Contra Dirceu e a velha renovada Perestroika – crítica e o contraditório (I) – A propósito do discurso solene no Senado Federal em 02 de abril de 2024

“Dignidade inalienável, irrenunciável, imprescindível e perene a todos os brasileiros!”

Por: Lopes al’Cançado Rocha, o Cristiano – Escritor

“Nunca nem jamais dirigiria um argmentum’ad personam a algum de meus adversários de ideias. Nunca o fiz, não faço e não o farei. Foi-me, é-me e sempre me será um juramento pessoal. Prefiro perder a vida a quebrá-lo. Porque aqui em “Minas brigam as ideias, não os homens” (Tancredo Neves). Praticamos a arte da política, não politicagem.

Mas o senso de Justiça que ainda vivemos me permite um ad’hominem. Explico: o Sr. José Dirceu esbanja incoerência entre conduta, discurso e realidade. Ainda assim, envolve todos nós em seus postulados indignos à humanidade. Todo homem público, ou que fala em público, sugerindo interferências em nossos destinos, não pode deixar de ser um intrometido na vida de cada cidadão.

Não só o maior cuidador da reestruturante doutrinação socialista no continente é o Sr. José Dirceu de Oliveira e Silva, mas também um falacioso sintetizador da historiografia conforme seu respectivo viés. Como orador retórico, político, empresário, armamentista, guerrilheiro, estrategista frio e tznunita (Sun Tzu), consegue convencer e comprar muitos desentendidos. Usa sempre plurais majestáticos e generalizantes: “o nosso povo”, “os estudantes”, “os artistas”, “os jornalistas” e, claro, abusa das indicações demagógicas: “a classe operária”; “o setor produtivo”; “as eleições”, “a ditadura”, “a esquerda”. Percebe-se, porém, sua escancarada confissão de que nós – estudantes, trabalhadores e cidadãos- fomos e ainda somos os últimos a serem chamados para a “laboração da Santíssima Perestroika do século 21.”

Muitos ainda não compreendem, alguns teimam por pirraça em não compreender, e certos analistas evitam fixar esse elemento importante: o Socialismo do século 21 também é tratado como “reestruturação do capitalismo”, desde mais ou menos à época das Conferências Bilaterais de Reaproximações dos E.U.A, ora com a URSS e ora com a China, no início da década de 1970. Teremos, concomitantemente, a “inovação” comuno-moderna do gato furta-cor, atribuído a Deng Xiaoping: “não importa a cor do gato desde que ele pegue o rato. ” Isto é, capitalismo e socialismo são a mesma coisa, só inverte os termos (Millôr Fernandes). Afinal a União Soviética também teve o seu Ford e o seu Taylor. Ninguém por lá era tratado com igualdade plena.  Já são mais de meio século do planejamento desse programa mundial (socialismo do século 21), porém as delícias dos Jardins Comunais de Epicuro nunca chegam.

Voltemos ao orador da Sessão Solene do Senado da Pátria, neste inesquecível 2 de abril de 2024. Dotado da ataraxia (imperturbabilidade anímica) do Demócrito de Abdera, somada à tática (neo)stalinista de classificar os adversários de “extrema-direita”, José distorce, contorce, retorce e torna a torcer até as vivências de fato daqueles que realmente se dedicam a escutá-lo, na fala e na escrita. Esperto, ele substitui a expressão “Comissão da Verdade” por “Comissão de Investigação dos Mortos e Desaparecidos”; pois verificou que o uso político indiscriminado do vocábulo “verdade” proporcionou a escuta de várias outras verdades sufocadas, como as dos tribunais de justiçamentos aplicados por guerrilheiros socialistas de que Dirceu fizera parte.

O socialista chama de “seu estado com muita honra” as Minas e os Gerais, estes aqui no coração da América do Sul, e no nosso império-república. Mas, no chão mesmo das cozinhas, no piso das fábricas, nas terras e no asfalto; nas calçadas das praças; nos escritórios e nas lojas de comércio; enfim, nas nossas re(li)giões e sub-regiões não há nenhuma reciprocidade a esse sujeito. Nem por parte da índole, nem do caráter e muito menos da consciência. Exceto nos redutos em que lhe devem favores, onde o socialismo [do século 21] emprega o seu argumentum’ad crumenam, argumento político reforçado com “um frango”, com alguma promessa ou retribuição pecuniária.  

