Ouro Preto ganha Museu com acervo doado por casal franco-brasileiro. Abre sexta-feira (25)

O Museu de Arte Sacra Boulieu que abre nesta sexta-feira (25) em Ouro Preto, é único no Brasil

Foto: Casa da família de Maria Helena de Toleto Boulieu em Ouro Preto – Capela nos fundos

Por 50 anos o casal franco-brasileiro, Jacques Boulieu e Maria Helena de Toleto Boulieu viajaram pelo Brasil, América Latina, Europa e Ásia adquirindo preciosidades que irão compor o acervo do “Museu Caminhos da Fé” que será aberto nesta sexta-feira (25) em Ouro Preto. A maior parte é constituída por objetos de arte sacra, ligados à história dos Grandes Descobrimentos e à fabulosa expansão de Espanha e Portugal nas Américas e na Ásia a partir do século XV. (O Museu estará aberto ao público dia 14 de abril)

Para evitar a dispersão deste acervo o casal doou para Arquidiocese de Mariana, (Minas Gerais), cerca de 1.500 dessas obras, escolhidas entre as mais importantes, por seu caráter artístico, cultural ou histórico. O casal Boulieu se conheceu no Rio de janeiro onde Jacques desempenhava a função de diretor da SANOFI Parfumes e Maria Helena morava com a família. Casaram-se em 1959 em cerimônia prestigiada com a presença do ex-presidente Juscelino Kubitchek de Oliveira, que foi padrinho dos nubentes.

A trajetória do casal Boulieu

Maria Helena é pianista passou sua juventude em Minas Gerais, onde sua família ainda tem laços. Fez parte da secretaria do presidente Getúlio Vargas e depois da secretaria de Juscelino Kubitschek. Embora morando no Rio de Janeiro, a casa da família em Ouro Preto foi preservada e contém os restos de uma antiga mina de ouro.

Jacques nasceu em Lyon no dia 17 de junho de 1927, e tem hoje 94 anos – mantém o vigor de um garoto. Em 1951 mudou-se para Argentina, ainda com os horrores da guerra frescos na mente, com a missão de representar a Sanofi na America Latina. Filho de uma serrilheira sempre foi apaixonado pela arte medieval e por igrejas românicas, especialmente as góticas. Depois de dois anos na Argentina e Uruguai e mais quatro em São Paulo, descobriu Minas Gerais, vindo a se encantar pela arte colonial brasileira, que lhe remeteu as emoções da juventude, em especial pelas igrejas coloniais e pelo “barroco” brasileiro.

Foto: Acervo pessoal casal Boulieu

Logo após o casamento em 1959 o casal inicia uma série de incontáveis viagens. A preferência sempre foi por locais cuja arquitetura lhes despertasse interesse. Foi assim por todo o norte do Brasil, Peru, Bolívia, Equador, América Central, México, e além mar, com passagens pela Ásia. O casal seguiu os passos dos navegadores portugueses e de São Francisco Xavier, incluindo Índia, Malaca, Indonésia, todo o Extremo Oriente e Filipinas.

Museu Boulieu – Caminhos da Fé

O Museu de Arte Sacra, que será inaugurado nesta sexta-feira (25) em Ouro Preto e estará aberto ao público dia 14 de abril, é um dos poucos no Brasil e vai reunir peças de arte colonial mineira e de outras regiões brasileiras. Além de rica coleção de peças dos locais onde os descobertos e cristianizados, até às Filipinas, por Cristóvão Colombo, Vasco da Gama, Magalhães, Cabral e outros grandes navegadores ibéricos do o século XVI, passaram.

Este Museu mostra um conjunto diversificado e coerente de objetos de arte sacra do período colonial, da Ásia, América Latina e Brasil. A sua apresentação evoca a expansão da civilização europeia e da fé cristã no novo mundo dos Grandes Descobrimentos.

Recebeu apoio da Câmara Municipal e da Prefeitura de Ouro Preto, Iphan, Companhia Vale, Instituto Cultural Brasileiro do Divino Espírito Santo e Arquidiocese de Mariana. O projeto também recebeu da União R$8.114.647,52 da Lei: 8.313 para sua criação. A sessão jurídica e a viabilização do local, antiga Câmara Municipal, foi sustenta por defesa do experiente advogado José de Anchieta, presidente da centenária Associação Comercial e Empresarial de Minas – ACMinas.

A escolha de Ouro Preto tem sentido simbólico, pois é uma cidade tombada como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. O local do museu que é central tem a vantagem de possuir infraestrutura e espaço capaz de abrigar toda a coleção. Foi uma doação da Câmara Municipal e apoio devotado do prefeito Angelo Oswaldo, uma enciclopédia viva e atuante, e do arcebispo de Mariana, Dom Luciano Mendes de Almeida.

O edifício de 800 metros quadrados, e dois andares, foi construído por volta de 1920 e restaurado para abrigar a coleção que tem mais de quatro mil objetos dos quais 1200 constituem a doação do casal Boulieu. São esculturas, pinturas e ourivesarias, feitas nos mais diversos materiais, jacarandá maciço e madeiras exóticas, prata, marfim, “pedra sabão”, pedra de “Huamanga”, terracota, madeira policromada e dourada. O acervo reúne móveis, imagens e retábulos das regiões de Pernambuco, Maranhão, Bahia, Goiás e Norte.

Inclui também talheres, pinturas da época colonial e imagens esculpidas pelos descendentes de índios pré-colombianos, a América Latina ocupa um lugar importante. Vindas das lendárias terras distantes da Ásia, Índia, Ceilão e Filipinas, as imagens de marfim ou madeira enriquecem-se mutuamente com seu caráter exótico.

Como fiéis depositários de todo acervo, a Arquidiocese de Mariana ficará responsável pela conservação e apresentação das obras doadas.  O museu fica na Rua Padre Rolim, 412 – Centro de Ouro Preto. Das regiões do Brasil até o extremo oriente, a sua viagem de descoberta histórica e cultural da arte religiosa será inesquecível no “Caminhos da Fé”.

  • Fotos: Peças do Acervo do Museu Boulieu Caminhos da Fé.

José Aparecido Ribeiro é jornalista e presidente da Abrajet-Mg

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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