O pior trânsito do Brasil é aqui em BH, não por acaso

Foto: Viaduto Célio de Castro – Portal Uai

Pelo segundo dia consecutivo a população de BH sente os efeitos do retorno à rotina no trânsito. O ano de 2020 começou de fato ontem para quem desloca pela cidade. Diferente dos anos anteriores existe o agravante da frota ter aumentado em pelo menos 200 mil veículos, ultrapassando a casa dos três milhões só na Região Metropolitana. Trata-se da R.M com a maior taxa de motorização do país e elevação de 7,5 % nos emplacamentos de 2018 para 2019.

Taxa de motorização segue crescendo a passos largos

Números preocupantes que revelam uma taxa de motorização na ordem 0,68% per capta só na capital, podendo chegar rapidamente a 1%, ou seja, um veículo para cada habitante em menos de cinco anos.  BH tem hoje nas ruas 2,3 milhões de veículos e em 2024 terá 2,6 milhões. Somado a isso, há vários trechos de vias importantes fechados em virtude dos “estragos” provocados pelas ultimas chuvas de janeiro e que não receberam reparos por razões diversas, nenhuma delas minimamente razoáveis.

Foto: Av. Prudente de Morais sendo recapeada – Portal Uai

Já se passaram mais de 30 dias da ultima chuva que caiu na noite da terça feira 28/1 causando danos a corredores importantes que seguem intransitáveis. A Sudecap – Superintendência de Desenvolvimento da Capital, trabalha para normalizar a situação mas o problema parece estar longe de ser resolvido, pois o prefeito está gostando da desordem. Na opinião dele, quanto mais tempo a cidade continuar lembrando das chuvas, melhor para a sua campanha à reeleição. Prova do despreparo que vem marcando sua trajetória política.

Estresse por falta de fluidez que provoca acidentes

Quanto pior o trânsito, maior o tempo de deslocamento aumentando também o estresse e o risco de acidentes. A falta de fluidez tende a deixar o motorista mais irritado e propenso a acelerar quando consegue sair dos engarrafamentos, e isso acaba em acidentes. A única via expressa que BH possui de fato é o Anel Rodoviário, embora a via seja uma rodovia federal. Para cruzar a cidade de norte a sul, a melhor opção é dar a volta pelo Anel Rodoviário, ainda que isso signifique maior consumo de combustível e risco de acidente. A Via Expressa de direito que a cidade possui não é de fato, ela possui sete interrupções de tráfego entre o Centro e o Coração Eucarístico.

De leste a oeste, não existe alternativa se não passando pelo centro da capital enfrentando os sinais que funcionam normalmente em onda vermelha para não deixar o trânsito fluir. A política de contenção de tráfego da BHTrans é diametral ao que a cidade precisa. Um dos maiores desafios de governos futuros, já que este mostrou a que veio e não vai fazer obras, será a atualização do passivo de infraestrutura estagnado há 40 anos.

BH é a única metrópole do Brasil que não possui Vias Expressas sem interrupção de tráfego

Foto: Avenida Cristiano Machado – Portal Uai

BH é uma das poucas metrópoles mundiais que não possuem vias expressas sem interrupção de trafego. A engenharia aqui existe para execução de puxadinhos e de manutenções corriqueiras. A ordem dos gestores do trânsito e do próprio prefeito é não fazer obras, acreditando na política do quanto pior melhor. Na cabeça deles, trânsito ruim desestimula o uso de veículos e leva a população para o transporte publico (ônibus) ou bicicleta. Erro crasso de interpretação da realidade, caro para o meio ambiente e para própria economia da cidade.

O pior trânsito do Brasil e terceiro pior da América Latina por razões objetivas

Foto: Av. Cristiano Machado próximo em frente ao MInas Shopping – Portal Uai

BH foi eleita em 2017 a cidade brasileira com o pior trânsito, segundo dados da Cia. Inrix, empresa Norte Americana que mede a perda de tempo no trânsito de metrópoles em todo o mundo. A capital mineira perde apenas para Bogotá/Colômbia, e Cidade do México, a primeira com 218, e a segunda com 272 horas de congestionamentos. Em 2009, veio a BH o ex-prefeito de Bogotá, Henrique Penalosã, na condição de consultor, pago a preço de ouro pelo então Prefeito Márcio Lacerda, com o objetivo de implantar aqui o modelo Colombiano de mobilidade, (BRT e Bicicletas).

Não é por acaso que a cidade que ele foi prefeito, se tornou a segunda pior em mobilidade do mundo e BH a terceira. Isso ninguém Lembra. A população da capital perde todos os anos 202 horas parada em engarrafamentos por que a política do estreitamento de vias e dos puxadinhos tomou o lugar das obras de arte da engenharia, com o aval de especialistas que ganham com o caos, especialmente os que trabalham com levantamento de “origem/destino”…

Paradigmas que só fazem o trânsito piorar a cada dia

O problema não é falta de dinheiro para atacar os mais de 200 gargalos que esperam por soluções de engenharia em uma cidade que a topografia grita em defesa da população (viadutos, túneis, trincheiras, passarelas, elevados e eliminação de cruzamentos), mas os paradigmas que precisam ser quebrados e que acompanham a mesma equipe que cuida do tema há nada menos do que 35 anos. Pasmem, são os mesmos “especialistas” repetindo a ladainha de sempre e assistindo de camarote o trânsito da cidade piorando a cada vez mais.

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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