Mor-domo ingênuo da Perestroika, da Glasnost e das aspirações eurasianas!

Aluno ofuscado do Sr. Deng Xiaoping e do Sr. Mikhail Sergeevich Gorbachev!

Mas, a esse homem, de carne e osso como todos nós, cabe-lhe alguns elogios, que temos estudado com afinco em nossos grupos de pesquisa e discussão. Ora, ele cumpre com fanática convicção os mandamentos soviético e maoísta, embora não consiga responder a seus orientadores a contento. Não se trata de um homem de ferro, que nem mesmo o foi o outro José, o Stalin. Dirceu é um homem duro. Resistente. Talvez seja este o seu único caráter, digamos… atávico, destas Minas Gerais. Temos nos correspondido por aqui da seguinte forma, a respeito desse nosso opositor nada compatriota:

 O elogio (por e-mails e nos grupos de discussão)

“Prezados familiares, parentes, amigos e correligionários – entendam com interesse a trajetória do sujeito: em janeiro de 2016, José Dirceu era prisioneiro da Operação Lava-jato. Lia livros e fazia resenhas para – segundo o jornalista Robson Bonin – apenas progredir no cumprimento da pena. Porém, o herói petista estava mesmo era rascunhando o projeto de suas memórias iniciado em 2005, quando do início do seu embate com Roberto Jeferson. A memória das vítimas, sobretudo dos crimes de Estado, é um dos ‘Direitos Humanos’ que os revolucionários socialistas não só vindicam e reivindicam, mas também produzem, envernizam de literatura e outras artes para introduzir no imaginário do povo. No último dia 13 deste janeiro de 2024, esse homem de ação, aos 77 anos de idade, a exatos 8 (oito) anos depois de passar por humilhação, privação de liberdade e ataques à sua “reputação ilibada”, não só já se encontra em liberdade, mas continua sendo o Mor-domo do escancarado e confesso projeto de socialismo do século 21 em nosso continente sul-americano. Como redator, passou a ser colunista de revista marxista, está publicando e lançando dois volumes de memórias; ainda tem planos para recuperar seus direitos políticos e ser presidente da nossa República. Nessa última entrevista à CNN ele disse: ‘minha paixão é o Brasil’. De quebra, acena um apelo de trégua aos líderes do PL e do PR, e convoca os dois maiores partidos a remontar [mais uma vez!?] nova ‘Frente Ampla’ em favor ‘deste país’ pelo qual ele ‘é apaixonado’.

Vamos às discussões. Primeiras notas: a) vejam como uma geração dura apenas 7(sete) ou 8 (oito) anos. É o tempo necessário para se formar, reformar ou recuperar uma personalidade; b) vejam como um agente socialista é persistente, inteligente, fleumático, hábil e operoso; c) vejam como os socialistas são leais uns com os outros; d) vejam como são ágeis, buscam instrução e, nem sempre empregam a maldade com agressividade. Digamos novamente da ataraxia muito peculiar ao atomista Demócrito. Ou seja, a imperturbabilidade da alma, mesmo provocando a instabilidade no mundo, como acreditam ter aprendido com Heráclito de Éfeso. No fim das contas, tudo se resume às crises cíclicas e forças contraditórias do “capitalismo”.

Leiam os comentários no centro da discussão:

“Lopes, é isso mesmo. Mas ele é só um ‘apaixonado’ pelo Brasil. Nós amamos a Pátria desde sempre. Paixão é muito pouco para u’a Minas Gerais, por exemplo. Nem dá ciúmes.”

“Cris, são as vantagens que eles têm de manejar só as três armas, lembra? Que te falei daquela vez? ”

“Nós temos de manejar as sete armas. São quatro a mais. Salve São Paulo. ”

“Um hipócrita esse homem.”

