Minascentro segue fechado após dois anos de obras com impacto negativo no turismo

O calendário de eventos do Minascentro foi fechado em agosto de 2017 para uma reforma que começou em dezembro do mesmo ano. A obra vai substituir toda a instalação elétrica, tubulações hidráulicas, bem como a promoção de melhorias no sistema de drenagem, implantação da automação e detecção de incêndio, modernização e ampliação do ar condicionado, dentre outros reparos importantes para a segurança do local. Porém, passaram-se 22 meses e pelo andar da carruagem, o que deveria ficar pronto em dezembro de 2019, deve ser empurrado para 2020.

Milton Rodrigues é profissional de hotelaria há 45 anos e lembra que em qualquer lugar do mundo este importante equipamento de eventos da cidade de Belo Horizonte, cujo propósito é gerar riquezas através da cadeia produtiva do turismo, não teria sido fechado, sua reforma ocorreria por partes com ele funcionando. “Infelizmente, o senso de urgência de quem cuida do turismo na capital mineira anda desligado”, lembra o gerente de vendas.

O pouco caso com tudo que diz respeito ao turismo é algo estarrecedor e ocorre já não é de hoje, relata  o gerente geral do tradicional Hotel Financial, César Viana, que tem 50 anos de carreira dedicados à hotelaria. “O Minascentro tem o que nenhum outro espaço de eventos da capital possui, a possibilidade de realizar congressos e feiras ao mesmo tempo”, lembra o profissional que é conselheiro e ex-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis.

TURISMO TRATADO COM POUCO CASO

Para o experiente jornalista de turismo, atual interventor da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, ABRAJET-MG, Sergios Moreira, o pouco caso com o setor vem da prefeitura, do governo de Minas, das associações e entidades da classe que acabaram acostumando com migalhas, sempre preteridas até na hora de dividir o bolo político. “É comum o turismo ser entregue de porteira fechada para partidos e políticos que não tem qualquer vocação para o setor, gente que cai de paraquedas e não sabe o que fazer com o segmento que é um dos mais importantes da economia em países desenvolvidos como Espanha, França, Austrália, Canadá e outros”, lembra o jornalista que está no ramo há 30 anos. Sergio menciona representantes oficiais do turismo como “rainhas da Inglaterra”: “Tem secretário que se acha mais importante do que o turismo, e não se mistura”, conclui.

MINASCENTRO ESTÁ FAZENDO 36 ANOS

A ex-secretária de turismo de Minas, empresária Erica Drumond lembra que o Minascentro foi criado em 1981 através de um decreto estadual para sediar eventos relacionados à indústria, o comércio, turismo, as artes, à ciência e o entretenimento, acabou virando um espaço multiuso, servindo até para formaturas e exibições teatrais. Ela foi contra o fechamento em 2017, liderou manifestações em frente ao Minascentro, mas foi voto vencido. A abertura oficial como centro de convenções e feiras ocorreu em 15 de março de 1984, mas o prédio, tombado pelo Patrimônio Histórico foi construído na década de 20 e aberto para o público em 1926. “É um prédio imponente que chama atenção pela arquitetura arrojada e pela localização central, em frente ao Mercado que é o ponto turístico mais visitado de Belo Horizonte e não pode ficar fechado”, conclui a empresária, CEO da Vert Hotéis e ex-presidente da ABIH-MG.

As obras de reforma seguem lentas, no compasso da economia de BH e dos profissionais que cuidam do setor, provoca Jailson Costa que também é profissional de hotelaria há 40 anos e faz questão de lembrar que Minas tem no Governo Federal o único ministro, que é justamente o do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio, filho de político conhecido, belo-horizontino nascido e criado no Barreiro. “Você pode até contrapor dizendo que o assunto está na alçada do Estado, e que a CODEMGE é a responsável pelo Minascentro, e eu te pergunto: Será que se o Ministro quisesse, o  tema não seria resolvido mais rápido?”, questiona o profissional que foi gerente do Hotel Serrana próximo ao Minascentro e viveu os tempos áureos do turismo, durante várias décadas.

MINISTRO DO TURISMO É DE BH, MAS NEM ISSO RESOLVE

Na equipe do Ministro belo-horizontino tem executivos importantes do primeiro e segundo escalão, incluindo ex-vereador e ex-presidente do Galo, Daniel Nepomuceno, o ex-secretário de Turismo Leônidas Oliveira e representantes do turismo local. Porém, nem isso é suficiente para acelerar a reforma do Minascentro. Bastaria uma conta de padeiro para ver o que a cidade deixa de ganhar com esse fechamento, mas a sensação que fica é de que nenhum deles sabe fazer conta, eles e todos que são afetados por esse pouco caso e seguem calados, esperando a boa vontade de pessoas que não precisam do Minascentro para sobreviver, esta é a opinião da executiva da Arco Administradora, a arquiteta e empresária Flávia Araújo, ha 20 anos no setor dirigindo uma das principais redes hoteleiras de Belo Horizonte. A CODEMGE informou que as obras estão no prazo, mas não deu data para reabertura. Enquanto isso o turismo segue no ritmo da economia mineira, cambaleante e incerta.

jaribeirobh@gmail.com – 31-99953-7945 WhatsApp  

 

 

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias relacionadas