Quinta-feira (7) de caos no trânsito de Belo Horizonte. A data coincide com os 10 anos do MOVE – Mistura de incompetência e passividade

Basta uma chuva ou um acidente na única via expressa que a cidade possui, para o caos se instalar – cadê o plano de contingências e as obras que BH precisa?

Foto: Reprodução Edição do Brasil – Transito de BH

Quem precisou enfrentar o trânsito de Belo Horizonte no final da tarde e início da noite desta quinta-feira (7) sentiu a pior das sensações, a de impotência no meio do caos. A cidade parou depois de uma chuva que durou pouco mais de uma hora. Tem sido assim nos últimos dias, meses e anos, e a culpa não é de São Pedro que, eventualmente, abre as torneiras do céu, mas de quem nos governa e não consegue apresentar soluções para a mobilidade urbana.

O nome correto disso na verdade é imobilidade, desleixo, incompetência, acomodação, preguiça, ausência de metas, impunidade diante da má conduta à frente de autarquias responsáveis pela gestão da cidade. É a malandragem imperando no serviço público municipal, salvo raras e honrosas exceções. Ninguém responde pelos prejuízos causados quando a  cidade para. E ela não para só por causa da chuva, ela para por que não existe um plano de contingência para ser acionado em situações de emergência.

Coincidentemente a quinta-feira (7) marca os 10 anos da inauguração do MOVE, (nome dado ao BRT, sigla em inglês para transporte rápido por ônibus) de Belo Horizonte e da região metropolitana, uma aposta dos governos Fernando Pimentel e Márcio Lacerda que prometia tirar carros das ruas e cujo tiro saiu pela culatra. O modelo foi copiado de Bogotá e da Cidade do México, e as duas cidades são as que possuem os piores trânsito do mundo. Não seria diferente aqui, onde o ranking está na terceira colocação com o pior índice de fluidez, onde se perde mais tempo parado em engarrafamentos.

Um erro estratégico que está custando caro para os munícipes belo-horizontinos. Os dois principais corredores do MOVE, Av. Cristiano Machado e Av. Antônio Carlos, dividas pela metade em espaço para o transporte individual e para o coletivo, na proporção de 27M de largura para o primeiro, e 23M para o segundo, é a tradução do puxadinho mal acabado que não deu certo, pois não se “move”. E não sou eu quem esta dizendo, é a realidade, basta ver as extremidades imóveis pela manhã no sentido centro e a tarde no sentido oposto. E nem vamos falar da Av. Pedro II sacrificada e constantemente paralisada.

Fato é que o modal não atende aos anseios do povo belo-horizontino e não possui apelos para que o motorista troque o transporte privado pelo público. A cidade possui uma frota de 2,5 milhões de veículos e quem está dentro de um ônibus ainda permanece por falta de recursos para se livrar do pesadelo que é depender de ônibus. Os que têm condições, não pensam duas vezes, optam pelo conforto e a mobilidade que o transporte público não oferece. Ambos os prefeitos foram alertados de que o BRT não seria o modal de transporte para BH – o correto seria o Monotrilho. Porém, confiando nas equipe técnica, a mesma que comanda a BH Trans e a Sudecap até hoje, seguiram com o plano, ou (Plamob) que não deu certo.

A cidade vive à deriva de sinais, com um déficit de obras de arte da engenharia que ultrapassa a casa de duas centenas de gargalos crônicos. Se não bastasse o atraso da infraestrutura, BH não conta com um plano de contingências para ser acionado nos dias de caos como foi a quinta-feira (7). Não é a primeira vez que chove um pouco mais do que o normal e nem será a última, mas a cada dia o déficit de infraestrutura acumulado de uma metrópole com 2,5 milhões de veículos vai ficando mais explícito, difícil e caro para ser resolvido.

O déficit fica evidente nas ocasiões em que acontecem acidentes fechando alguns dos poucos corredores que servem como via expressa, em especial a única que a cidade possui de fato, o Anel Rodoviário. E todo este caos não é por falta de dinheiro e recursos da engenharia, mas por leituras ideológicas da realidade, devaneios de palpiteiros românticos, incapacidade política de encarar o problema e resolvê-lo, além dos vícios entranhados na máquina pública cuja maioria dos agentes se contentam com soluções medíocres e esperam por aposentadoria. Não há compromisso com fluidez no trânsito em BH. A cidade anda em câmara lenta.

Presa sem se movimentar em centenas de ruas, por horas, a população é vítima de um grupo que bate ponto e tem compromisso só com os salários. Gente acomodada sem qualquer vínculo afetivo com a cidade. O prefeito, preocupado com a reeleição, parece alheios ao que acontece nos milhares de cruzamentos que não deixam o trânsito fluir. Não sabe que falta de fluidez gera estresse, desperdício de combustível, poluição, prejuízos financeiros e males para saúde. Esta é a realidade do belo-horizontino diariamente nos seus deslocamentos.