“Não, é cinismo puro!”

“Fingimento!”

“Falsidade!”

“É tudo isso junto e mais alguma coisa que a gente não espera”.

Meus compatriotas, todos estão certos.

Não é que ele finge não saber. Aprendeu bastante com os grandes homens da Frente Liberal, e do velho e bom conservadorismo-democrático-cristão. Segue eternamente as lições do poeta Carlos Marighela: “entre no campo a ser dominado e aprenda como pensam seus adversários”.  Ele sabe e conhece. Homem convicto como Mário de Andrade. Perigoso mais pela convicção. É corajoso sim, tenhamos prudência e temperança. Audaz. Criterioso. Observa até onde os outros sabem das coisas para persuadi-los e dominá-los. Porém, inebriado de vaidade (vide seu sorriso de lagarto após engolir as presas e receber os aplausos), conduz a legião às trevas da ignorância e ao risco. Na turba quer se destacar no colo da História, deusa maior da religião inaugurada por Carlos Henrique Marx.

 Devemos dignificar a pessoa humana do Sr. José Dirceu. Quer queiram ou não, ele é um grande personagem de nossa História recente. Por outro lado, cada cidadão tem o direito de adjetivá-lo como bem entende. Que é hipocrisia? Uma crença fraca. Cínico é ser como os cães; saber ser amigo e em quem confiar na hora H; saber farejar e abocanhar no momento certo. Usam, além de muitas outras, a ética de Diógenes. Fingir significa teatralizar, fazer ficção, enfeitar os fatos e enfeitiçar as pessoas. O fingimento pode permanecer por anos, por décadas, por uma vida toda ou até por séculos. Lembremos das lições de Paul Hugon (adversário de Celso Furtado) que, citando Émile Durkheim, disse que o socialismo pseudocientífico e marxista consiste numa religião. Acrescentaríamos: “uma religião natural, cultural, humana e empírico-positivista. Esta religião admite inúmeras éticas e moralidades. Retomemos sempre nossos cadernos de pesquisa e reflexão”.

 As críticas (trecho por trecho)

 Quanto às análises, transcrevemos com fonte itálica, entre aspas e em tamanho diferenciado, correspondendo às falas do militante socialista pseudocientífico José Dirceu de Oliveira e Silva. Logo em seguida, a análise liberal, sociocultural, conservadora à mineira, e autenticamente patriótica, enfrentando o projeto socialista do século 21 e o Estado Plurinacional da Grande Pátria Socialista Sul-americana.

Vamos ao discurso separado por trechos e às refutações:

1)      “…não é verdade que o golpe de 64 teve apoio popular. Tanto não é verdade que a ditadura perdeu as eleições para governador em Minas Gerais (1965), no meu estado com muita honra, e no Rio de Janeiro, depois de impugnar vários candidatos, porque a ditadura inventou o domicílio eleitoral e inelegibilidades, que não existiam no Brasil. Perdendo as eleições, acabou com as eleições. Acabou com os partidos, impôs a censura e a repressão. Mas, o povo resistiu. Primeiro os estudantes, depois os jornalistas, os intelectuais, os artistas, depois os trabalhadores com as Greves de Contagem e de Osasco (1968) como símbolo. A ditadura ia cair nas ruas, porque tinha se iniciado uma resistência armada no país. Aí veio o Ato Institucional nº 5. E veio o terror. A repressão, a ditadura nua e crua. Mas… em 74, o povo derrotou a Arena. Nem o MDB esperava o resultado eleitoral. Dezesseis de vinte e um senadores e 44% da Câmara dos Deputados. O que os militares fizeram? Fizeram o “Pacote de Abril”. Assim mesmo perderam as eleições de 1978. Em 1978 o MDB ia eleger o Colégio Eleitoral para Presidente, eles mudaram as regras do colégio eleitoral. Mas a Une foi reconstruída e surgiu um fator determinante em nosso país: a classe operária. (…) essa classe operária se levantou no ABC, surgindo a liderança do Lula. E nós depois tivemos depois a Campanha das Diretas e a Constituinte que foi um Constituinte marcada pela presença popular. Todos nós nos lembramos da mobilização que houve no país.”

