Morre vítima provável da vacina experimental aos 88 anos, Frei Cláudio Van Balen

A igreja do Carmo está de luto, os Claudianos e admiradores de Frei Cláudio Van Balen também, ele é mais uma vítima provável dos efeitos da vacina experimental

Foto: Acervo Igreja do Carmo

Frei Cláudio Van Balen era Carmelita Católico, nasceu em Wytgaard na Holanda em 26 de janeiro de 1933. Estava no Brasil desde 1950 logo após o final da Segunda Grande Mundial. Saiu da Holanda de navio e chegou a Santos, onde ficou os primeiros anos. De lá para Belo Horizonte já se passaram 59 anos, e aqui será enterrado amanhã, sem velório.

Embora tivesse problemas de saúde (Alzheimer) morreu hoje vítima provável das consequências da vacina experimental após a terceira dose, deixando uma legião de amigos, admiradores e devotos fiéis. Conversei com alguns médicos que atestam que Frei Cláudio pode ter sido vítima dos efeitos adversos da vacinação experimental.

A igreja do Carmo está de luto, os Claudianos também, dos quais eu me incluo. Mais do que um religioso, ele foi fonte de inspiração, exemplo de sabedoria.

Frei Cláudio dedicou sua vida a igreja que ele ajudou a tornar uma das mais importantes e atuantes nas causas sociais em Belo Horizonte. Seu trabalho pastoral irradiou por varias comunidades pobres da capital, com destaque para o Aglomerado Santa Lucia que fica próximo à igreja no bairro Carmo Sion.

Foi na igreja do Carmo, graças à dedicação do Frei Carmelita que muitos moradores de comunidades pobres de BH encontravam apoio e assistência médica, odontológica, psicológica e material. Frei Claudio parte hoje para seu encontro com Deus no plano espiritual deixando um legado imensurável, raro para alguém que nasceu do outro lado do planeta e atravessou o Oceano Atlântico sem saber o que ia encontrar pela frente.

Foto: Acervo Jornal O Tempo

Ele faleceu na tarde deste sábado (20) às 14h58 no Hospital Vera Cruz, em BH, onde estava internado desde anteontem, por causa de uma “forte gripe e problemas respiratórios decorrentes”, que, após exame da Covid-19, concluiu que ele estava contaminado pelo vírus, mesmo depois de ter tomado as vacinas. O anúncio foi feito pelo amigo de longa data, o Frei Gilvander.

Relato do amigo revelam que a doença evoluiu rapidamente e o coração não resistiu. Frei Cláudio estava com Alzheimer, mal que se agravou depois que foi afastado de suas funções, após 46 anos de dedicação no comando da Paróquia do Carmo, menos pelas questões de saúde, e mais pela posições firmes que ele tinha em relação a própria igreja cujo passado e mesmo o presente, é recheado de contradições.

Por quatro anos permaneceu celebrando missas nas sextas-feiras à noite e nas manhãs de domingo, missa das 11h, ocasiões em que a igreja ficava sempre lotada. Passou os últimos cinco anos morando nas dependências da igreja que ele ajudou a construir e que congregava milhares de fiéis, menos pela igreja, muito mais por admiração, respeito, carinho e devoção ao Pároco que sabia dialogar com os seus fiéis, e que conseguia despertar nas pessoas o que podemos chamar de religiosidade adulta.

Foto: Acervo Jornal O Tempo

Frei Claudio debatia qualquer tema com a desenvoltura de um teólogo, com a clarividência de um ser iluminado, e com a humildade de um sacerdote da igreja de Cristo. Lembro-me de suas pregações com a igreja lotada e sempre ao final era ovacionado de pé. Seus “sermões” incluíam o mea-culpa da sua igreja, suas idiossincrasias e por que não dizer, dos seus erros cometidos ao longo da história que serviam de exemplo para decifrar os dramas humanos de seus sacerdotes.

