Em plena Rua dos Caetés, alheio à triste degradação do baixo centro, sozinho em um quarteirão cercado de prédios antigos entre Rua Espírito Santo e Av. Amazonas, um Ipê branco embeleza uma das regiões mais esquecidas pelo poder público de Belo Horizonte. Impossível passar pelo local e não se encantar com a exuberância e altivez deste jovem e belo Ipê branco que sobrevive e consegue mandar um recado para uma cidade cercada de concreto e de gestores sem compromissos com ela, acomodados.
A floração deve durar no máximo quatro dias. Portanto, quem ler este post e quiser contemplar esta maravilha da natureza, tem amanhã e o final de semana para fazê-lo. A árvore que tem nome científico difícil de ser pronunciado – Tabebuia Roseoalba – encerra o ciclo da floração dos Ipês em 2019, ano em que a secura provocada pela falta de chuvas fez a planta ficar ainda mais bonita do que o normal em região da cidade que sucumbe silenciosamente, debaixo do bigode do prefeito, “bem avaliado” de secretários insensíveis e de uma população absorta, anestesiada.
Os Ipês brancos têm floradas mais tímidas quando o clima está úmido, o que não ocorreu este ano para a sorte dos que passam na Rua Caetés e percebem esta raridade. Embora tenha chovido na ultima semana, a baixa umidade do ar voltou com força total na capital e os metereologistas já previam índices abaixo do recomendável pela Organização Mundial da Saúde que sugere acima de 60%.
BH teve hoje umidade abaixo de 30%, ou seja, metade do mínimo recomendável. Com efeito, o sacrifício do ar seco, a tarde quente de primavera e a degradação do hipercentro, que só quem caminha por lá consegue dimensionar o tamanho, são recompensados pela maravilha deste Ipê solitário em plena selva de pedra, mostrando que a natureza é soberana, ainda que os homens insistam em agredi-la ou ignorá-la.
Vale a pena desviar o caminho e com o devido cuidado, parar para contemplar essa raridade em pleno hipercentro de BH.
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