 Comecemos a primeira correção. O próprio rebelde quando jovem (1964), e posteriormente líder estudantil, militante, guerrilheiro, anistiado, advogado, empresário, líder partidário, ex-deputado federal e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu de Oliveira e Silva, confessa, na página de nº 43 de seu livro de memórias que o “Golpe de 31 de março de 1964” obteve, naturalmente, apoio popular. Ele começa o capítulo 4 dizendo que no dia 31/03/1964 observou da janela do escritório em que trabalhava “as jovens falanges da direita paulistana que saíam às ruas para saudar a derrubada do governo constitucional e legítimo e dar vivas ao golpe militar.” Ora, nesse solene discurso, o nosso oponente doutrinário conta a sua versão pessoal dos acontecimentos. Não testemunha nem relata (jamais poderia) toda a conjuntura daqueles meses e anos, obviamente. Trata-se de versões resumidas de uma parte individual, uma perspectiva caolha, uma paralaxe, para usar o instinto de um Olavo Luiz Pimentel de Carvalho.  Ainda assim se contradiz nos seus escritos com o que fala à Nação hoje. Sobre as eleições de 1965, venceu em Minas Gerais Israel Pinheiro da Silva, defensor do multipartidarismo e da pluralidade ideológica. Nada a ver com socialismo progressivo ou coercitivo.

 Dizer que a “ditadura perdeu a eleição” não significa que a população optou por regime proposto pelo senhor João Goulart. Muito menos justificativa para confirmar constatação que o pronunciante contradiz nos próprios escritos de sua biografia. Outra contradição relevante, nas versões socialistas do período de 1964 a 1985, é que uma hora dizem que a resistência armada (plano da guerrilha) foi decidida para resistir à repressão… mas em outros momentos dizem que antes do AI-5 já “se tinham iniciado o plano armado”, como nesse discurso solene.  Na página 67 do livro de memórias que Dirceu assina, registra-se que os guerrilheiros socialistas teriam sido compelidos a tomarem as armas como último recurso, conjecturando o 3º parágrafo do preâmbulo da DUDH-1948. Sobre o AI-5, nesta efeméride de 60 anos, seria importante destacar a curiosa e estranha posição do professor Antônio Delfim Netto, economista de formação anarquista e marxista, e respeitado por todos os socialistas radicais daquela época e até dos dias de hoje. Delfim foi signatário do Ato Institucional Ditatorial, porém não sofreu nenhuma hostilidade por parte dos revolucionários socialistas. Muito pelo contrário, Delfim Netto sempre recebeu louvores da intelectualidade socialista e marxista brasileira, tendo espaços em periódicos semanais, inclusive. Em 2021, o economista-marxista disse à imprensa que não se arrependeu de ter apoiado o AI-5 e que assinaria novamente, diante daquelas circunstâncias. Os últimos elogios ao economista marxista foram rasgados por João Pedro Stédile na CPI do MST, em agosto de 2023. Se um patriota da envergadura de Pedro Aleixo, democrata cristão, defensor da pluralidade ideológica e partidária, pagando o alto preço pela sua coerência, posicionou-se contra aquela transgressão da Junta Militar, um socialista-marxista defensor do trabalhador humilde não deveria fazer o mesmo? Muito estranho a decisão do professor marxista. Neste ponto, nós, antimarxistas e antissocialistas, concordamos com o Sr. Delfim Netto e recomendamos ao Sr. José Dirceu, junto de seus liderados, pesquisar os periódicos da época e estudar mais a nossa história recente; conversar com os liberais e os conservadores, ouvindo o contraditório, sobretudo a respeito do período de 1961 a 1988. Recomendamos também que assistam ao documentário “Jango – quando, como e por que se derruba um presidente (1984)”. Sobre a greve de Contagem (1968), só há depoimentos públicos por parte de um sindicalista. É preciso recolher e organizar os testemunhos por parte das lideranças conservadoras, católicas e evangélicas.  Vital Nolasco, em entrevista ao canal Memória Sindical (20/09/2018), afirma, aos 27min50s, que os operários visavam apenas o reajuste de salários e não o fim do presidencialismo militar. Jarbas Passarinho, personalidade execrada por José Dirceu, é elogiado pelo sindicalista como ousado e corajoso. “Derrubar a ditadura era sonho [apenas dos comunistas subversivos]”, conclui, indiretamente, Nolasco.  

