Na semana que o médico foi proibido de comemorar seu dia, uma reflexão sobre o papel do médico em uma sociedade perplexa com o desatino de um Judiciário partidário e sem limites!
POR: Dra. Ana Cristina C. L. Malheiros – Médica Psiquiatra Antroposófica
Na Medicina, a experiência médica vai sendo constituída na linha do tempo, criando-se, a partir de erros e acertos, o repertório técnico e medicamentoso do profissional.
Nos últimos três anos, diante da adversidade mundial na área da saúde, houve intensa mobilização ao redor deste tema tão relevante numa dinâmica que, em síntese, mostrou-se bastante positiva.
O individualismo exacerbado e a acirrada competitividade entre estes profissionais cederam o lugar à cooperação e interatividade. A intensa troca de experiências entre médicos no Brasil e no exterior tem criado condições cada vez mais frequentes de sucesso terapêutico, assim como de prevenção de doenças e promoção da saúde.
No caminho do conhecimento médico, as teorias são derrubadas ou confirmadas pelos fatos. Portanto, em ato de implícita humildade, é imprescindível a revisão de conduta, para reforçar ou substituir a estratégia terapêutica.
E deve o médico, assim, agir em liberdade, sem qualquer tipo de influência ou interferência, realizando o ato médico em favor da recuperação da saúde do paciente.
E é importante que seja desta forma devido a dois fatores principais: primeiro, porque, a assistência ao paciente é responsabilidade do médico, que não deve incorrer em negligência, imperícia ou omissão.
Segundo, é no encontro com o paciente que se dará a melhor conjunção possível entre a técnica e o humanismo. Esta é essencialmente a Arte da Medicina, que somente acontece com inspiração, empatia e confiança vivenciados em liberdade, tanto pelo paciente, quanto pelo médico, em verdadeiro encontro humano.
Este contexto, nos trouxe a oportunidade inigualável de encararmos, com clareza e maturidade, a realidade científica que nos foi imposta.
Há muitas décadas, estávamos sob manipulação de grandes grupos de interesse e de suas forças atuantes na mídia, nas decisões políticas e na própria gestão da Saúde, havendo definitiva influência exercida sobre a formação acadêmica e exercício da Medicina.
O médico do século XXI está mais consciente do seu papel. Desta forma, ao integrar melhor o conhecimento científico e a compaixão, o saber técnico, e principalmente a prática com liberdade, transforma-se em sabedoria.
Atuando com mais altruísmo e resiliência, auxilia também na transformação da vida do paciente, não somente na superação do quadro clínico, mas também no seu despertar de consciência.
Afinal, o médico saiu do campo de sujeição, imposto pelos grandes laboratórios farmacêuticos e seus patrocínios e passou a fazer pesquisas baseadas na necessidade do paciente e da sociedade, a partir de sua observação clínica e de sua prática médica.
Com isso, ele injetou forças criativas, forças de coragem para superação desses desafios contemporâneos, convergindo agora com a vida e não com as forças de morte, de doença, de manipulação e submissão.
Retirou o véu que o mantinha numa posição de hipnotismo ou de crença nas supostas altas qualidades das revistas científicas e dos artigos publicados sob subsídios de grupos de interesse.
Passou a questionar, a buscar a Verdade com o conhecimento baseado em evidências. Ao empreender esse movimento, ao olhar acima e além do convencionado, ele se deparou com realidade concreta também em outras áreas, como na política, no jogo de poder, na mídia e sua influência no comportamento humano.
Ao trilhar o caminho do enfrentamento de suas angústias, com responsabilidade e sincero compromisso, permite ao paciente fazer a mesma trajetória, potencializando crescimento mútuo.
Tornou-se mais capaz, mais livre e consciente para fazer a sua autotransformação e, convictamente, reconhecemos que, assim, contribui, poderosamente, para a renovação da medicina e da própria sociedade.
Para nos inspirar:
“Assim, digo que a Medicina é, em princípio, um caminho profissional, mas, essencialmente, um caminho de transformação, que se apresenta tanto para o paciente, quanto para o médico. Esta é a riqueza do encontro humano: a reciprocidade reverbera.
Numa analogia, a Medicina tem a imagem de um cálice em que ocorre a alquimia que transmuta a queixa e o sofrimento, em superação e esperança, pela ação do Amor altruísta e da Confiança.”
Dra. Ana Cristina C. L. Malheiros