Quando a verdade incomoda e atrapalha os interesses da indústria farmacêutica e da banda podre da imprensa que milita, ao invés de fazer jornalismo
POR: Filipe Rafaeli – Jornalista especializado em Estudos Científicos – Publicado no site do Médicos pela Vida.
Um levantamento estatístico, feito por Luis Carlos Zanandrea Contin e Grazieli Cardoso da Silva, comparou a taxa de mortalidade de pacientes internados com diagnóstico de infecção por COVID-19 no HBMPA – Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre, com uma média da taxa geral mundial e de regiões do Brasil, além de outros hospitais da capital gaúcha.
A análise, baseada em dados oficiais, foi feita de forma retrospectiva. Os dados foram coletados através dos prontuários eletrônicos do sistema interno do HBMPA. A pesquisa foi devidamente aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do hospital e compreendeu o período entre março de 2020 e janeiro de 2022.
Características dos internados no HBMPA
No total, 721 pacientes estiveram internados com diagnóstico de Síndrome Respiratória Aguda no HBMPA durante o período. A média de idade deles foi de 56,9 anos (desvio padrão de 17,6 anos). Entre eles, 517 eram homens (71,7%), e 204 eram mulheres (28%).
Menor tempo de internação
O período médio de internação hospitalar, tanto em unidade de internação clínica quanto em UTI, foi de 10,6 dias. Esse dado é menor do que os divulgados pelo PROADI-SUS que avaliou 3034 pacientes em todo o território nacional durante o período de 2020, tanto de instituições privadas (70%) como públicas (30%) com duração média de internação hospitalar de 22 dias.
Taxa de mortalidade de apenas 12,6%
Do total de 721 casos analisados no período, a taxa de mortalidade foi de 12,6%. Dentre o total de 93 óbitos no HBMPA, a média de idade foi de 70,3 anos (desvio padrão de 13,1 anos), com casos de 18 até 94 anos. Dentre os pacientes que apresentaram boa evolução clínica, a média de idade foi 56,9 anos (desvio padrão de 14,8 anos) com média de tempo de internação hospitalar de 10 dias.
Comparação de taxas de mortalidade em hospitalizados
Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre: 12,6%
O hospital é uma instituição militar que assiste prioritariamente policiais militares estaduais, funcionários públicos estaduais e dependentes, além de beneficiários do IPERGS (Instituto de Previdência do Estado).
Hospital de Clínicas de Porto Alegre: 23%
Números relatados pelo principal hospital público de referência para tratamento de pacientes com Covid-19 no sul do Brasil.
Wuhan, China: 28%.
Dados referentes a taxa de mortalidade em internados nos hospitais Wuhan. Dados publicados em 2020.
13 estados nos EUA: 17%
Dados publicados avaliaram 2490 internações em 13 estados dos EUA.
Média em todo o Brasil: 38%
O estudo que avaliou mais de 250 mil admissões hospitalares em 2020 foi publicado na revista Lancet.
Média do Rio Grande do Sul: 31%
Média relatada no mesmo estudo que avaliou as 250 mil admissões em hospitais do Brasil.
O segredo: proxalutamida e antiandrogênicos
O Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre voluntariou-se para participar, a partir de 06 de março de 2021, do estudo com o antiandrogênico proxalutamida. Antes, eles já tinham implementado um protocolo incluindo o uso de hidroxicloroquina, ivermectina, bromexina, corticoesteróides em doses ajustadas para a gravidade, colchicina e anti-coagulantes. “O protocolo era submetido ao aval da equipe assistente, que sempre atuava com autonomia médica, e era individualizado conforme o paciente. Rounds diários multidisciplinares para ajustes terapêuticos também eram realizados”, afirma o infectologista Ricardo Zimerman, médico do hospital.