2)      “…digo isso para repor a história que o nosso povo resiste, luta. E se temos a democracia é por isso. Por que como a extrema direita, o conservadorismo cresceu no mundo todo, inclusive na América do Sul, é preciso colocar é que a luta é que faz a lei, a luta política, a luta social, esse é o nosso papel, por isso que nós relembramos 64, por isso que é um compromisso irrenunciável o esclarecimento sobre os mortos e desaparecidos, a Comissão de Mortos e Desaparecidos, a luta pela verdade do que aconteceu.”

O Sr. José Dirceu não teria capacidade para, sozinho, validar resumo nem mesmo da história completa de sua própria vida (desejo-lhe muitos anos de vida e saúde plena). Tanto que está sendo auxiliado por inúmeros redatores, revisores, preparadores de textos e jornalistas profissionais na composição de sua biografia. Muito menos teria autoridade para assinar alguma memorialística confiável sobre o período das guerrilhas e das repressões militares durante a Guerra Fria por aqui (1964-1985).  Várias das mortes (inclusive por justiçamentos socialistas), torturas, desaparecimentos forçados, execuções sumárias, perseguições, sequestros, chantagens, intimidações e atentados de bombas foram realizados também por guerrilheiros socialistas e sanguinários. Não se identificaram os autores de muitos atos. Ensinou-lhes o comandante Trotsky que “ uma guerra sem mentiras é tão inconcebível quanto uma máquina sem graxa”. Arte da guerra injusta e da perfídia. Infiltração é a operação mais arriscada. Há farto material (inclusive didático) de registros em que os próprios criminosos políticos confessam suas frias perversidades (o famigerado manual do guerrilheiro, por exemplo). “A luta é que faz a lei”. Erro primário. Diz o José ter sido formado na filosofia iluminista, mas não aprofundou no essencial da escola. Quem faz a lei são os homens! Que são as leis? Autorizações e desautorizações. Durante as lutas, quando dos conflitos, as leis estão a perigo. As leis são feitas pelos homens durante as tréguas e os pactos. Elas se consolidam durante a paz e, quando inobservadas, geram os conflitos.  

3)      “O nosso povo não parou de lutar, cinco vezes elegeu o Lula, a Dilma como presidente da República e elegeria o Haddad, se o Lula não tivesse sofrido um processo político de exceção e sumário que o levou à prisão, o Brasil já seria governado já em 2018 por um governo democrático, no mínimo nas condições que um país hoje como o Brasil necessita. (Aplausos).”

 Incorreto. O Partido dos Trabalhadores e seus coligados não são o povo e muito menos o “nosso povo” de Dirceu. E só cresceram, legitimamente, durante décadas, nos municípios e nos estados, e depois chegaram ao poder federal, graças à desorganização das forças liberais e conservadoras pós-1985, graças ao sucesso da Perestroika e da Glasnost (construção da hegemonia do socialismo do século 21 ou “reestruturação do capitalismo”) e, por último, graças à confiança depositada na dita “Frente Ampla” por parte do Partido Liberal e por parte de inúmeras entidades de centro (esquerda e direita) que confiaram nos comprometimentos petistas. As eleições de Luiz Inácio (2002 e 2010) e de Dilma Vana Roussef (2010 e 2014) foram apostas eleitorais carregadas de desconfiança, ainda que com fracas opções psdebistas e fortes coligações partidárias de centro-esquerda. Sem, praticamente, nenhuma disputa política em termos de debate público. Outro destaque deste trecho é que ele diz “nosso povo não parou de lutar” e elegeu cinco vezes candidatos petistas. Na verdade, para se ter uma ideia factual e concreta, nesta última eleição para Presidente da República, cerca de 90 milhões de eleitores não votaram no PT, lembra muito bem o poeta Ives Gandra. E eleger trabalhistas seria alguma luta política ou social? Muito menos com o que se viu na www e nos lastimáveis debates eleitorais.