Frei Claudio serviu aos pobres com leveza de alma, espírito de guerreiro e sinceridade rara, era um indivíduo admirável pela coragem, inteligência acima da média e generosidade de um santo, mas não deixava de chamar à responsabilidade aqueles que mereciam seu puxão de orelha corretivo, inclusive eu mesmo, quando no afã de manifestar minhas opiniões, excedia e acabava desrespeitando autoridades da igreja.

Meu companheiro de filosofia, bons vinhos e comilanças, agora ao lado do Criador

Tive o privilegio de abrir na companhia de frei Claudio, do amigo Hélio Fraga que agora o recebe ao lado de Jesus, e sua amada esposa Ana Maria, algumas dezenas de garrafas de vinho, sempre acompanhadas de uma boa prosa, momentos de descontração e comilanças. Isso incluía longas noites de filosofia e debates acalorados sobre temas instigantes.

Durante 30 anos frequentei a Igreja do Carmo, fui colaborador no curso de batismo e nas missas dominicais e cada uma delas aprendia um pouco mais sobre a vida de Cristo, seus ensinamentos e as palavras extraídas da Bíblia, com discernimento capaz de transportá-la para atualidade com brilhantismo raro e utilidade. Encantava crianças, jovens, adultos e masters, todos seus admiradores, devotos e discípulos.

Foto: Montagem caricatura Frei Claudio Van Balen

Mesmo tendo cursado três faculdades, inclusive uma de filosofia, me sentia uma aluno cada vez que ouvia suas pregações e nas várias vezes que conversávamos a caminho da igreja, após uma noite de pecado (o da gula). Aprendi muito com ele. Era um aluno disciplinado que prestava atenção nas pregações e delas sempre tentei extrair inspiração para o bom combate, o do cotidiano.

Perdemos a presença física, a convivência que ultimamente já não existia mais, mas ele estará vivo na memória de milhares de Claudianos que sentiam-se revigorados cada vez que ouviam suas palavras inspiradoras, sua leveza de alma. Gente de todas as classes e matizes ideológicos, na frente de Frei Claudio valia o que somos, e não o que temos ou pensamos circunstancialmente, éramos todos alunos ávidos pela palavra, pela sabedoria, equilíbrio e espírito superior qual ele era investido por dádiva e missão, a serviço do verdadeiro Deus vivo, o que não precisa de mediadores e nem passa procurações.

Vá em paz Frei Claudio sentar à direita do Deus Pai Todo Poderoso que você soube tão bem representar e que certamente vai te receber de braços abertos.

José Aparecido Ribeiro é jornalista, licenciado em filosofia e Claudiano convicto.

www.zeaparecido.com.br – WhatsApp: 31-99953-7945 – jaribeirobh@gmail.com

  • A seguir, incluo nesta despedida artigo que escrevi em defesa de Frei Cláudio no dia 27 de janeiro de 2014, quando as perseguições começaram a comprometer seu trabalho à frente da paróquia do Carmo, artigo intitulado:

Religiosidade adulta essa praticada por Frei Cláudio Van Balen

Foto: Acervo Portal UAI

As lembranças mais remotas incluem as celebrações católicas. Mas após longos anos me dei conta de que tratava-se de um hábito e não um desejo natural, percebi que não havia renovação e a repetição pura e simples daqueles rituais passou a não fazer mais sentido. A principio relutei, continuei indo, mas não foram poucas as vezes que dormi durante as celebrações. Então resolvi não frequentar mais as missas de domingos e me afastei da Igreja por um longo período.

Até que fui convidado por amigos para conhecer a Comunidade do Carmo, isto há 13 anos. Amigos que – diga-se de passagem – viveram as mesmas experiências. Aceitei o convite e conheci uma igreja que marcaria minha vida positivamente e para sempre. Com o tempo, voltei a ser católico. Hoje sinto prazer em ir às missas dominicais e convido outros amigos. Na Igreja do Carmo conheci uma religiosidade que liberta, ao contrário da que experimentei ao longo da vida que me dava a sensação de vazio, as vezes até subestimando a minha inteligência, ludibriando a minha fé, e me deixando por vezes em estado de  letargia, como mero espectador.

