O que desejo para Fuad Noman como prefeito de Belo Horizonte

Belo Horizonte espera por obras há 50 anos, elas dependem de decisões políticas, uma pitada de ousadia e coragem. Quem sabe Fuad Noman surpreenda os belo-horizontinos?

Foto: Amira Hyssa – PBH – Prefeito Fuad Nomam (PSD)

Leitores que me acompanham e sabem do meu envolvimento nos assuntos da cidade, em especial nos tema ligados à mobilidade urbana e ao turismo, me mandaram mensagem perguntando se eu não vou me manifestar sobre a renúncia do prefeito Alexandre Kalil para disputar o governo de Minas, encerrando sua carreira política. A palavra que resume o meu sentimento é alívio. Olhem para a cidade e tirem suas próprias conclusões, ela fala por si, nunca foi tão maltratada. Kalil protagoniza a tragédia viva de uma cidade que agoniza.

Kalil não fez mais do que cumprir sua promessa de governo – de não fazer nada – para um eleitorado que não sabe diferenciar “bife de caçarolinha” com “rifle de caçar rolinha”, expondo o pecado original da democracia que permite a qualquer um, o que jamais deveria ser para “qualquer um”: o exercício da política. Fazer o que prometeu (nada), estaria de bom tamanho, mas ele conseguiu acelerar a decadência a níveis inimagináveis. Sua incapacidade à frente da coisa pública vai além das aparências. Sinto tristeza ao andar pela cidade, ela chora.

Portanto, ao invés de comemorar a saída de Kalil, mostrando o que ele fez e é facilmente perceptível por qualquer cidadão minimamente honesto, prefiro convidar o novo prefeito, o economista Fuad Noman, para deixar seu gabinete e pegar a direção de um veículo, coisa que Kalil nunca fez em 5 anos, e andar pela cidade com olhos atentos, de preferência sem a presença dos bajuladores. A cidade tem um passivo de 50 anos sem obras estruturais que custarão R$50 bilhões para atualizá-la.

Foto: Portal Uai – Av. Cristiano Machado

Evidente que Belo Horizonte não tem esse montante para fazer as mais de 200 obras de arte que ela precisa para dar fluidez mínima ao trânsito e permitir uma melhor qualidade de vida. Foram sucessivos mandatos marcados pela mediocridade que vieram depois de Maurício Campos e que se agravaram com a chegada do PT na Prefeitura em 1992, com eleição de Patrus Ananias. De lá pra cá o que estava ruim só piorou, a cidade mergulhou na decadência e nela permanece a passos largos.

No entanto, com a capacidade de endividamento que BH possui e o que ela tem em caixa, é possível começar a fazer as obras necessárias, em especial aquelas que não podem mais ser empurradas pelo poder público municipal e que dependem da boa vontade da engenharia (Sudecap e BH Trans), e de um esforço, este sim sobrenatural da Câmara Municipal, ocupada por gente comprometida com os interesses umbilicais, alguns com mais de 6 mandatos.

Os gargalos de BH quando tratados recebem puxadinhos paliativos com prazo de validade. Vale a pena citar alguns: Trevo do BH Shopping, construído em 1978, permanece o mesmo até hoje. Logo abaixo, cruzamento de Av. Raja Gabaglia, com Av. Barão Homem de Melo e Rua José Rodrigues Pereira. O Buritis é o bairro mais populoso de BH. A topografia ali grita para que os engenheiros deixem o lugar comum e apresentem soluções definitivas.

Foto: PBH – Av. Cristiano Machado com Av. Sebastião de Brito

Chegada da BR 040 no bairro João Pinheiro, viaduto que passa por cima do Anel Rodoviário e liga a BR 040 a Av. Delta. Construído em 1972, inaugurado pelo prefeito Oswaldo Pierruccetti é a prova incontestável do abandono e do descompasso do poder público municipal com a mobilidade. Não adianta varrer para debaixo do tapete 2,4 milhões de veículos em circulação. Passar por este gargalo é um martírio diário a qualquer hora do dia, em 6 dias da semana.

Cruzamento da Av. Cristiano Machado com a Av. Sebastião de Brito e Rua Oscár Castanheira no bairro Dona Clara. Por si só a prova da incompetência e acomodação dos técnicos da Sudecap e da BHTrans. Logo à frente, na estação Waldomiro Lobo mais um gargalo inadmissível para uma cidade que pretende ser internacional.

Pior do que os já citados é o gargalo em frente ao shopping Estação e a nova Catedral. Por ali passam os homens que governam o Estado, os que nos representam em Brasília, e os que dirigem a prefeitura, sempre que deslocam para o Aeroporto Internacional. Inexplicavelmente, é como se não existisse o problema crônico que espera por soluções há décadas.

Foto: BHTrans – Av. Cristiano Machado -Estação Waldomiro Lobo

Os quatro maiores corredores de trânsito da capital mineira, Av Amazonas, Av. Cristiano Machado, Av. Antonio Carlos/Pedro I e Via Expressa possuem juntos 250 semáforos que impedem a fluidez do tráfego em menos de 50km de vias. Eles não deveriam existir fora do perímetro do hipercentro. E para agravar, são programados para funcionar em onda vermelha, com a falsa ilusão de proteger o pedestre de atropelamentos.

Não existe uma única via, nos mais de 5 mil km de ruas e avenidas da capital de Minas Gerais cujos sinais funcionem em onda verde, evitando estresse, poluição, gasto de combustível desnecessário e previsibilidade para tempo de deslocamento. Por toda a cidade são mais de 200 pontos que impedem a fluidez, mas a conexão dos quatro maiores corredores, transformando eles em vias expressas sem interrupção de tráfego depende de 30 intervenções de engenharia, relativamente fáceis de serem executadas.

Foto: Portal Uai – Trevo do BH Shopping

A mobilidade é o assunto que mais afeta a vida de pobres e ricos em Belo Horizonte, e não é só por falta das obras que a cidade já deveria ter feito há 30 anos, mas por acomodação, preguiça e incompetência do grupo que cuida do assunto há 35 anos, o mesmo grupo político que comanda a BHTrans e a Sudecap e tem fortes laços com o Partido dos Trabalhadores – PT.

É sobre este tema que sugiro ao prefeito sair do lugar comum, não ouvir passivamente os ideólogos da mobilidade que não deixam a cidade evoluir, os petistas que vivem da desgraça alheia, com destaque para Maria Caldas. Ele precisa ter coragem, autonomia e visão de futuro para começar o que levará décadas para ser corrigido. Quem sabe Fuad Nomam honra a investidura de prefeito e cumpra a missão que recebeu? Desejo boa sorte e distancias dos disseminadores do atraso, os verdadeiros inimigos.

José Aparecido Ribeiro é jornalista e membro do Observatório da Mobilidade.

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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