Inaugurado em 1980, o Túnel da Lagoinha é o exemplo do desleixo e da acomodação de servidores da PBH
Foto: Hoje em Dia
Belo Horizonte vive o drama do descaso do poder público municipal com o equipamento urbano sem manutenção. A cidade nunca esteve tão suja e abandonada. A desculpa de que a pandemia impede que os servidores públicos cumpram suas obrigações não serve. Provas disso podem ser vistas no trânsito que mesmo com a redução na circulação de veículos em virtude da pandemia, continua o caos.
Exemplos da ineficiência saltam os olhos por toda os lados. A população parece ter perdido a capacidade de enxergar a feiura da cidade. Exemplo do pouco caso da prefeitura com o equipamento urbano é nítido no único túnel que a cidade possui, cuja iluminação deficitária, galerias repletas de vazamentos e sujeira generalizada saltam aos olhos.
O Túnel da Lagoinha é um trecho da Avenida Cristiano Machado, inaugurado em 1981 e ampliado em 1984. Possui duas galerias paralelas, uma em cada sentido, e uma inferior exclusiva para ônibus. Cada galeria foi batizada com um nome: sentido Centro chama-se Túnel Prefeito Souza Lima e no sentido bairro denomina-se Túnel Presidente Tancredo Neves. O túnel faz parte do Complexo Viário da Lagoinha. Se comparado com túneis como o Airton Sena em São Paulo, a sensação é de que a capital mineira parou no tempo.
Foto: Túnel Airton Senna – CTSP
Na mesma avenida, a Cristiano Machado, o gradio que separa o canteiro central não vê manutenção há pelo menos uma década, facilitando que pedestres atravessem com risco de atropelamento. O mato tomou conta e o que resta da proteção separando a bus way (pista exclusiva para ônibus BRT) das pistas laterais está amassado ou caindo. Ou seja, a sensação de quem chega ou vai em direção a Confins, é de total desleixo, remete a uma cidade sem governo.
Belo Horizonte é a capital do Brasil com o maior número de semáforos, eles somam mais de 1.200 (caixa preta da BHTrans). Porém, não existe uma única via onde eles funcionem em sistema de onda verde, o que deveria ser meta para dar fluidez ao trânsito. A falta de sincronia significa perda de tempo, gastos com combustível e emissões de poluentes ao meio ambiente e irritabilidade, com risco de acidentes.
Foto: Blog do Zé Aparecido
Nos três principais corredores de trafego, Av. Antonio Carlos, Cristiano Machado e Av. Amazonas, somados, são mais de 200 semáforos funcionando em onda vermelha. Os gargalos se multiplicam e não deixam o transito fluir, são mais de 200 e eles esperam por atitude do corpo de engenheiros da Sudecap e da BHTrans e olhar crítico do prefeito que não existe. Ele nem sonha que isso existe.
Servidores municipais acomodados, sem metas a cumprir
É nítida a acomodação dos técnicos que deveriam apresentar soluções para a cidade deixando ela esteticamente atraente e tecnicamente eficiente, mas eles fazem o básico, não são capazes de sair do lugar comum. Soluções paliativas, os famosos puxadinhos se multiplicam onde viadutos, trincheiras, túneis, passarelas e obras de arte da engenharia são substituídas por remendos medíocres.
Foto: Construtora Andrade Gutierrez
É importante lembrar que se não existisse hoje, muito provavelmente o túnel da Lagoinha não seria construído, não por incapacidade técnica da engenharia da cidade, mas pela ideologia que domina as mentes de quem comanda a Prefeitura desde 1992. Gente que defende uma cidade estática e não conseguem pensar no futuro. Urbanistas tacanhos que impendem a expansão com qualidade de vida para população, a maioria ativistas de esquerda.
José Aparecido Ribeiro é jornalista e membro do Observatório da Mobilidade
Contato: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945 – www.zeaparecido.com.br
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