O que fizeram com a autonomia médica no Brasil?

A autonomia médica sofreu um duro golpe durante a pandemia da Covid-19 que deixou marcas profundas, e elas permanecem

Foto: Freepik

Por: Dr. Jandir de Oliveira Loureiro Junior – Médico Emergencista, Especialista em Diagnóstico por Imagem

Nunca a autonomia médica esteve tão ameaçada no Brasil como no pós-pandemia. Seu fim, em contexto de profundas mudanças políticas acirram ainda mais os ânimos. Fato é que a pandemia deixou marcas profundas que estão longe de cicatrizarem. Mesmo com o fim da ESPIN (emergência saúde pública de importância nacional), o debate científico a respeito do tratamento da COVID-19 permanece interditado e a classe médica rachada.

Os desafios se agigantaram, agora com a síndrome pós-covid e as reações adversas pós-inoculações. Temas espinhosos postergados ad eternum. Aquilo que começou com uma discussão no melhor estilo Fla-Flu e uma mistura indevida de política e interesses financeiros mercadológicos, produziu consequências nefastas e imprevisíveis. A primeira delas, uma forte e irreversível cisão dos médicos que trataram COVID-19 e os demais que seguiram a manada.

Mesmo com as tentativas de unir a classe médica, aqueles que seguiram sua consciência e o juramento hipocrático tratando seus pacientes com as melhores evidências, não entram mais em acordo com os adeptos do “fica em casa e só procure o hospital em caso de falta de ar”. Esses últimos, sempre com a mídia “a tira colo” e dotados, invariavelmente, de uma prepotência de quem jamais vai querer reconhecer erros, e talvez, o maior de todos não tratar e conduzir os pacientes para respiradores.

Agora é a vez do “só as ‘vacinas’ salvam” e insistem em ignorar as mortes e os efeitos adversos pós-inoculações, e pior, sequer consideram uma possibilidade de diagnóstico e tratamento. Mais uma vez, o paciente ficou em segundo plano. A politização do tratamento da COVID-19 e das reações pós-inoculações oportunizou rótulos injustos como negacionistas, bolsonaristas, entre outros adjetivos, para os médicos que propõem algum, ou que se manifestam sobre o tema publicamente nas redes sociais. Parece que isso veio mesmo para ficar.

Desde o momento que tiraram o médico da condução do combate à pandemia, como a demonização de drogas reposicionadas, conhecidas, baratas e sem patentes, a situação nunca mais voltou ao normal. A desconfiança implantada por aqueles que desejavam derrubar político A, B ou C, além dos claros conflitos econômicos em privilegiar drogas novas, recém lançadas, patenteadas pelas Big Pharmas, mesmo que para isso fosse necessário atacar médicos e cientistas renomados que destoavam do discurso único.

Estranhamente, médicos e cientistas com alto index-h passaram a ser classificados como divulgadores de fakenews. Os ataques coordenados e repetitivos a esses profissionais mostram um forte poderio econômico e estratégias de neuromarketing, controle das redes sociais, além de uma imprensa venal que usa a saúde ou ausência dela como arma política. O que está na moda é manipular meias verdades de acordo com a vontade do grupo dominante, antes auto-intitulado de consórcio de imprensa e que agora juram ter sido encerrado.

Outra moda incômoda para médicos que buscam as melhores evidências para seu paciente é a burocratização da medicina. Inspirados e retroalimentados pelas OMS, CDC, FDA e também pelas entidades médicas locais que dão a famosa carteirada por reproduzir a narrativa aceita pela maioria, seguem empurrando protocolos burocráticos e ineficazes. Tal proposta de protocolização da medicina foi reforçada num contexto político de interferência estatal, trazendo a oportunidade de achincalhar ainda mais aqueles que divergem dessas condutas.

Porém, os mesmos que diziam que o tratamento precoce para COVID-19 não existia, agora orientam o uso do paxlovid até o 3o dia conforme a bula do medicamento. Os mesmos que insistiram com o tóxico remdensivir que maltratou os rins de muitos ricos. Pobres deles!

