O “dilúvio” que desceu sobre BH no último final de semana foi novidade para alguém?

Belo Horizonte esteve debaixo d’água novamente no último final de semana. Choveu ininterruptamente desde a madrugada de sábado (6) até a noite de domingo (7). Mas convenhamos, será que o “dilúvio” representa alguma novidade para esta época do ano?

Quem é honesto, tem autonomia e não está a serviço da prefeitura sabe que todos os anos nesta época a chuva vem em maior ou menor intensidade provocando o que todo mundo também já sabe: Alagamentos, desabamentos de encostas e rios correndo por cima de avenidas retirando o asfalto nos locais onde ele é mal colocado propositadamente.

Foto: O Tempo

Há exato um ano a capital foi notícia nacional em virtude dos “transtornos” causados pelo “excesso” de chuvas. Imagens que circularam nas redes sociais mostraram a “catástrofe” que chocou o país. Peço ao leitor que considere as aspas no sentido literal, pois na realidade não foi nada do que pareceu se não uma chuva forte como a deste final de semana que deixou vias intransitáveis e derrubou barracos dependurados onde não deveriam ser erguidos.

Tempestade do milênio

Quem tem memória deve se lembrar de que a chuva foi chamada de tempestade do milênio e desceu sobre a capital na noite de 29 de janeiro de 2020. No dia seguinte, vestindo roupa de combate, recém-chegado de jogatina no Uruguai, cercado por um batalhão de bajuladores o boquirroto decretou Estado de Calamidade e posou de bom moço para imprensa nacional, com direito a entrevista no Roda Viva, no Canal Livre e a instalação do gabinete de crise com transmissão ao vivo pela TV, pirotecnia do jeito que ele mais gosta e que os amigos empreiteiros necessitam.

Pela primeira vez o Brasil conheceu a verdadeira face e o desequilíbrio explícito do mandatário da capital de Mineira eleito pela massa atleticana e por fanáticos que não dissociam paixão futebolística com competência administrativa. Na verdade asfalto de pernas para o ar em BH não é novidade, sempre existiu quando a chuva é um pouco mais intensa. Alagamentos idem. Afinal o serviço é feito para durar até a próxima temporada de chuvas. Sempre foi assim e enquanto a cidade não eleger um cidadão honesto para governa-la, assim será.

Foto: Acervo BHTrans

Desde que assumiu a prefeitura em janeiro de 2015 Alexandre Kalil já convocou os holofotes da mídia obediente pelo menos cinco vezes. Com cara de taquara rachada, fingindo comoção prometeu resolver todos os problemas causados pelas chuvas no Vilarinho, na Av.Teresa Cristina, Av. Prudente de Morais, Av. Bernardo Vasconcelos, Av. Andradas e em várias outras, sempre batendo no peito e assumindo sozinho a responsabilidade. Ele fala e os súditos aplaudem.

Prefeito assume responsabilidade da boca pra fora e é aplaudido

Teve coragem de dizer em alto e bom som publicamente que a culpa da morte de mãe e filha afogadas no Vilarinho presas dentro de um carro no ano passado era dele, mas que aquele assunto estava com os dias contados, seria resolvido. Como sempre a imprensa monta barraca, os eleitores aplaudem, o MP finge que não viu e tudo segue como d’antes no quartel d’Abrantes.

Também no ano passado, a Av. Prudente de Morais e a Praça Marília de Dirceu onde ele mora, viraram rio, graças à falta de manutenção em uma biruta na Barragem Santa Lúcia que fez o Córrego do Leitão transbordar e correr por cima da avenida, arrancando o asfalto. O prefeito fez questão de deixar os reparos por último. Obra que poderia ter sido feita em uma semana, levou mais de 100 dias, ele queria mostrar que os estragos foram maiores do que de fato eram.

Foto: Acervo PBH

Kalil sabe que a memória do povo que o elegeu e que é vitima das suas bravatas, também é curta. Sabe que a mídia está do seu lado, afinal seu silêncio é pago a preço de ouro em anúncios publicitários que somaram de fevereiro de 2020 a janeiro de 2021, R$47 milhões. Isso inclui jornalistas jabazeiros que transferem para São Pedro a responsabilidade deste e de outros agentes públicos que não cumprem com suas obrigações.

A última chuva é sempre maior que a penúltima

Dar-se sempre um jeitinho de dizer que a chuva desta vez foi maior, e que em um dia desceu água no volume que era previsto para o mês inteiro. Eles sabem o que precisa ser feito, a cidade tem dinheiro, mas o dinheiro é usado para cestas básicas e auxílios que viram voto. Sempre o mesmo lero-lero inútil que aprenderam com a esquerda. Apenas 20% das obras previstas para a cidade no último ano foram executadas e ninguém se manifesta.

Enquanto isso o Ministério Público dorme o sono dos “inocentes”, de férias junto com a Câmara Municipal na sua árdua missão de Casa autômata servindo o prefeito como puxadinho do seu gabinete. A exceção vale para meia dúzia que acabaram de chegar, alguns mal saídos das fraldas, bem intencionados achando que descobriram a roda, iludidos com o toque da banda sem saber como funciona de fato os bastidores da PBH e seus arranjos com a CMBH. Tristeza é a palavra que resume o sentimento de quem consegue ver além das aparências.

José Aparecido Ribeiro é jornalista independente em BH.

Contato: jaribeirobh@gmail.com – whatsapp 31-99953-7945 – www.zeaparecido.com.br

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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