justificar a hegemonia do grupo que domina o Observatório e os Fóruns de Mobilidade. Todos de esquerda, defensores do indefensável. Para eles todo cidadão Belohorizontino é obrigado a andar de bicicleta.

Nestes fóruns o que impera e salta aos olhos mais atentos é a preguiça de quem representa a prefeitura por meio da BH Trans e da Sudecap, e a vaidade que todo xiita carrega como se sua opinião fosse a mais sensata e que ninguém pudesse discordar. Devo lembrar que ninguém é contra as bikes para o lazer, a cidade precisa ter espaço para este modal, ainda que seja uma parcela mínima da população que se predisponha a usar bicicleta para os deslocamentos. É possível construir ciclovias onde a topografia é plana e as calhas das avenidas sejam largas, de preferência 50M.

Fato é que os defensores das ciclovias são organizados e barulhentos, não aceitam o argumento do clima e da topografia como impedimento para os planos de construir os 450 km de ciclovias inúteis. Para eles todo mundo é capaz de virar triatleta e pedalar nas ladeiras da capital mineira, cuja inclinação na maioria das vias é superior a 6% de rampa, o que bastaria para jogar água nesta fogueira de vaidades que permeia o assunto e que vem deixando a população perplexa tamanha insistência dos politicamente corretos. São moderninhos e não conseguem encontrar diferenças entre BH, Amsterdã e Boom, querem que a cultura da bicicleta seja assimilada por uma população que gosta mesmo é de carro.

Você já teve a curiosidade de saber quanto é o aluguel de uma bicicleta elétrica por uma hora? Pergunto porquê o argumento deles é que existem bicicletas elétrica para locação,  esquecem de dizer que são 400 unidades na cidade inteira e custam caro, acessíveis a uma população que usa bicicleta elétrica para o lazer.

Se eles pudessem, jogariam os carros no vazo sanitário juntamente com os seus proprietários e dariam descarga, assistindo o desfecho da beirada do Rio Arrudas. Devo lembrar que são “só” 2,5 milhões de veículos circulando pela capital.  Essa turma que não respeita ninguém é  composta por fanáticos agressivos que não aceitam o contraditório. Como não podem eliminar os carros, pressionam a prefeitura para enfiar goela abaixo da população o objeto do seu desejo que não é o mesmo do povo belo-horizontino, tudo isso por pura vaidade e viciados em lacração.

Eles conseguem influenciar os representantes do poder público relativizando a lógica, dizendo que a ausência de bikes (0,06% da população que usa bicicleta para o deslocamento) nas ruas é por falta das ciclovias. O que vem primeiro o ovo ou a galinha? As poucas ciclovias que a cidade possui estão permanentemente vazias, elas somam pouco mais de 90 km e servem tão somente para atrapalhar o trânsito e aumentar ainda mais o caos que alcança índices alarmantes, debaixo do bigode do prefeito que só quer saber de  esticar o suspensório, e vive em outro planeta.

Quem precisa de desenhos para entender a realidade, convido para visitar a Rua Fernandes Tourinho entre a Av. Getúlio Vargas e a Rua da Bahia na Savassi. Lá, até os idiotas e dislexos conseguem compreender o que significa uma ciclovia inútil atrapalhando o trânsito e transformando a região num inferno para quem precisa circular rumo aos compromissos ou mesmo para casa.

BH ocupa a terceira posição de pior trânsito do mundo, segundo pesquisa realizada por instituto especializado, Norte Americano, que mede o tempo que cada cidadão gasta parado no tráfego. Em 2018 estiveram em BH e constataram que o belo-horizontino perdia 202 horas parado nos engarrafamentos por ano, hoje o número provavelmente é muito maior. Ficava atrás de Bogotá e da Cidade do México, ambas com o mesmo sistema de transporte coletivo (BRT), sem nenhum apelo capaz de mudar comportamento e fazer o usuário do transporte particular, migrar para o transporte público. Você já pegou a Av. Antônio Carlos por volta de 17h rumo à Pampulha? Já usou a Cristiano Machado para Confins, ou a Av. Amazonas pela manhã no sentido Centro?

Todo xiita tem em comum um certo narcisismo, egocentrismo e um pouco de burrice que não permite que ele compreenda as razões para que sua ideia não prospere, ainda que elas sejam obvias, ululantes. De modo geral, eles não consideram os argumentos dos outros, menos ainda o desejo que não seja os seu próprio, e por isso tenta se impor no grito contrariando a razão, a lógica e o elementar bom senso.