Destaco os principais incidentes do período pandêmico no Brasil e que sirvam de lição para eventos futuros. Talvez o evento mais simbólico e prejudicial desse período de desarmonia foi a CPI da pandemia. Essa CPI foi marcada por inúmeros ataques a autonomia médica, os mais importantes: médicas maltratadas pelos senadores contrários ao tratamento da COVID-19 e o desprezo às informações trazidas por dois médicos infectologistas bem sucedidos com seus tratamentos. Um deles, posteriormente, recebeu busca e apreensão da Polícia Federal por uma pesquisa clínica com anti-androgênicos para COVID-19. Será coincidência?

Por outro lado, os senadores pró-“fica em casa” ouviram atentamente, uma bióloga que obviamente não detém experiência clínica e uma médica/cantora com pouquíssima experiência em COVID-19 ou qualquer outra enfermidade. Durante essa CPI, o senador Omar Aziz chegou a propor, pasmem, um projeto de lei para proibir o uso de medicamentos off-label. Posteriormente, ele retirou o PL e se retratou.

E para fechar com chave de ouro a chamada CPI do “circo”, médicos foram acusados de crimes inexistentes, como o crime de opinião sobre pandemia. O mais ilustre, simplesmente, o presidente do CFM em exercício na época, agora  ex-presidente, Dr Mauro Ribeiro que em uma entrevista reafirmou que a resolução 04/2020 seria mantida.  Uma resolução que permitia o uso off-label de (hidroxi)cloroquina, desde em comum acordo entre médico e paciente.

Ao longo da CPI, várias tentativas de calar os que lhe falam. A própria associação Médicos Pela Vida foi alvo de investigação e por determinação do STF tiveram o sigilo bancário quebrado e paralelamente, iniciou uma inquisição de empresários próximos que defenderam e apoiaram a causa por puro altruísmo. Alguém pode imaginar conflitos de interesses com drogas de patente quebrada? Pois é! Eles sim.

Recentemente, o CFM decidiu em plenária, emitir um parecer solicitando a Anvisa o fim da exigência de máscaras nos aeroportos. O que justifica o uso apenas na viagem? Mais uma situação ilógica e já está claro que o efeito protetor delas para COVID-19 é inexistente. E para piorar o clima de desarmonia, a Anvisa decidiu ignorar o apelo do CFM alegando que utilizou as melhores evidências para exigir o uso de máscaras.

A discussão sobre as medidas inócuas e fraudulentas está muito bem apresentado no artigo médico norte-americano Joseph Mercola , mas tudo poderia ser resumido num único item: trate o seu paciente aos primeiros sinais e sintomas. Simples assim. Olhando o Senado americano, observamos parlamentares questionando duramente as medidas pandêmicas. Num momento de pura catarse, a deputada Nancy Mace questiona a formação de uma censuradora do tweeter: “onde a senhora estudou medicina?”

No mais lamentável episódio de ataque à autonomia médica foi o registrado na Polinésia Francesa. Um  médico foi arrastado até o presídio por prescrever vitamina D e ivermectina. A medicina brasileira não pode chegar a esse nível de distopia. É urgente que a comunidade médica/científica chegue a um consenso sobre o diagnóstico e tratamento dos pacientes sequelados pelas inoculações experimentais COVID-19, situação agravada pelo discurso único de um consórcio de imprensa que na prática continua, e a censura de redes sociais, todos patrocinados pelos mesmos interessados, e com o intuito, não na manutenção da saúde mas da narrativa.

Currículo resumido do Dr. Jandir de Oliveira Loureiro Junior

Formado pela UNI-RIO, concursado na rede municipal do SUS – RJ, Pós graduado em Radiologia e Diagnóstico por Imagem e Medicina do Trabalho no Hospital Santa Casa do RJ  e RQE em ultrassonografia – Emergencista do Polo Gripal de Silva Jardim, município que mantém um dos menores índices de letalidade por Covid em todo o estado do Rio, ocupando o 7º lugar no ranking de menores taxas. E Coordenador das Lives Comunica Médicos pela Vida.

José Aparecido Ribeiro é jornalista

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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