Desabafo de mãe após suicídio de assassino do filho de 22 anos – Caso Kevin Jesualdi

A empresária Daniela Gesualdi esperou por justiça durante 874 dias, e ela chegou , não pelas mãos dos homens, mas pela implacável e irremediável justiça divina

 

POR: Daniela Gesualdi – Mãe de Kevin Jesualdi e empresária

Recebí ontem segunda-feira (2), a notícia que o assassino do meu filho fez mais uma vítima, desta vez a própria companheira, que de forma cruel foi assassinada por asfixia. Estava claro que aconteceria, os crimes não parariam sem uma atitude concreta por parte da polícia, o que infelizmente nunca aconteceu, pelo contrário, o assassino do meu filho recebeu guarida dentro da corporação que pertencia na ocasião da tragédia que levou Kevin aos 22 anos.

Prova da esquizofrenia deste delinquente veio de forma covarde, ao assassinar friamente a esposa (feminicídio doloso), suicidando logo em seguida, e revelando ainda mais a sua personalidade psicopata, covarde e a sua sociopatia explícita. Eram evidentes no seu comportamento e ficha criminal, desvios que colocavam a sociedade em risco, mas o Estado não agiu a tempo e a hora de evitar mais tragédias.

Para quem não sabe ou não se lembra, no dia 09 de agosto de 2020, o policial Ghabriel Rodrigues assassinou cruelmente meu único filho desnecessariamente. Após uma discussão banal, ele aguardou o Kévin na escada do corredor do prédio portando uma faca escondida na calça. O bárbaro crime foi, portanto premeditado, esfaqueando com 9 golpes de faca afiada que levaram meu filho à morte no mesmo local, sem chances de defesa. A “legítima defesa”, alegada pela polícia foi então deslegitimada pelo excesso.

Kevin era um jovem de 22 anos, estudante de psicologia quando lhe foi tirada a vida, os seus sonhos, seu futuro, e tudo se esvaiu pelas mãos de um assassino cruel, calculista e violento que, pasmem, tinha carteira de polícial, embora já tivesse uma ficha criminal pregressa assombrosa. 

A vida de Kévin foi interrompida, largamos as mãos de forma súbita. Meu único filho se foi sem nem mesmo poder dizer Adeus, meu anjo bateu asas e voou e hoje vivo só com a metade do meu coração dilacerado, em uma dor incessante e incurável. É como uma doença crônica que me consome lentamente e que nunca imaginei sofrer.

Dono de um sorriso lindo que cativava a todos que conviviam com ele, menino de um coração maravilhoso, simples, cheio de vida, divertido, amoroso, alegre e dono de inúmeros amigos que o chamavam carinhosamente no Brasil de “Alemão” ou “Alemãozinho”. Nunca se ouviu queixas de Kévin sobre comportamento que o desabonasse, ao contrário, só elogios pelo lhaneza com as pessoas.

Até o último dia do ano passado seu assassino estava livre nas ruas, se valendo da alegação de legítima defesa, acatada por um dos seus pares da Polícia Civil de Minas Gerais, entidade que tinha o meu respeito. Nove facadas, sendo cinco na região do coração se enquadra como legítima defesa?

Um policial, segundo a instituição é treinado para servir pessoas, proteger e salvar vidas e não para usar uma faca e golpear inúmeras vezes o seu vizinho , que estava chegando em casa, DESARMADO e ao lado da namorada. Dois jovens cheios de vida e com um futuro brilhante pela frente. 

Questionei inúmeras vezes porque um assassino com tantos antecedentes criminais, comete um crime hediondo, é pego em flagrante e assim mesmo não é preso? Será que estou ficando maluca ou algo está errado com a justiça brasileira? Assassinatos assim não podem sair impunes, crimes como esses não podem ser esquecidos.

Jovens assassinados, criminosos soltos, um dia foi meu filho, na semana que passou outra mãe, irmãos, pai, tios, amigos, choram pelo mesmo motivo, vítimas do mesmo assassino. Até quando? Quero exteriorizar a minha decepção, tristeza e repúdio a uma instituição que deveria zelar pelo cumprimento das leis, em vez de proteger e apoiar bandidos por mero corporativismo.

Quantas vidas seriam poupadas senão houvesse tanta insensibilidade, irresponsabilidade, lentidão, falhas e descaso nas instituições que existem para nos proteger. Hoje sinto o meu coração mais leve, porque desde o falecimento do meu filho travei uma batalha muito grande por justiça, a justiça por Kevin, a minha luta se finda com a morte do seu assassino, por obra não da justiça dos homens, mas pela justiça de Deus. Esperei 874 dias para que Deus agisse enquanto os homens tergiversavam.

Infelizmente, graças a essa ineficiência da polícia e da justiça, que falharam gravemente, pois o criminoso fez outra vítima, uma mulher indefesa, assassinada cruelmente por asfixia. Imagine o que é isso, e que mais essa brutalidade poderia ter sido poupada se ele estivesse pagando pelos crimes cometidos, incluindo estupro de menor com uso de arma de fogo, peculato e violência.

Resta-me pedir a Deus que abençoe e conforte os corações daqueles que choram a perda de mais um ente querido cuja vida esvaiu pelas mãos covardes de um assassino contumaz, solto pela justiça, que deveria estar preso e não convivendo em sociedade.  

Kévin, Meu filho, seu tempo ao meu lado foi breve, mas me ensinou o que é o amor verdadeiro, incondicional, puro e intangível. Te Amarei para sempre, e obrigado por ter sido o escolhido de Deus para me fazer feliz, ainda que por pouco tempo!

Daniela Gesualdi 

Mãe de Kévin Gesualdi Doll

Belo Horizonte, 3 de janeiro de 2023″

José Aparecido Ribeiro é jornalista e editor do Blog

www.conexaominas.com – jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945

 

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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