Corte de árvores na Praça Marília de Dirceu incomoda moradores do bairro de Lourdes

Moradores da Praça Largo Luiz de Camões, conhecida como Praça Marília de Dirceu no bairro de Lourdes, Região Centro-Sul da capital acordaram nesta manha de quinta feira (05) com o barulho de motosserras e caminhões retirando arvores dos passeios nas Ruas Marília de Dirceu e Felipe dos Santos. Até agora já foram cortadas nove arvores que além de garantir sombras para frequentadores do local, contavam a história da Praça.

Fícus, Jatobás e até Ipês Amarelos viraram toras de madeira e foram levados pela empresa contratada para o serviço de poda que iniciou ontem e trouxe transtornos para o trânsito da região que é passagem para o centro da capital. Moradores alegam que a Prefeitura está exagerando e especialistas afirmam que algumas das espécies que estão sendo suprimidas são protegidas e não deveriam receber poda radical, corte rente ao passeio.

Bióloga afirma que supressão de árvores poderia ser substituída por poda

A Bióloga Lúcia Pinheiro Rocha mora nas proximidades da Praça e relata que o assunto não está sendo tratado com o critério técnico, mas com o viés político: “A poda radical poderia ser evitada, pois elimina a possibilidade das árvores nascerem novamente, o ideal é a redução de 2/3, suprimindo a parte das copas, dando a ela a possibilidade de renascer”, adverte a especialista que diz ter sido surpreendida com a rapidez que as coisas aconteceram. Ela lembra ainda que algumas espécies como Jatobás precisam ser preservadas, pois além de demorarem a crescer, são raras na região. Lúcia é presidente de uma das Associações do bairro, a Pró-Lourdes.

Presidente de Associação reclama da falta de diálogo com a população

Já o Presidente da Amalou, outra associação de moradores e amigos do Bairro de Lourdes, que também representa a comunidade, o empresário Jefferson Rios, disse que os moradores não foram informados de que seria uma poda radical. Ele procurou a Regional Centro-Sul e foi informado que as árvores estão sendo cortadas por que representavam riscos de cair sobre carros estacionados, algumas com inclinação superior a 25%. Além disso, as raízes estão afetando a galeria subterrânea que recebe água da Av. Prudente de Morais, e isso significa risco para a estabilidade do terreno onde a praça está localizada.

De acordo com Jefferson, a Regional Centro-Sul está cortando árvores sem conversar com a população: “Concordamos com o trabalho de supressão das arvores, especialmente aquelas que estão inclinadas ou com raízes comprometidas, mas queremos participar do replantio de outras no lugar das que foram cortadas”, alega Jefferson que conclui dizendo da necessidade da população participar das decisões de serviços que mudam a rotina do bairro.

O responsável pela Gerência de Manutenção da Regional Centro-Sul-PBH, Oscar Augusto, cuja tarefa é também o controle de corte das árvores na Regional, informou que algumas delas estavam com suas raízes pressionando as paredes da galeria subterrânea que recebe o Córrego do Leitão, correndo o risco de desabar e provocar prejuízos ainda maiores. Portanto, não é apenas o risco de caírem em cima de veículos parados ou em movimento como vem ocorrendo na cidade, mas também aquelas que as representam problemas para o piso da Praça e edificações próximas à galeria pluvial que desce a Rua Marília de Dirceu.

Local segue aguardando laudo técnico para receber asfalto

O local também aguarda laudo técnico da Sudecap para receber manutenção e recapeamento face aos danos causados pela chuva do dia 28/1 que arrancou parte do piso da Rua Marília de Dirceu. Oscar lembra que os cortes seguem critérios técnicos e que nenhuma arvore será suprimida sem necessidade: “A região recebeu volume de chuvas recorde e muitas das arvores que estão sendo suprimidas foram afetadas”, conclui o representante da PBH.

Moradores falam em critério político e não técnico pra corte de árvores em Lourdes

Já o empresário Marcos Macedo, que é economista e mora há quatro décadas na Praça Marília de Dirceu, não concorda que o trabalho esteja seguindo critérios técnicos, segundo ele a poda  sem aviso é ordem de políticos. As árvores fazem parte da história e cada morador tem o direito e até o dever de preserva-la: “Vi várias árvores crescerem, algumas ajudei a plantar, e agora a PBH vem e retira sem nem conversar conosco? isso é um absurdo”, conclui o morador que até pensou em se acorrentar nas árvores para impedir o corte, mas foi desaconselhado por familiares.

Para engrossar o coro dos que são contra, Andre Mendonça, engenheiro aposentado que também é morador do local disse que ninguém foi avisado do que está acontecendo e acordamos com o barulho de serras cortando arvores que estão aqui há décadas: “Tudo feito no modelo Kalil, sem conversa e nem respeito pela população”, provoca o aposentado que se diz indignado com o que vem acontecendo na Praça que ele mora há meio século.

O custo de ser vizinho do prefeito

André lembra que a população do local merece respeito, pois “quem anda errado aqui não somos nós moradores, mas o prefeito que está fazendo política com este e outros assuntos caros para a população”. O aposentado não está gostando da demora na recuperação dos danos causados pela chuva de janeiro, para ele o fato do prefeito morar próximo, na Rua Curitiba, há menos de um quarteirão, ele “quer fazer média com a população da Zona Norte e nós pagamos o pato”, conclui o engenheiro e morador da Praça Marília de Dirceu que diz já ter passado dos 70 e não ter medo de político populista.

jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp 31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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