4)      “Mas um elemento que precisa ser recordado aqui, que é o papel dos militares, as FFAA brasileira; é preciso e o STF já adotou uma decisão que não há poder moderador; o art. 142 por determinação do próprio supremo, não dá às FFAA nenhum papel político.”

 Ora, a Constituição também não dá poder político a conselhos de uma só linha doutrinária, disfarçados de democratas participativos; nossa democracia é representativa, não direta. Os constituintes e o povo à época não se mobilizaram em nome de mutualismos enganosos; falsa defesa de minorias discriminadas; a Carta Magna não dá poder a patrulhas ideológicas , muito menos a organizações degeneradas, defensoras de aborto da gestação como política pública,  defensoras do comércio varejista de narcóticos e de outras forças centrífugas (raciação, “dívidas históricas”,  discriminação por sexualidade, cotas sexistas, criação de enclaves de pseudociganos, de pseudoquilombolas, segregação de indígenas etc.); todas essas ideofrenias  do neomarxismo entre nós, concidadãos brasileiros, que somos de uma só nacionalidade. O povo está atônito diante dos ditos “programas transformacionais” que desestabilizam e fragmentam o convívio social.  O Supremo Tribunal Federal também não teria o poder de modificar as leis por força de paradigmas pós-positivistas e por imposição de caprichos jus prudenciais enviesados ao neomarxismo, se não fossem as reformas judiciárias advindas de organizações dogmáticas estrangeiras e, sobretudo, se não fosse a Emenda Constitucional nº 45 de 08.12.2004. Nossas forças internas de segurança e nossas FFAA continuam sendo sim instrumentos de poder físico legítimo e cauteloso, mantenedor da segurança democrática com liberdade e responsabilidade; para manter a ordem pública; para ajudar na manutenção do direito ainda não de todo desviado e desviante; e para fazer valer a correta Justiça Humana. Dirceu demonstra, nesse trecho, suas fracas noções sobre pensamento estratégico, tático e operacional de forças físicas, no caso de uma federação continental como a nossa. Segue à risca as reflexões errôneas de seus mestres mal-educados na escola de Friedrich Engels. Fixa-se nos descontentamentos ao redor da fogueira, enquanto temos alertas maiores nas fronteiras. Um político sem amor à Nossa Gloriosa História, sem amor à nossa herança e índole machadiana, “sem respeito ao túmulo dos antepassados nem ao berço dos lares”, parafraseando Ruy Barbosa.

5)      “Nós não estamos no art. 14 da Constituição do Império. ”

 Sim, concordamos. Não somos utópicos passadistas, retrógrados-saudosistas do que não vivemos.  Mas também não estamos e nem chegaremos à torpe legislação da Grande Pátria Livre do Estado Plurinacional Inter Dogmático Socialista da América Latina.

6)      “Nós estamos numa República Democrática. Mas não basta a despolitização e a volta aos quartéis, porque isso aconteceu em 1988. Mas porque depois de 30 anos, os militares voltaram a organizarapoiar uma candidatura e depois constituir um governo praticamente cívico-militar? Vamos lembrar que a maioria do Estado-maior do exército foi para o governo do Bolsonaro. É bem verdade que ele expulsou de maneira humilhante 3 ou 4 generais do seu governo. O comprometimento das FFA brasileira como governo Bolsonaro e com o 8 de janeiro está aí, tanto é que agora passam a ser investigados 60 e tantos militares de altas patentes.”

