Eles ajudam a esconder a feiúra de uma cidade governada por gente sem vocação para a coisa pública. O mesmo grupo há 30 anos
Em meio ao concreto e a paisagem árida de uma cidade que padece com o abandono de praças e espaços públicos, os Ipês Rosas contrastam com o azul anil do céu de Julho anunciando que a natureza é soberana, e que seus ciclos são perfeitos, ainda que eventualmente tenhamos a sensação que a seca e o frio não irão embora.
Todos os com anos, com a precisão de um relógio suíço os Ipês nos brindam com a sua exuberância, amenizando o sofrimento de quem conhece um pouco da história da capital mineira e a evolução da sua decadência. Para quem nasceu em BH e tem mais de 50 deve se lembrar de quem foi o responsável pelo plantio dos Ipês.
Devemos creditar o pouco que restou de idealismo na política belo-horizontina que já teve na prefeitura Juscelino Kubistchek de Oliveira, e que hoje é obrigada a tolerar Alexandre Kalil, na conta a de um prefeito que deixou saudade pelas obras e pelo capricho que tinha com a cidade. O nome dele é Maurício Campos, engenheiro nascido em Rio Pomba-MG. O ultimo obreiro que passou por estas bandas e que foi nomeado por Francelino Pereira.
O que a maioria dos belo-horizontinos não sabem é quem foi o autor do plantio dos Ipês, o Agrônomo Sebastião Ferreira, na época vindo da Universidade Federal de Viçosa, onde era professor. BH tinha na ocasião (1980) a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, cujo secretario era o Engenheiro Afonso Damásio e o vice Lindolfo Dornas.
Subordinada a esta secretaria o Departamento de Parques e Jardins, onde Sebastião era o Diretor. Um apaixonado pela natureza foi ele quem deu a cidade o título de CIDADE JARDIM. O ano era 1981, e ocorreu na época uma cruzada a favor do embelezamento, que incomodou alguns, mas agradou a maioria.
A missão incluía replantar arvores nas principais ruas e avenidas. Missão dada e cumprida com dedicação, e uma dose de paixão pelo ofício, coisa rara no serviço público municipal em 2021. A escolha da espécie não poderia ter sido mais feliz, já que os Ipês são perfeitos para o clima seco e quente.
Passados 40 anos, o legado de Sebastião continua encantando os Belo-horizontinos, seus visitantes e a geração que está chegando. O nome científico desta arvore frondosa que encanta cidadãos e estrangeiros é “Tabebuia pentaphylla”. Existem quatro variedades de ipês, amarelo, roxo, branco e rosa, o ipê-bálsamo, ipê-de-el-salvador, completa em setembro, o ciclo das floradas.
A duração da florada pode chegar a um mês e o porte da árvore varia de 15 a 20 metros. Diferente de outras variedades, como o ipê-branco, que normalmente dura alguns dias e é mais raro de ser encontrado o ipê-bálsamo, ipê-de-el-salvador dura várias semanas e embeleza a cidade, com destaque para a Praça da Liberdade, cartão postal mais visitado da Capital.
Saudades de Maurício Campos
Foto: Prefeito de Belo Horizonte Maurício Campos
Maurício Campos foi sem dúvida um dos prefeitos mais atuantes e progressistas que essa cidade já conheceu depois de JK. Falecido em 21 de março de 2020 aos 86 anos, deixa saudades, pois foi o ultimo a ocupar a prefeitura com alguma vocação para a coisa pública, por nomeação.
Todos que vieram depois dele sofreram a influência nefasta do mesmo grupo que domina a Prefeitura desde 1992, e que representa o atraso. Entra e saem prefeitos, eles continuam dependurados em secretarias e autarquias disseminando a pobreza, pois é delas que eles vivem há 30 anos. São sempre os mesmo, mudam apenas de posições e eventualmente os eleitores desavisados, que vivem de esmolas ou de alguma bolsa submissão.
José Aparecido Ribeiro é jornalista e presidente da Abrajet-MG
Contato: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945 – www.zeaparecido.com.br
- Crédito de Fotos: Jornalista Kátia Lage
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