Preço do queijo minas dispara e vendas despencam no Mercado Central de BH

Foto: José Aparecido Ribeiro – Fátima Costa, herdou do pai a Casa Costa, e está no Mercado há 30 anos.

O queijo minas artesanal que antes da pandemia era vendido a R$19 o kg no Mercado Central de Belo Horizonte, hoje é ofertado a R$32 o kg, um aumento de 65%. Os mais procurados no tradicional centro de compra que completou no ultimo dia 7 de setembro, 91 anos, são os da Serra da Canastra, das conhecidas cidades de São Roque de Minas e Carmo do Paranaíba.

Os queijos do Serro, de Araxá e os procedentes da região do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha são famosos. Água Boa e Pedra Azul produzem os melhores parmesãos. No mercado é possível encontrar queijo de todas as regiões produtoras do Estado que, por tradição, produz o melhor queijo artesanal do Brasil.

O queijo é produto turístico de Minas Gerais e atrai turistas para capital

Consumido não só na capital, mas por turistas que costumam viajar grandes distancias para visitar o Mercado, o queijo representa o estado como produto com certificação reconhecida internacionalmente. Recentemente Minas foi destaque em festival de queijo na França. BH não tem mar, tem bar e tem também queijos para todos os gostos, bolsos, e todos eles estão concentrados em um mesmo endereço, o Mercado Central no hipercentro da capital.

As justificativas para a escalada sem precedentes dos preços que subiram 65% em média são muitas, todas caindo sobre os ombros do produtor de leite, já que o comércio tem pouca margem para absorção de aumentos. De acordo com Caetano Santos, que é proprietário do Comercial Valadares Ribeiro, há 21 anos no Mercado, ele nunca tinha visto aumento tão grande. O comerciante lembra que junto veio a queda vertiginosa de 50% nas vendas. Caetano relata que os comerciantes do Mercado “estão todos apavorados, pois o cliente muitas vezes acha que a culpa é nossa e acaba não comprando”, conclui.

Foto: José Aparecido Ribeiro – Josiane Santos é gerente da Queijo Mania e trabalha no local há 8 anos

Outra testemunha dos aumentos abusivos do queijo é responsável pelo gerenciamento de uma das principais lojas do produto no Mercado, Josiane Santos da “Queijo Mania”. Ela também nunca viu o preço do queijo subir nesta velocidade. “Foi uma sequência de fatos que fizeram os preços dispararem, primeiro a pandemia; a escassez de chuva e a preferência pela venda do leite para as cooperativas, ao invés de vendê-lo para os produtores de queijo”, informa.

Josiane se diz preocupada com o futuro se não houver uma retomada do comércio urgente: “Já são sete meses de espera e o fôlego acabou”, vaticina a gerente. Ela desconfia que o leite esteja indo parar do outro lado do mundo, nas mesas de Chineses, por isso a escalada dos preços.

Foto: José Aparecido Ribeiro – Oferta que antes da pandemia era R$19 em média o kg, hoje está R$32

Há 30 anos administrando a Casa Costa, fundada pelo seu pai há 62 anos em 1958, a empresária Fátima Costa atesta uma queda estimada de 70% no seu negócio.  Ela relata que houve pânico no inicio, mas que “agora está pingando as vendas, embora continuem baixas”. De acordo com Fátima, quando a pandemia começou, ela recebeu informações de fornecedores de que os produtores de leite, com medo de uma super-oferta do produto, passaram a dar remédio que faz o leite das vacas secar, reduzindo drasticamente a produção.

Foto: José Aparecido Ribeiro – kg do queijo dispara e assusta frequesia.

disse ainda que num primeiro momento “todos os comerciantes entraram em pânico e venderam o queijo abaixo do custo com medo de perder a mercadoria em estoque”, relata. O mesmo ocorreu com os produtores que passaram a vender a produção do leite para as cooperativas: “As consequências disso estão aí para qualquer um ver, aumentos semanais que não param”, diz Fátima. A comerciante encerra lembra ainda que “as pessoas passam, olham o preço e vão embora, os que antes compravam um queijo inteiro, agora estão comprando só meio”, relata.

Aposentado é frequentador do Mercado há 70 anos e se diz estarrecido com o preço do queijo

Para quem visita o Mercado Central semanalmente há 70 anos, como José P.R. (87), que se diz triste em ver o local vazio e com tantas lojas fechadas, a solução é comprar menos, relata o aposentado que antes levava dois queijos por semana, um para neta e outro para ele e a esposa que não abre mão do queijo pelo menos duas vezes por dia, relata.

Ele disse que agora é um queijo é dividido para ele, a mulher e a neta: “Essa pandemia trouxe além de pânico, muitos prejuízos para economia, e a gente percebe aqui quando olhamos os preços e os corredores às moscas”, informa com tristeza o cliente que pediu anonimato.

O aposentado acha que o pânico gerado com a pandemia deve ser atribuído não só ao vírus, que ele reconhece ser perigoso, mas “à imprensa que aproveitou da situação para aumentar a audiência mostrando só o lado ruim”, constata. O aposentado que é engenheiro civil despede-se com a seguinte mensagem: “Meu filho, eu já não acredito em tudo que vejo na TV, desconfio de quase tudo”, conclui. O simpático vovô é frequentador do Mercado desde 1950 e nunca viu o queijo tão caro.

José P.R. usava uma máscara com a frase: “Fora Kalil”, e preferiu não ser fotografado, pois segundo ele, todo mundo o conhece, já que é um ex-servidor público municipal de conhecida secretaria que cuida das obras da cidade.

José Aparecido Ribeiro é Jornalista em Belo Horizonte

Contato: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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