O artigo a seguir é de autoria do Advogado especialista em direito público, Dr. Gilberto Neto, ele foi meu entrevistado no Programa Conexão BH recentemente e fez uma brilhante análise do fenômeno eleitoral que “reelegeu” o prefeito Alexandre Kalil, mesmo com todas as evidências de que a crise econômica em curso vai trazer prejuízos muito maiores do que a própria pandemia do Coronavírus para o coletivo.
Fica também cada vez mais evidente que o objetivo do prefeito de BH é se tornar conhecido no Estado para concorrer ao governo de Minas. Fazendo o bem ele não ganha espaço na mídia, então é melhor fazer o mal, assim sua popularidade cresce. Parece ser este o critério escolhido. Curioso é que o vírus não pega nos ônibus lotados, não pega no metrô, nos supermercados, farmácias, bancos, shoppings populares de amigos, motoboys, cartórios superlotados e nem nas festas funks da periferia. Que estranho, não?
Dispensável ser especialista em análise política para constatar quem vai paga a conta do desatino do prefeito para se ascender na política. Cabe perguntar por onde andam o Ministério Publico e as entidades representativas dos setores produtivos que não questionam o fechamento de leitos de enfermarias e UTI’s, elevando ficticiamente a taxa de ocupação?
Não custa lembrar também aos que não são do ramo que os governos estadual e federal fecharam as torneiras da gastança com propaganda e que o maior anunciante dos veículos de comunicação é a Prefeitura Municipal de BH, diretamente ou através de suas secretarias e autarquias. E isso já seria suficiente para explicar quase tudo.
José Aparecido Ribeiro é Jornalista em Belo Horizonte.
POR: Dr. Gilberto Neto – Advogado
Foto: Acervo pessoal Dr. Gilberto Neto
Fenômenos que levaram à reeleição do prefeito Alexandre Kalil mesmo com o destruição da economia de BH
“O prefeito surfou, aproveitou-se da carona dos R$600 do Governo Federal, isso é fato. O leitor acabou sendo iludido por alguns fatores econômicos de contingenciamento, assim, não sentindo os impactos do fechamento da economia. No ano passado, o empregador foi pego de surpresa, “calças curtas”, teve que aguardar as diretrizes e medidas do Governo Federal para que pudesse tomar alguma decisão, ficou sem reação, perdeu o “time”.
O efeito manada promoveu a redução da jornada, mandou o trabalhador para casa com beneplácito de estabilidade. Além de receber o salário integral, a renda familiar acabou aumentando. Numa família de quatro pessoas, todos acabaram entrando no plano emergencial do Governo Federal, isoladamente, recebendo os R$ 600, ou seja, uma renda extra para o grupo familiar.
Com esse recurso a mais no bolso, ninguém, ou poucas famílias de baixa renda, mesmo as de classe média sentiram o impacto. A princípio, em casa, com renda acrescida, tudo estava indo bem apesar do terror midiático 24 horas, sendo recebido no conforto do sofá. Assim o efeito foi positivo para Alexandre Kalil e seu grupo de experientes políticos que trabalham nos bastidores, todos de matizes ideológicas esquerdistas, incluindo toda a equipe de médicos da UFMG, professores responsáveis pelo Comitê do Covid-19.
Para ilustrar, houve um crescimento exponencial nas venda de produtos da Ambev e dispensa dizer do que o povão mais gosta depois do futebol. Só que dessa vez será diferente, não existe mais R$600 emergenciais. O empregador ciente dos riscos, fará as demissões de imediato, sabe que não pode mais aguardar ou arriscar, já passou por outra experiência negativa, sozinho.
Por outro lado, essa mesma horda de incautos que elegeu Kalil passará a odiá-lo em oito meses quando terminar a última parcela do seguro desemprego. Teremos para os próximos 12 meses uma cidade sucateada, inúmeros comércios fechados com milhares de desempregados, tudo isso fruto da falta de compromisso do prefeito com a economia e a sua paixão pela ideia de ser governador de Minas.
Tempo, a cidade teve de se preparar, mas não houve planejamento, o prefeito não é gestor e muito menos está preocupado com a economia, ele não é do ramo, já faliu empresas e um dos maiores clubes de futebol do Brasil. Kalil aprendeu tão somente a fazer política no modelo populista que lhe garanta poder, ainda que seja por meios tortos, que alguns entendem como tirânico.
Devemos considerar também os desencontros narrativos do Governo Federal, que acabou levando as pessoas às ruas como se não existisse mais a COVID-19. Tudo isso, somado a uma população que não se aprofunda nas informações, facilmente manipulada por influenciadores digitais, pela mídia tradicional que é hábil em distorcer a verdade e criar factoides, afinal ela precisa faturar”.
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