Na Igreja do Carmo conheci o significado de comunidade, consegui recuperar a fé e encontrar sentido novamente para a religião. Isso se deu através das palavras de um Frei Carmelita, que todos conhecem pelo jeito diferente de falar de Deus e de religião, (Frei Cláudio Van Balen). Nas suas pregações, descobri que Deus não está fora de nós, nem tampouco no céu como a maioria das religiões pregam. Ele na verdade está em tudo e em todos os lugares. Deus está, antes de tudo, dentro de nós e nós ‘nele existimos e nos movemos’…  

Entre nós não há trocas, barganhas e nem tampouco condições pré estabelecidas, cobranças ou acordos; conversamos intimamente, sem medo,  nossos diálogos são francos e as vezes até ficamos contrariados um com o outro, mas no final, sempre encontramos um bom caminho e a vida flui, como deve ser, sem muitos mistérios; envolvida, no entanto, no seu mistério. Na Igreja do Carmo que, há 46 anos é comandada pelo Frei Cláudio, consegui, sem me afastar dos rituais tradicionais, recuperar a religiosidade, fiquei mais otimista e passei a ter atitudes que antes não tinha diante da realidade.

A lida com o cotidiano ficou mais leve, passei a acreditar mais em mim mesmo, nos meus potenciais, sobretudo enquanto cidadão. Deus pode nos ajudar no nosso destino, mas os responsáveis por traçá-lo somos nós mesmos. Frei Cláudio sabe lidar com a palavra de um modo especial, ele consegue imprimir um ritmo prosaico na missa, tornando-a atraente e útil, sem complicações ou palavras vazias, desconectadas da realidade. Na voz dele tudo ganha forma, o que parece distante sem sentido por ter sido escrito há milênios, torna-se lúdico, claro e de fácil compreensão, atual.

Suas pregações são diferentes, instigantes, animam, nos fazem pensar, revelam um Jesus que serviu de exemplo não só pela religiosidade, mas sobretudo pelos gestos de amor, rebeldia e inquietude. Um bons Pastor, que se estivesse de corpo e alma entre nós hoje não ficaria assistindo, passivo, aos absurdos do nosso tempo. Já teria se rebelado como fez antes, lançando mão mais de cidadania do que simplesmente de religiosidade. Isto por que não é a religião sozinha que transforma o mundo, mas aliada à política, a boa política, a que liberta e faz a história.

No coletivo e no particular, Deus nos serve de inspiração e sustento, mas quem arremata nossa “sorte”, somos nós mesmos. Ao trazer o Evangelho para o nosso tempo, Frei Claudio supera as barreiras da linguagem e nos faz compreendê-lo. Ele nos dá provas de que é possível viver a razão e a fé de forma construtiva e complementar. Embora alguns sacerdotes insistam em dizer o contrário, entre nós e Deus não existem pontes ou cancelas, ele é disponível para todos, indistintamente e a qualquer hora.

Por isso acredito em Frei Cláudio, na sua pedagogia didática e sugiro à Cúria que deixem uma porta aberta para o diálogo adulto, que permita a continuidade de frei Cláudio naquela Paróquia. Fica difícil aceitar e até imaginar que numa Instituição como a Igreja, o diálogo não seja o meio utilizado para superar quaisquer animosidades que por ventura existam. Sobretudo quando essas não comprometem a essência da liturgia. Ao contrário, agrega e aumenta o número de pessoas que recuperam a fé perdida.  Tolerância e diálogo são as duas palavras chaves. Com o Frei Cláudio no comando da Igreja do Carmo o conjunto da Igreja Católica tem muito mais a ganhar do que perder. 

Janeiro de 2014 – José Aparecido Ribeiro – Jornalista

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias relacionadas