Para onde caminha o jornalismo brasileiro, reflexões e entrevista para a Rádio Verdes Pampas do RS

Tudo começa na formação feita por docentes cuja missão não é mais a de ensinar, mas de doutrinar

Esta semana recebi convite de um médico do Rio Grande do Sul, Dr Sérgio Ribeiro, para participar do seu programa na Rádio Verdes Pampas, que têm área de abrangência em toda fronteira oeste do estado na divisa com a Argentina, e sede na cidade de Santiago-RS. Link da entrevista à rádio Verdes Pampas: https://m.youtube.com/watch?v=AsU1Ch_lp-w

O tema da entrevista foi o jornalismo no Brasil, suas idiossincrasias e a minha livre opinião sobre a profissão que abracei depois dos 40 anos de idade e que atuo há 13 anos. Aceitei o convite, mas antes me dei conta da profundidade do assunto e fiz algumas reflexões que compartilho com você, te convidando para ler este arrazoado e em seguida assistir a entrevista acessível no link acima.

O compromisso com a doutrinação

Tudo começa na formação do jornalista, majoritariamente feita por docentes cuja missão não é mais a de ensinar, mas de doutrinar, 90% deles simpatizantes de ideologias de esquerda. Ao misturar ensino acadêmico com os interesses ideológicos partidários, acaba-se colocando no mesmo balaio o jornalismo de opinião e o factual.

O primeiro é permitido ao jornalista em caderno ou espaço específico, já a segunda opção, impõe ao jornalista/repórter, o devido distanciamento, sempre buscando o equilíbrio entre as partes envolvidas nos acontecimentos, dando espaço para o contraditório, ainda que suas crenças pessoais queiram falar mais alto.

Se não for assim o jornalista corre o risco de mandar para o telespectador, ouvinte, leitor ou internauta, a mensagem de que ele não possui discernimento para fazer julgamentos críticos. Portanto, a tarefa do jornalista é mostrar os fatos, sem tomar partido resguardando a consciência de que mantendo-se equidistante do que pensa o homem e qual é o dever do profissional, está cumprindo sua missão de informar.

O jornalista pode e deve ter lado, questionar, ser crítico e até militar nos fóruns próprios, sobretudo aqueles que servem para melhorar as condições de trabalho da categoria, a liberdade de imprensa, as prerrogativas garantidas por lei como o segredo da fonte. Ele deve lutar por justa remuneração e dignidade, mas jamais vestir camisas coloridas, sob pena de alienar o código da ética profissional e sua essência deontológica que devem ser inalienáveis.

A deontologia da profissão mandada para as cucuias

Quando descontextualiza, cria narrativas ou manipula a noticia de acordo com as suas crenças, interesses particulares da empresa que serve, do chefe e dos patrocinadores, transforma o jornalismo em uma espécie de religião, levando os que têm opinião contrária à categoria de inimigos. Chegou a hora da autocrítica, deixar a resistência de lado, e voltar a praticar o ofício em sua plenitude, como mostra os registros profiionais ai  longo da história do bom jornalismo, fazendo da profissão uma das mais importantes.

Porém se a decisão for tomar partido, defender crenças ideológicas ou preferências no campo político, ainda que elas possam ser justas, o jornalista deve deixar a carreira, ou pausá-la e ingressar na política, como fizeram vários ao longo das últimas décadas, alguns com sucesso. O exercício da profissão pautado pela conveniência do que é decidido na redação, via de regra para atender o departamento comercial, os acordos eventualmente espúrios, deixa de ser jornalismo e vira publicidade ou lobismo.

Garantir o emprego é justo, legitimo e até recomendável, desde que a reputação e a carreira não estejam a serviço da publicidade ideológica e de projetos anti republicanos. Com efeito, a imprensa fazendo papel de religião deve ser motivo de preocupação para toda a sociedade, pois existe um acordo tácito de confiança que pressupõe franquia ao jornalista de um lugar especial e privilegiado de testemunha dos fatos, devendo ele retribuir com isenção, senso de justiça e retidão. A quebra desta confiança é pecado mortal para o jornalista.

A prova de que algo está fora do prumo é ouvir a própria mídia se auto determinar “grande”, ou “nacional”. É assistir alinhamentos como os do “consórcio de imprensa” em defesa de mantras ou de verdades preestabelecidas, combinadas em bastidores. Basta lembrar do comportamento da imprensa durante a pandemia, quando a propaganda tomou o lugar da investigação e do jornalismo, eliminando o contraditório do palco dos acontecimentos. Só teve espaço na agenda sething quem pensava igual a OMS.

O jornalismo deixou de operar de acordo com a sua natureza e passou a agir como agência de política pública de saúde, monopolizando a “verdade”, desconsiderando inclusive a própria ciência que ele diz defender. Passaram pano para agências internacionais, como a OMS, atestando sua idoneidade como se ela fosse ocupada  por deuses, e não por homens falíveis, inclusive passíveis de suborno e comportamentos imorais.

Os resultados de políticas desastrosas de lockdowns, máscaras inúteis, “vacinas” com tecnologias experimentais, imposições de terapêuticas caras, no lugar de remédios consagrados e reposicionados, se mostrou um desastre que a história haverá de revelar. A imprensa foi cúmplice e participe de tudo isso ao negar o debate e sustentar narrativas encomendadas.

Uma coisa é informação sobre a realidade, outra é tentar criar a realidade que o jornalista acha que é a melhor para o seu público, e é isso que vem acontecendo com os principais veículos de comunicação no Brasil, com destaque para os 34 que compõem o consórcio de imprensa criado durante a pandemia sob a batuta da bigfharma e de governos totalitários. Perdeu-se a conexão entre o que é a natureza do jornalismo e a realidade factual.

Recomendo texto de minha autoria, escrito em março de 2020 e que teve mais de 10 milhões de visualizações: https://zeaparecido.com.br/blogueiros/globo-manda-as-favas-a-etica-jornalistica-e-parte-para-o-ataque-a-bolsonaro-disposta-a-derruba-lo/

É hora de um debate adulto, isento e crítico do jornalismo brasileiro, antes que a credibilidade siga para o mesmo limbo da ética, hoje em cheque, colocando em risco todo o legado daqueles que exercem e exerceram a profissão com retidão e compromisso com a informação.

José Aparecido Ribeiro é jornalista e presidente da Abrajet-MG

www.conexaominas.comjaribeirobh@gmail.com – WhastApp: 31-99953-7945

Mande sua sugestão de pauta, colabore com  o Blog anunciando e doando pelo pix: 31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias relacionadas