Foto: Portal Uai – O Ditador de Belo Horizonte, Alexandre Kalil
O Prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil perdeu definitivamente a noção de liturgia que o cargo exige. Trata o povo como criança desobediente merecedora de varas. Ontem ele perdeu novamente os freios em entrevista coletiva concedida a uma imprensa obediente que parece acuada, de boca aberta sem reagir ao festival de disparates que virou cada frase que sai da boca do mandatário. Prometeu em tom já conhecido de desequilíbrio e aparente dislexia, com panca de tirano, lacrar estabelecimentos, na marra.
Na condição de jornalista, sinto-me envergonhado ao perceber colegas experientes que estufam o peito para lembrar as décadas de dedicação ao oficio, simplesmente se calarem diante de tantas aberrações. É como se o prefeito fosse o dono da verdade e ninguém mais tivesse razão em nada na capital mineira. Qualquer pessoa minimamente esclarecida que assistiu atentamente ao pronunciamento desta quarta-feira (25) ficou perplexa com tamanha insensatez e arrogância misturada com despreparo para o cargo de prefeito de uma cidade com 2,7 milhões que até recentemente era uma das mais importantes do país, mas que desce ladeira praticamente destruída.
Leitores de todo país cobram reação da imprensa e do povo
Recebi mensagens de leitores de todo o país perguntando se não haverá reação à fala do prefeito por parte da imprensa e do povo e, sinceramente, não sei mais o que dizer, pois o mandatário virou caricatura fora das cercanias de BH. De acordo com o Kalil, a “irresponsabilidade” da população pode obrigá-lo a impor medidas restritivas na cidade que ele governa não como um líder, mas como um verdugo vaidoso. Ele falou inclusive, em prisão para descumpridores das normas adotadas a fim de combater a Covid-19, a quem chamou de “irresponsáveis” e “baderneiros”.
Ou seja, o prefeito esqueceu que o poder emana do povo, e não o contrário. Auxiliado pela tropa de choque da esquerda alojada há décadas na UFMG e nos gabinetes da PBH, gente que de fato comanda a cidade, e não só a saúde, com direito a sobrenome LULA na assinatura, ele grita o que escrevem para ele falar. Mesmo com provas concretas de que lockdown não teve eficácia científica comprovada em nenhum lugar do mundo, inclusive aqui. Devemos lembrar que a cidade ficou fechada por mais de 150 dias, destruindo a economia e vidas inocentes de males variados que não o Covid.
Kalil virou o pai e o povo o filho desobediente
O prefeito fanfarrão trata todos como iguais. Ele vem dando também a empresários, que mais de uma vez chamou de inimigos, respostas inaceitáveis. Não percebeu ainda que a população não aceita mais fechamento do comércio e confinamento, tampouco que o vírus vai desaparecer por decreto. O Alcaide vaticinou em seu monólogo diante de repórteres obedientes e mudos: “Temos autoridade para prender irresponsáveis, além de fechar estabelecimentos. A notificação, as ‘notinhas’ e ‘multinhas’ acabaram, agora vamos lacrar estabelecimentos”, esbravejou, Alexandre “O grande”, de BH.
Se não bastasse, gritando como se estivesse corrigindo jogadores indisciplinados do time que presidiu e quebrou, usando de adjetivo populesco, esgoelou: “Estamos avisando aos baderneiros que vão ser presos”.
Disse ainda: “Estamos monitorando as redes sociais (sem autorização da justiça): “O relaxamento, a falta de empatia a ignorância podem nos levar ao fechamento total da cidade novamente”, bradou. As ameaças não param por ai, Kalil vociferou ainda: “Chegou o momento das pessoas entenderem que, se elas não colaborarem, o estado (prefeitura) vai adotar medidas mais fortes: o fechamento (do estabelecimento) e, se houver resistência, a prisão”, berrou como juiz douto em ato de sentença.
Ou seja, em BH, doravante, quem decide sobre o poder da autoridade do prefeito, é ele mesmo, com o “apoio” da PM. O prefeito parece convicto de que quem manda na Polícia Militar é ele, e não o Governador que ele tanto despreza, juntamente com o seu time de secretários canhotos. Governador que diga-se de passagem, é o mais respeitado do Brasil. Sinceramente, o maior problema de BH não é o vírus chinês que pode provocar Covid-19 em uma parcela mínima da população, mas a afronésia do prefeito que o povo inexplicavelmente reelegeu no última dia 15 para mais dois anos, até 2022, quando com o apoio de Aécio Neves e Pimentel, concorre ao governo de Minas.
José Aparecido Ribeiro é jornalista independente em Belo Horizonte
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