Quem decide se a população com boa saúde e pouco risco de contaminação pelo Coronavírus pode ou não trabalhar tem emprego garantido, altos salários e trabalham de casa.
Foto: Acervo PBH – Comitê de Gestão do Covid
Na tarde da última quarta-feira (20) enquanto eu entrevistava o Deputado Estadual Bruno Engler, que prefere não citar partido, autor da Ação Popular que derrubou o Decreto do Prefeito Alexandre Kalil (PSD) que sustenta o terceiro lockdown do comércio de BH, a Desembargadora do TJMG Áurea Maria Brasil Santos Perez, por sua vez, derrubava a decisão do Juiz de primeira instância Wauner Batista que, em tutela de urgência, determinava a reabertura do comércio da capital na primeira hora da próxima sexta-feira (29). A justiça de primeira instância é a favor do trabalho para quem pode, e a de segunda, contra.
Em seu despacho a desembargadora se sustenta na afirmação da defesa do Prefeito Alexandre Kalil de que a capital vive a pior fase da epidemia e que ele, o prefeito, tem competência para decretar o fechamento. A desembargadora relata que “lado outro, periculum in mora é manifestamente inverso, na presente espécie na medida em que aglomeração e a redução de isolamento social provocado pela reabertura do comércio poderia causar um aumento ainda maior dos casos de Covid no município, que vive, atualmente, a pior fase da pandemia”, despacha sem se lembrar de que a cidade ficou fechada 150 dias, ao que parece, inutilmente para a saúde, mas sendo confirmadamente uma catástrofe para economia que também mata.
Foto: Acervo Internet
A magistrada não considerou as outras vezes que a mesma ladainha foi utilizada pelo prefeito e seu grupo desde abril de 2020. Eles vem repetindo que a pior fase é a que estava sendo vivida e que o pico seria no próximo mês. De certo também não deve ter sido informada que foram retirados do sistema de saúde do município por ordem do prefeito 187 leitos de UTI, que se estivessem funcionando, manteriam a taxa de ocupação em 50%.
Sua Excelência desconhece que em nenhum lugar do mundo a ciência comprovou a eficácia do lockdown, ao contrário, há relatos de contaminação ainda maiores.
Tampouco deve ter consciência que pesadelo maior está sendo gestado na medida em que milhares de trabalhadores correm risco de morrer de fome por falta do trabalho que lhes provê sustento. Desconsidera também a possibilidade de manipulação propositada dos números, embora esteja comprovado o viés ideológico de todos os membros do Comitê do Covid, professores da Faculdade de Medicina da UFMG, ativistas e militantes de partidos determinados a prejudicar a imagem do governo federal.
Dois deles inclusive, levam no sobrenome a confirmação do compromisso político que por si só os descredenciariam para estar à frente do assunto: Unaí LULA Tupinambás e Carla LULA Anunciatta, a última presidente do Conselho Municipal de Saúde.
Cobrança de leitores que provocaram manifestação
Foto: Jacqueline Bacha – Fachada da Loja do Barbeiro anunciando demissões há 4 dias
Optei por não comunicar essa decisão para os meus leitores, poupando eles do sentimento que tal medida judicial provoca em quem precisa e não pode trabalhar. Mas como meu celular acompanha todas as minhas postagens, ao contrário das estrelas do jornalismo local que costumam esconder de leitores para não serem “incomodados”, e considerando o expressivo número de manifestos que me cobraram posicionamento, resolvi acatar considerando a intervenção do leitor Manoel de Souza Barroso.
Manoel, que é casado, tem dois filhos em idade escolar e perdeu o emprego de fiscal de loja na Rua Tamoios no centro da Capital, tinha uma remuneração mensal de R$1,7 mil. Com ele outros 15 colegas na mesma empresa, a maioria chefes de família, estão desempregados e sem perspectivas de recolocação, agora vivendo de seguro desemprego. A objetividade e firmeza dos questionamentos dele me fizeram refletir pela razoabilidade das comparações.
Quem decide se o povo de BH pode ou não trabalhar ganha bem e tem emprego garantido
O leitor me perguntou se eu sabia o salário do prefeito Alexandre Kalil, dos médicos do Comitê do Covid, da desembargadora que derrubou a decisão do juiz e dos Âncoras de TV que sustentam o discurso da eficácia do lockdown, mesmo tendo a cidade se submetido ao mais longo que se tem noticia no mundo, deixando ela fechada por 150 dias, como já dito, inutilmente. Acho que compreendi o que Manoel quis-me dizer quando busquei no portal da transparência da prefeitura, UFMG e do TJMG os salários de quem decide por nós o fechamento da cidade, nos privando do sustento, com o argumento de que é para nos proteger.
Começando pela desembargadora do TJMG, que a exemplo da maioria deve, merecidamente morar em apartamento luxuoso na Zona Sul da capital, cujo metro quadrado custa em média R$10 mil ou em condomínio residencial de Nova Lima. Seu último salário liquido foi de R$53.396,12. Trabalhando do conforto do lar, com ou sem pandemia, com a vênia da magistrada, ela não perdeu um único centavo de sua renda, mantendo seu padrão de vida e status. Convido para circular de vidro fechado nas cercanias da Rodoviária da capital e constatar os resultados das ações do prefeito e do seu bando.
Foto: Acervo Internet – Prefeito Alexandre Kalil
Já o prefeito Alexandre Kalil que tem o maior salário de prefeitos das capitais brasileiras, recebeu R$31 mil reais para, a exemplo da desembargadora, exercer seu ofício do conforto do lar, em apartamento de luxo na Praça Marília de Dirceu, bairro de Lourdes, com 500 M2. Até 2024, salvo uma ocorrência improvável de Impeachment, seus salários e mordomias estarão garantidos. Diferente do leitor Manoel que não sabe o que será da sua vida nos próximos meses, sem trabalho e com renda ameaçada, vendo a sua família na eminencia de passar fome.
Os médicos que compõem o Comitê Gestor do Covid, indicados pela super-secretária de governo, a petista Maria Caldas, prefeita de fato da capital, ganham em média, como professores dedicados na Faculdade de Medicina da UFMG, a bagatela R$28 mil. Para atuarem no Comitê Gestor do Covid, recebem de suas instituições ajuda de custo para o serviço voluntário isentos de imposto de renda.
Já os Ancoras de TV que pedem insistentemente e diariamente em telejornais para a população ficar em casa, repetindo mantras do prefeito para justificar a necessidade de lockdown, muitos afastados da lógica por conveniência, são remunerados como estrelas do futebol, alguns com contratos que ultrapassam R$100 mil por mês. Os menos estrelados recebem em média R$20 mil para disseminar o terror, negando eficácia de tratamentos precoces do vírus e a tese de que a economia pode ser tratada depois, como se morrer de fome fosse menos grave do que morrer de Covid. Desta forma fica fácil pedir para o trabalhador para ficar em casa.
E assim a vida segue como deseja o Rei Kalil, com apoio da justiça e da mídia belo-horizontina.
José Aparecido Ribeiro é jornalista independente em Belo Horizonte
Contato:jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945 – www.zeaparecido.com.br
- Este Blog não recebe verbas públicas para sua manutenção e aceita doações ou patrocínios. Ajude a mantê-lo doando ou anunciando se você gosta e confia no trabalho deste jornalista.