O estudo com a proxalutamida, que gerou um resultado geral de 78% na redução da mortalidade e já está revisado por pares e publicado, teve duas fases: a primeira no Norte e a segunda no Sul. Com os resultados anteriores consolidados no Amazonas gerando grande redução na mortalidade, a distribuição, no Sul, entre medicamento ativo e placebo, foi diferente: em vez de uma divisão semelhante, foram 75% na proxalutamida e apenas 25% no placebo, melhorando o impacto geral no resultado global do hospital.
A proxalutamida deu um grande impulso na teoria androgênica contra a covid no mundo todo, e hoje, no total, já foram produzidos 16 estudos clínicos com representantes da classe, com uma redução média de mortalidade de 59%. “Como consequência, mesmo após o final do estudo da proxalutamida, os colegas continuaram prescrevendo outros antiandrogênicos já disponíveis comercialmente”, afirmou Zimerman.
Gráfico do levantamento no Hospital da Brigada Militar mostra que houve aumento de mortalidade a partir da março de 2021, com a variante P1, mas logo foi revertido a partir da implantação dos antiandrogênicos no protocolo do hospital. A média geral é de 12,6% em pacientes hospitalizados.
“É importante ressaltar que mesmo durante o período mais grave, entre fevereiro e abril do ano passado, quando predominava a variante Gama, até quatro vezes mais letal que as demais variantes, a taxa de mortalidade do hospital ficou abaixo da média geral brasileira”, afirmou Flavio Cadegiani, cientista líder do estudo com a proxalutamida.
“O hospital ainda contava com outra desvantagem, a ampla presença de homens, inerente à natureza militar do hospital, que são sabidamente fatores de risco para COVID-19, com mortalidade entre duas a quatro vezes mais elevada do que mulheres da mesma idade, principalmente quando internados”, complementou.
Antes, profissionais foram atacados pela imprensa
O site jornalístico News Matinal publicou uma série de reportagens escritas por Pedro Nakamura atacando os profissionais de saúde que hoje comemoram uma taxa de mortalidade que representa 33% da média brasileira. Em uma das reportagens, no título, Nakamura usa a expressão “Farsa da proxalutamida“. Para ele, os médicos tratavam os pacientes com “remédios sem eficácia contra a covid-19”.
Entretanto, a matemática não mente. “O HBMPA apresentou desfechos representativos e elogiáveis”, concluíram Contin e Silva, os autores do levantamento estatístico.
“As reportagens revelam um lado sombrio de uma parte do jornalismo, que salvar vidas gerava um incômodo perturbador. É inimaginável mas é nitidamente verdade. Vale tudo para invalidar as inúmeras vidas salvas. Fazem rodeios, malabarismos, apegam-se a normas inválidas, e ignoram o mais importante, que não há matemática que negue que salvamos centenas de vidas somente no estudo”, afirmou Cadegiani.
“O melhor é que eles são os que mais revelam o quão excelente foi nosso estudo em todas suas etapas. Afinal, após tantas investigações jornalísticas, não terem encontrado nada de verdadeiramente concreto só apontam para extrema idoneidade e rigidez na condução”, complementou.
Nakamura, ao ser perguntado se teria algum peso na consciência por atacar os profissionais de saúde de linha de frente COVID que estavam produzindo uma taxa de mortalidade muito abaixo da média nacional, preferiu não responder. Na sequência, afirmou que ser questionado sobre os resultados consolidados representa assédio.
MPV parabeniza hospital
Nós, do MPV – Médicos Pela Vida, parabenizamos os médicos e todos os profissionais de saúde do Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre, que mesmo atacados de forma covarde por uma falsa imprensa, mantiveram a coragem de fazer o correto: salvar vidas.
Download
Faça o download do levantamento estatístico aqui (PDF) Artigo-Contin- final
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Durante apenas um único estudo, Cadegiani salvou o equivalente a um Embraer 195 lotado
FONTE ORIGINAL: www.medicospelavidacovid19.com.br
J. Aparecido Ribeiro é jornalista e assessor do MPV
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