Por: Dr André Murad
“Em fevereiro publiquei dois posts alertando para a gravidade da epidemia por Coronavírus e a necessidade premente de medidas de prevenção e contenção de sua disseminação no país, inclusive com o cancelamento do carnaval! Tal postura não surgiu do acaso ou de algum surto de “achismo”, mas após um minucioso estudo que fiz dos casos de pacientes infectados na China, da forma e velocidade de transmissão do vírus, de suas características epidemiológicas e genômicas, da gravidade dos quadros em pacientes idosos e portadores de comorbidades e do comportamento dos pacientes mais graves, internados em UTI’s e revisando seus respectivos desfechos.
Pois bem, fui rebatido com mensagens indignadas, me acusando de “disseminador de fakenews”, agourento, exagerado, arauto do caos, contra o governo, contra o carnaval de BH, contra o prefeito e propagador de pânico e de histeria coletiva, pois “médicos famosos” e “fantásticos” e “jornalistas especializados em saúde” afirmavam que a tal “histeria coletiva” não passava de uma “gripezinha” de resolução rápida e de baixíssimas taxas de mortalidade. A despeito de incansáveis avisos, o caos aterrissou em nosso país! A “gripezinha” apresenta uma taxa de mortalidade de 18% em idosos e pacientes portadores de comorbidades (oncológicos, pneumopatas, diabéticos, fumantes, cardíacos) e vai exigir uma quantidade enorme de leitos de UTI, pois a única forma de reversão dos óbitos é a intubação e a ventilação mecânica precoces dos pacientes mais acometidos .
SÓ NA GRANDE SÃO PAULO, estima-se a necessidade de 4.000 leitos de UTI disponíveis para os infectados! Eu pergunto: quantos leitos de UTI livres para pacientes de coronavírus existem na grande São Paulo?????? Em MG? Em BH? No restante do Brasil? Haverá sim um alastramento descontrolado da infecção, que é de elevadíssima transmissibilidade: cada doente infecta 6 pessoas, ao menos! Ou seja, a escala é LOGARÍTMICA! Além de vidas humanas e sofrimento, essa epidemia representará um custo financeiro estratosférico, em um país que já se encontra em situação financeira aflitiva. E o que nos resta agora?
AGIRMOS COM RESPONSABILIDADE! Temos que nos manter unidos e operantes até a defervescência da epidemia, que certamente ocorrerá em 2 a 4 meses! Essa é a notícia auspiciosa! Mas até lá, precisamos de medidas efetivas de contenção de risco de contaminação, de bloqueios epidemiológicos enérgicos e que a maior parte dos recursos financeiros, materiais e humanos sejam empregados de forma racional e eficiente no melhor tratamento para os infectados !
André Murad”
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