 Examinemos. Um socialista marxista, empírico-positivista como Dirceu, enxerga as personalidades e as famílias como massas ou agregações homogêneas, com duas ou três finalidades na vida apenas. Impossível soldados e agentes da segurança pública ficarem imunes às energias psicossociais. O ser é o ser e suas circunstâncias. Presunçoso e idiossincrático, esse senhor deseja que os cidadãos praticantes de artes marciais, de artes militares (socorrista e de combate), com seus conhecimentos estratégicos, devem apenas pensar em bem-estar material para si, segurança pessoal e nada mais; deixando todo o poder (de persuasão e de comando da vida pública) nas mãos de “inteligentíssimos políticos profissionais, formados nas faculdades que se tornaram verdadeiras assembleias neomarxistas”. Há neste trecho duas desinformações graves. Inclusive, beiram à falsa acusação. Ao dizer ele que “os militares” organizaram, apoiaram e constituíram um governo ilegítimo de 2018 a 2022. Como Dirceu pode explicar essa generalizada suspeição? Se tudo já está filmado e transparecido? Se todos os indícios estão sendo apurados? Sobretudo porque a partir de 14 de março de 2020, as nações do mundo entraram numa espécie de “guerra biopsicológica”, devido ao escapamento e ao espalhamento do SARS-CoV-2.  A segunda desinformação – absolutamente desproporcional, anacrônica e descabida – é a relação insidiosa do episódio de 08 de janeiro de 2023, em Brasília, com os acontecimentos de 1961, que levaram nossos antepassados às ações e reações de 1964. Viveram a Guerra dos nervos, das tensões. Era suspense e chumbo quente, como narrava o Sr. Alberto Dines às plateias jovens. Comparação desrespeitosa para com aqueles que lutaram e sofreram.”

Principais referências bibliográficas e vídeo gráficas:

 ALEIXO, Maurício Brandi; ALEIXO, José Carlos Brandi; NÓSSEIS, Vítor Jorge Abdala. Pedro Aleixo e sua obra política. Belo Horizonte: IBPPA, 1982. 403 p.

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DAHÁS, Nashla (Org). Dossiê Guerrilheiros. Rio de Janeiro, mar. 2013. Revista da Biblioteca Nacional: Histórica Nº 90, ano 8, páginas 16 a 45.

DAVID NASSER. Saber ganhar. Extra. Sem número. Páginas 04 e 05, 10 de abril de 1964.

DIRCEU, José. Zé Dirceu: memórias. São Paulo: Geração Editorial,2018.496 p.

FILHO, Luís Viana. O Governo Castello Branco. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1975. 604 p.

GORBACHEV, Mikhail Sergeevich. Perestroika: novas ideias para meu país e o mundo. Tradução de J. Alexandre. Editora Nova Cultural. 1987. 299 p.

IGLÉSIAS, Francisco. Instabilidade Institucional. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1985. P.193-2016.

NETO, Antônio Delfim. Não me arrependo de assinar o AI-5, mas quem defende o ato hoje é idiota. Uol Entrevista. São Paulo: s/n. Vídeo completo, 28 set. 2021. Entrevista concedida a Fabíola Cidral, Josias de Souza e Carla Araújo. Acessado em 06.04.2024 em << (384) Delfim Netto: Não me arrependo de assinar o AI-5, mas quem defende ato hoje é idiota – YouTube >>.

NOLASCO, Vital. Sobre a Greve de Contagem 1968. Memória Sindical. São Paulo, nº 18, 26min50s, 21 mar. 2018. Entrevista concedida a André Cintra. Acessado em 06.04.2024 em <<https://www.youtube.com/watch?v=zFUehQEQcLU&t=1676s>>.

SOBRINHO, Souza. Minas na Revolução de 1964. Rio de Janeiro: Laemmert, 1973.p. 295-339.

TENDLER, Silvio (Dir). Jango – Quando, como e por que se derruba um presidente. Caliban I Cinema e Contéudo. República F. do Brasil. Vídeo completo, 25 fev. 2021. Acessado em 02.04.2024 em << ((281) FILME | Jango – Como, quando e por que se derruba um presidente, 1984 – YouTube >>.

Lopes al’Cançado Rocha, o Cristiano é poeta-músico, escritor, pesquisador e ativista de Direitos Humanos pela Doutrina Jusnaturalista.

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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