Polícia Militar de Minas Gerais, omissão que pode terminar em tragédia

O que é emergência para a polícia militar de Minas Gerais? 

Foto: Freepik – Festas que atravessam a madrugada

Foi na madrugada do último domingo (13) que me senti órfão de uma das instituições que mais respeito: A Polícia Militar de Minas Gerais – PMMG. O bairro Vila Paris, onde moro é endereço do Mosteiro de São Bento, local de moradia de 50 freiras enclausuradas, algumas delas enfermas e com idade avançada. O Mosteiro ocupa área de mata e é cercado por vegetação densa com fauna diversificada, espécies raras habitam a reserva.

Nas ruas que serpenteiam o Mosteiro ouve-se os passos e os sons de grilos, tamanha tranquilidade. Só circula pela região quem mora ali, e o local abençoada pelo silêncio no meio da selva de pedras da cidade. Uma das características mais marcantes do Vila Paris é o sossego. O silêncio é quebrado diariamente às 7h e 16H50 pelo sino do Mosteiro, ouvido de longe em horários permitidos e que agradam a vizinhança.

Foto: Mosteiro de São Bento – Vila Paris – BH

Nos últimos finais de semana tem sido recorrente a realização de  festas que atravessam a madrugada até 4h da manhã, sem direito a intervalos. O repertório é variado, de axé, a música eletrônica, passando pelo sertanejo e até “bate estaca”, toda sorte de mal gosto imaginável, atentando contra ouvidos habituados com os sons de passarinhos de quem mora na região.

Tudo isso se deve a uma casa na esquina das ruas Araújo Ribeiro e Costa Pinto, onde funciona um antiquário, que vem sendo alugada para festas clandestinas marcadas pelo som estridente e gritarias incessantes que varam a madrugada.

A quem recorrer? Se a sua resposta foi à Policia Militar, acertou, e foi o que fiz, em vão, na madrugada do último domingo (13) depois de esgotar a paciência. Durante o dia o assunto pode ser da prefeitura e do ministério público, mas durante a madrugada, é a PM que deve cuidar dos excessos.

Foto: Mosteiro de São Bento – Fachada

Tomado pelo sentimento de impotência liguei para o 190: uma, duas, três, quatro vezes. Na última o atendente já irritado me responde da seguinte maneira: “sua reclamação está registrada e quando for possível uma viatura será deslocada para o local da ocorrência, não adianta ficar ligando. Este telefone é apenas para emergências”.

Pergunto ao atendente o que ele entende por emergência e o que ele achava da ideia de eu mesmo ir até o local e tentar uma negociação para baixar o som, já que passava de 2h da madrugada, pois precisava acordar cedo no dia seguinte. A reposta mais uma vez me surpreende. “Isso é problema do senhor, se o fizer assuma as consequências”. De vítima a marginal em dois tempos, caso o pedido virasse bate boca com consequências imprevisíveis.

Insisto, o que é emergência para a Polícia Militar, caro “atendente”? O telefone foi desligado propositadamente na minha cara e ficou mudo. Sem resposta e tendo que ouvir o som no meio da madrugada, sentei na cama e esperei até às 3h. Pergunto ao Comando na Política Militar que tanto respeito: o que está acontecendo com a instituição que nunca nos decepcionou? Será um desvio de um atendente do Copom mau humorado? Tomara que sim.

Imagine-se cansado e com o dever de acordar a 7h do dia seguinte para compromissos inadiáveis, sendo obrigado a privação de sono em virtude de uma festa que você sabe ter ultrapassando todos os  limites da Lei e do bom senso? Não se trata de uma noite de sono perdido apenas, que já seria gravíssimo, mas dá sensação de impotência, indignação e aviltamento diante de uma ilegalidade.

Direito ao sossego é garantido por Leis municipais e federais

O direito ao sossego é garantido em leis municipais e federais, mas nas madrugadas de Belo Horizonte a lei não tem sido respeitada por quem pratica atos ilícitos e por quem deveria garanti-la, a Polícia Militar, ao tratar o tema como  pequeno. É a polícia que precisa intervir nos momentos que exigem pronta atuação, e não o próprio cidadão incomodado. É infrator, a polícia presenciou, ela deve autuar, e não tratar da maneira como foi relatado aqui, com gravações disponíveis para as autoridades comprovando minha denúncia.

O que aconteceu comigo na madrugada de domingo (13) é assunto sério que precisa ser encarado com firmeza pelas autoridades municipais e estaduais, não apenas na zona sul, mas em todos os bairros de Belo Horizonte, pois os relatos de abusos se multiplicam. Privado de sono um cidadão de bem pode virar um animal feroz.

A perturbação do sossego costuma ser estopim para conflitos que podem terminar em tragédia, e cabe a PM evitar que isso ocorra. Se o contingente de policiais e viaturas não está sendo suficiente para as ocorrências, cabe ao Comando da PM agir rápido para que a logística seja oferecida e a segurança garantida. O que não pode é o Copom dizer que o assunto não é prioridade, pois essa omissão vez por outra termina em conflitos fatais que poderiam ter sido evitados.

José Aparecido Ribeiro é jornalista

www.conexaominas.comjaribeirobH@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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