Preocupado com a escalada dos preços, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas envia carta aberta ao senador Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso Nacional
Em carta aberta e firme, presidente da ACMinas – Associação Comercial e Empresarial de Minas, o advogado José Anchieta da Silva, cobra do Senador mineiro Rodrigo Pacheco (PSD-MG), atitudes em relação à escalada dos preços e a inflação que ameaça a estabilidade da economia, penalizando as classes menos favorecidas.
“Nada atinge tão desigualmente os desiguais como a inflação, cujos resultados são nefastos para a população mais carente que não tem mecanismos de proteção de seus bens nem suficiente meios de subsistência”, relata trecho da carta de duas páginas que segue abaixo e que indaga o Congresso Nacional sobre as razões para atrasos desnecessários em aprovação de projetos de Leis que minimizam os impactos da inflação, como a PEC do ICMS sobre os combustíveis.
O presidente da ACMinas foi categórico ao cobrar do senador mineiro celeridade e patriotismo, deixando de lado as questões eleitorais menores que estão impedindo a aprovação de projetos cujos benefícios para a sociedade são inquestionáveis.
A ACMinas é uma das mais tradicionais associações de empresários e comerciantes de Minas Gerais, fundada em 1901, e congregando praticamente todos os setores da economia do Estado. A entidade sempre esteve presente em momentos decisivos e importantes da história de Minas e do Brasil. Já teve da sua presidência nomes como o do ex-presidente José de Alencar e de empresários respeitados, como o recém falecido Lúcio Benquerer, Roberto Luciano Fagundes, Agnaldo Diniz, Artur Lopes, Charles Loft, Lindolfo Paolielo e outros.
Segue na Íntegra a Carta do Presidente José Anchieta da Silva para o Senador Rodrigo Pacheco.
“Senador Rodrigo Pacheco
Presidente do Senado Federal
BRASÍLIA, DF
Representando os Associados da ACMINAS – Associação Comercial e Empresarial de Minas, em nome da Diretoria, viemos à sua presença para tecer algumas considerações acerca do momento atual de nossa Economia.
Sabemos todos, mas não é demais registrar, que os algoritmos e equações que regem a inflação são do domínio da Alta Política, e como tal devem ser avaliados os pressupostos fundados na responsabilidade para com o Estado, cabendo às Instituições preservar um dos mais caros símbolos da Economia Nacional, a Moeda.
Nada atinge tão esigualmente os desiguais como a inflação, cujos resultados são nefastos para com a população mais carente que não tem mecanismos de proteção de seus bens nem suficientes meios de Subsistência.
Portanto, as ações para reduzir os impactos das variáveis conjunturais devem merecer atenção, urgência e prioridade de tramitação acima de outros projetos, também relevantes, mas sujeitos a tempestividade e amadurecimento diverso. Será que a aprovação da PEC do ICMS sobre Combustíveis por maioria expressiva de 392 votos, em quórum qualificado de 463 na Câmara Federal, em 14 de outubro, não sinalizou caminho já desbastado o suficiente para sequenciar com celeridade a discussão no Senado Federal?
Se não o for, que saibamos quais os constrangimentos relevantes impedem a tramitação do projeto, que esperamos não ser a que os jornais vêm expressando, atribuindo a dificuldades relacionadas ao pleito eleitoral de 2022, o que seria irresponsabilidade flagrante em momento tão sensível para o Brasil.
Não pode a Sociedade ficar à espera por tempo indeterminado da tramitação de projetos cujos benefícios são evidentes e reclamados em regime de urgência. Neste caso, em especial, porque a inflação não o faz e registrará de forma contundente hesitações temerárias.
Tema complexo, embora não mais que as consequências que advirão da não aprovação de medidas adequadas para participar do esforço de contenção da escalada inflacionária, de nível global, que nos atinge em momento de transformações e ajustes estruturais.
Não apelamos, não pedimos, não clamamos, mas legitimamente requeremos que o Parlamento, fonte primária da representação popular, enfrente o problema para modificar o que foi aprovado, rejeitar ou aprovar. O que não se pode é viver sob sombras, sem respostas, como fossem pouco relevantes as demandas da Sociedade.
Não resposta é pior que qualquer resposta. Estamos estimulados e inspirados em seu pronunciamento do dia 10/12, em evento da Associação Comercial e Industrial de Cascavel, no Paraná, quando, com fundada razão criticou duramente a situação econômica atual do Brasil, após a divulgação do IPCA de 11% acumulados dos últimos 12 meses, afirmando com ênfase que “temos problemas também que têm sido cada vez mais presentes nas nossas vidas como brasileiros e são problemas que não precisávamos estar convivendo com eles: a inflação. Hoje a inflação bate à nossa porta, como também bate à nossa porta a alta de juros que é absolutamente nociva para a produção do país. Juros altos são a receita do insucesso para a economia.”
Portanto, alinhando-nos com aquele pronunciamento, trazemos essas considerações a fim de registrar as preocupações que percebemos em nosso ambiente, sinalização da ACMinas para reafirmar a percepção da necessidade imperativa de que o tema tenha o tratamento que a Sociedade e a conjuntura está a requerer em momento tão sensível e delicado para a retomada do crescimento neste pós-pandemia, que trouxe tantas ameaças e esperanças aos empresários e cidadãos.
É momento de o Senado pronunciar-se claramente expondo o entendimento que tem, posicionamento que aguardamos seja em breve como requer as condicionantes impostas pela crise severa que pode se agravar caso haja delongas procrastinatórias de qualquer origem e natureza. Estamos diante de razões de Estado que, por serem mais relevantes, exigem o esforço e contribuição de todos e, portanto, devem prevalecer sobre outros interesses, acima as conveniências dos Estados Federados, embora legítimas.
Não nos movemos pela esperança, Senador, que habita o universo do imaterial; mas pela expectativa concreta que pressupõe prazos determinados para tomada de posição que permita aplicação de decisões. Seguindo nossa prática de transparência em todos os atos que praticamos, esta mensagem será divulgada em nosso site www.acminas.com.br .
Com nossos cumprimentos,
José Achieta da Silva
Associação Comercial e Empresarial de Minas”
José Aparecido Ribeiro é jornalista e Diretor da ACMinas
www.zeaparecido.com.br – WhatsApp: 31-99953-7945 – jaribeirobh@gmail.com
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