Alguns acostumaram com o cenário, mas em dias como hoje, até os mais acomodados e passivos não ficaram indiferentes aos caos. O tema permeia pelo campo da saúde pública se considerados os efeitos do estresse, da poluição, dos compromissos perdidos e do que isso representa na qualidade de vida das pessoas.

O exemplo da quinta-feira (7) serve para medir a desconexão do poder publico com a realidade da cidade, sua falta de compromisso, e desrespeito com os munícipes. O que tem sido cada vez mais recorrentes, sugerindo mudanças radicais na gestão politica e técnica da capital.

É espantosa a omissão das entidades de classe como SICEPOT, CREA, SINDUSCON, ACMINAS, FIEMG, OAB, CODESE, CDL e Outras

Prefeito Fuad Noman, tire a bunda da cadeira, deixe os projetos literários de lado por alguns instantes, desafrouxe o suspensório, assuma suas responsabilidades e circule pela cidade, você FOI ELEITO PARA ISSO.

José Aparecido Ribeiro é jornalista e presidente da ONG SOS Mobilidade Urbana

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

5 Comments

  • Se utilizarmos os corredores existentes para construirmos metros de superficie(ou tran) junto com a remodelagem do transporte por ônibus que só beneficia as empresas(eu me locomovo por onibus) em detrimento do conforto da populaçao (há linhas que o intervalo entre as saidas, em horário de pico , é de 40 minutos!!!!bizarro), e ao mesmo tempo “furando” a cidade toda para que se construa efetivamente um metrô que cruze a cidade de norte a sul, leste a oeste, entre outras orientações de suporte, a cidade volta a viver. Mas, depois de 50 anos ou mais sem obras de vulto, só um cara muito macho para fazer isso, bater na mesa e começar a fazer. A população tem a prefeitura que merece e a SUDECAP que merece, cheia de concursados de ar condicionado, sem vontade nenhuma de resolver nada a não ser as próprias vidas dentro do serviço público(suas viagens à Europa e a nova Hilux para “passearem” nos finais de semana pelo maravilhoso transito da cidade). São irresponsáveis pq nao cobram do prefeito a modernização da engenharia de tráfego, equipamentos modernos de controle e planejamento e projetos a longo prazo com previsão de execução. Desse jeito nada avança, procurem saber como o metrô de Paris (mil vezes mais complicado fazer qq coisa que BH) está sempre em reforma ou manutenção, Londres, etc. Não é questão de dinheiro somente, é de responsabilidade com a cidade. Comprem o livro Geologia Urbana, do prof. Edézio, e tenham um panorama real das possibilidades de metrô em BH. Abs

  • Gente acorda !!!! Qualquer chuva miúda paralisa o trânsito. Aqui pensa-se muito miúdo. Para resolver o gargalo Belo Horizonte / Nova Lima vão fazer 200 milhões em obras. Isso não dá nem para começar.
    Já que não fazem mesmo o metro de BH façam então ciclovias , é muito mais barato.
    E o “ Complexo da Lagoinha “ ? Tinham que implodir aquilo tudo junto com a rodoviária e fazer um super projeto viário.
    Enquanto tivermos Fuad, Kalil , Lacerda ,Pimentel etc nunca seremos uma metropole.

    • Ciclovias é para cidades planas meu caro,e olhe lá, não caia nesse discurso esquerdóide ridículo. Eu sou ciclista de estrada e corto a cidade de norte a sul, ninguem consegue “ir trabalhar” de bike, nós que pedalamos por esporte ja sentimos o esforço em subir morros e enfrentar daclives e declives desconfortáveis, fico imaginando um garoto de apartamento, um advogado de terno e gravata ou médicos (esses de branquinho, largarem suas Mercedes cheios de pompa e circunstância e pedalar em bh kkkk, é risível). Em Paris funciona pq a cidade é mais ou menos plana, ja morei lá e é possivel, mesmo assim, há uns morrinhos chatos (entre no google e coloque “rue de Belleville”, depois me conta se vc consegue subir, de terno ou jeans) e a MAIORIS da população usa o metrô pq é mil vezes melhor que bike. Duvido que vc pedale normalmente, tenho certeza de que tens uns 4 carros na garagem. Repense seus conceitos e pare de assistir televisão. Abs

  • Incrível como insistem no modal errado, nas obras erradas, aliás obras de maquiagem. As verdadeiras necessidades são jogadas para debaixo do tapete(asfalto). Pior é que entra prefeito e sai prefeito e não muda.

  • Parabéns!Até que enfim ouvi um protesto corajoso de alguém que falou a verdade sobre o que está se passando nesta cidade !É inacreditável a inércia de todos que sofrem diariamente com esta balbúrdia e não reagem.
    Parabéns maus uma vez Zé Aparecido que este seja o começo de uma reação para a melhoria e mudanças imprescindíveis para nossa cidade!

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