Os fatos mostram que a ideia de implantar ciclovias na zona sul de Belo Horizonte cuja topografia é acidentada e as rampas superiores a 6% de inclinação, além da temperatura média anual superior a 30 graus, não decolou, e não vai decolar. As que foram construídas estão completamente vazias, basta observar o que acontece nas Avenidas Olegário Maciel, Professor Morais, nas Ruas São Paulo, Rio de Janeiro e outras.

Razão da obra seguir

E por que a prefeitura embarcou nessa? São muitas as razões, mas as principais é que ao executar a obra, ela consegue vender a ideia de que está trabalhando para solucionar o problema da “imobilidade” que cresce e vai ficando insustentável. Não importa o quê, importa dizer na propaganda oficial que algo está sendo feito para melhorar a mobilidade, com fundo musical e arranjos semânticos. Para o marketing contratado a preço de ouro, os fins justificam os meios.

Como a maioria dos técnicos da Sudecap e da BHTrans possuem mais de 25 anos de casa, não querem trabalho robusto às vésperas da aposentadoria, agarraram a oportunidade de executar uma obra relativamente simples dando uma satisfação para os munícipes de que estão trabalhando para solucionar o problema, a famosa engambelada. O que precisa ser feito segue sendo ignorado. Há 50 anos as obras de arte da engenharia vem sendo preferidas, substituídas por PUXADINHOS medíocres.

O que de fato precisa ser feito são obras que permitam as conexões dos grandes corredores criando vias expressas sem interrupção de trafego, desafogando o trânsito e diminuindo o tempo gasto nos deslocamentos, com menos poluição e menos perda de tempo e estresse. Para isso é necessário eliminar gargalos e executar pelo menos 50, das 200 intervenções de engenharia que a cidade precisa para atualizar seu passivo estrutural, elegendo como prioridade, os famigerados cruzamentos que provocam os maiores engarrafamentos.

São obras que já deveriam ter sido feitas há mais de 50 anos, algumas simples, outras complexas e caras, como túneis, trincheiras, viadutos e grandes elevados. Mas sobre isso, os técnicos não falam, teriam que sair da confortável inércia. Aumentaria o trabalho, exigiria criatividade e compromisso, mas não mudaria os salários. E servido público municipal, às vésperas da aposentadoria, com raras e honrosas exceções, querem sombra e agua fresca. Para agravar o cenário da acomodação, não tem quem cobra. Deveria ser a Câmara Municipal, mas essa… Responda você amigo(a) leitor(a).

São mais de 200 intervenções no tecido da cidade que exigem do prefeito de fato, o Sr. Josué Valadão, culhões (CORAGEM) que ele não têm, e nem competência. O missivista atravessou três governos e vem revelando suas limitações ou pequenez, é desarticulado para o que se espera de um líder político da estirpe, por exemplo, de um Juscelino Kubistchek. A competência do super secretário que manda na cidade é ser honesto, como se honestidade fosse virtude e não obrigação. Fato é que nada acontece em BH que não tenha a assinatura do “Valadão”.

O prefeito por sua vez, diuturnamente cansado, esticando o seu suspensório pra lá e prá cá, está querendo mesmo é uma cadeira de balanço, INSTALAR SINAIS em cada esquina, (MP e CMBH abram os olhos), e sossego, não sabe por onde a “gata mija”, caiu de paraquedas herdando uma cidade mal cuidada, que parou no tempo, suja, pichada e que continuará no atraso enquanto essa “turma do deixa disso” que ocupa cargos importantes, não for substituída por gente nova com visão ampliada e disposta a trabalhar sem preguiça, intervindo na infraestrutura defasada e completamente saturada da cidade.

O resumo desta história é que a obra da ciclovia da Av. Afonso Pena, com ou sem “esperneio” da população que enxerga a realidade, vai sair e, pior, vai virar propaganda pelas mãos dos marqueteiros que conseguem manipular a máquina da propaganda, enganando as pessoas ao dizer que BH agora pode se orgulhar de possuir uma ciclovia que liga nada a lugar nenhum. Tudo seguirá como antes no quartel de Abrantes para desespero de quem enfrenta o trânsito diariamente com os seus 2,5 milhões de veículos circulando.

José Aparecido Ribeiro é jornalista e membro do Observatório da Mobilidade.

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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