Prefeito Fuad Noman, tire a bunda da cadeira, estique o suspensório e tome providencias, o trânsito de BH travou

A cidade possui mais de 200 gargalos que esperam por obras de arte da engenharia, mas os engenheiros da sudecap seguem discutindo o sexo dos anjos

Foto: Trânsito na Avenida Antônio Carlos

Por mais alienado que seja o cidadão comum, e devemos lembrar que a maioria é alienada, do contrário não votaria em políticos como Alexandre Kalil, é impossível para qualquer pessoa mediana ficar indiferente à situação do trânsito de Belo Horizonte. O assunto é de saúde pública, economia, engenharia ou falta dela. Aos 125 anos a cidade patina no quesito infraestrutura, impondo a população um estresse desumano e, sobretudo desnecessário, fosse os agentes públicos comprometidos e responsabilizados pela omissão.

E não é por acaso que a cidade caminha a passos largos para o que especialistas chamam de deadlock traffic: Mais do que paradigmas que precisam ser quebrados, a leitura equivocada da realidade atrasa as possíveis soluções. Com o agravante de que o assunto permeia pelo campo ideológico. O mesmo grupo de técnicos está dependurado há mais de 30 anos nos dois órgãos públicos que planejam a cidade, Sudecap e BH Trans, fazendo o básico. Eles são incapazes de tomar medidas mínimas para mudar a realidade de um trânsito que virou pesadelo, e agrava-se. Com raras e honrosas exceções, a maioria deles esperam por aposentadoria, acomodaram-se, gostam de vida mansa.

Foto: Secretario Josué Valadão

Se não bastassem os paradigmas de engenheiros mediocres, o prefeito de fato, que não é o sucessor de Kalil, mas o administrador de escassez que atravessou três governos, Josué Valadão, possui horizontes limitados, não tem noção do que acontece no dia a dia de Belo Horizonte, tampouco sabe medir as consequências do apagão de infraestrutura que a cidade vive há 50 anos. Só enxerga números, é tacanho, acomodado e vaidoso. Josué dizem, possui a virtude de ser honesto, como se honestidade não fosse obrigação, mas competência. BH está na iminência de travar por completo em colapsos setoriais que já se manifestam em várias partes da cidade, não mais nos horários de pico, mas a qualquer hora do dia, incluindo os finais de semana.

BH tem mais de 2,6 milhões de veículos e as últimas obras datam de 1980

A frota de veículos segue crescendo na proporção inversa ao apagão de investimentos em obras de arte da engenharia.  As poucas obras que aconteceram em 2014 foram planejadas no modelo: “nas coxas”, e não resolveram a falta de fluidez  no trânsito. Na cabeça de quem têm o dever de encontrar soluções para o caos instalado, muitas  minhocas, nenhuma cobrança e paradigmas arraigados de que obras não resolvem o problema. A culpa é da população que escolheu ter carro. Inversão total da lógica.

São mais 200 intervenções de engenharia que exigem criatividade, uma pitada de ousadia e culhão. Intriga-me o silêncio do Sicepot, do CREA, da SME, Fiemg, Fecomércio, ACMinas, CODESE e outras associação cujos diretores são frequentadores assíduos de cidades Americanas como Miami, Los Angeles, Nova York. Eles viajam para Europa, circulam por Barcelona, Paris, Londres, onde as obras não param, mas são incapazes de fazer comparações e abrir a boca sobre o atraso que paira sobre a capital mineira, sua feiura e decadência jamais vista.

O início desta ladeira que parece não ter fim foi a eleição de 1992 com a vitória de Patrus Ananias, permitindo o aparelhamento da prefeitura e a derrocada da cidade. Um misto de covardia e acomodação conveniente de engenheiros medíocres, viciados e preguiçosos. O mesmo vale para a imprensa que tem como anunciante a Prefeitura de Belo Horizonte e a Câmara Municipal. Tudo legal mas IMORAL. Uma relação de compadres em nome de interesses inconfessáveis, onde reina a promiscuidade e os “tapinhas nas costas”.

E por falar nisso o prefeito teve a coragem de encomendar campanha publicitária para falar de mobilidade urbana. Esqueceu do “i”, e o apóstrofe, antes da palavra mobilidade. A propaganda enganosa mente ao falar que a prefeitura está “trabalhando” para melhorar a mobilidade. A campanha cita bicicletas elétricas como solução para o caos no trânsito, como se isso fosse a redenção para o atraso da cidade. Prova da desconexão dos marqueteiros e do próprio secretariado que deve falar para o prefeito o que ele gosta e não o que ele precisa ouvir.

Com cara de preguiçoso, de fala arrastada e intolerância a povo, Fuad Noman não deve deixar seu gabinete com ar condicionado para circular nem na porta da prefeitura. Com certeza nunca passou pelo cruzamento da Av. Raja Gabaglia com Av. Barão Homem de Melo.  Não tem noção do que acontece na Av. Antônio Carlos por volta de 17h, ou em frente ao BH Shopping no mesmo horário. Nem sonha com o martírio de quem precisa chegar no centro pela manhã todos os dias e é obrigado a usar o funil do Viaduto da Floresta, e por ai vai, são centenas de gargalos.

Recado para o prefeito e para o Valadão

(Prefeito, tira a sua bunda da cadeira, estica seu suspensório e vamos conhecer a cidade que você governa na meia boca, o convite é deste desconhecido e insignificante jornalista que circula pela cidade e conhece o drama de milhões de belo-horizontinos que ficam presos diariamente no 3o pior trânsito do mundo).

Foto: Exemplo de Deadlock traffic, que em BH chamam de excesso de carros.

Não existe uma única via em BH cujos sinais funcionem em sincronia, ou onda verde. Funcionam exatamente ao contrário, em ondas vermelhas irritantes, ineficientes e criminosas. De acordo com os especialistas de escritório, no COP (Comando de Operações da Prefeitura), acomodados e sem metas a cumprir, fluidez provoca atropelamentos.  Eles não devem andar pela cidade, são mestres em planilhas e ensaios. Não sabem que a falta de fluidez significa perda de tempo, prejuízos incalculáveis para a economia, poluição do meio ambiente, estresse e alto risco de acidentes, pois na medida em que os sinais fecham ao invés de abrirem, o motorista tende a recuperar tempo acelerando, e aí sim provocam acidentes.

É inacreditável a falta de compromisso e respeito com o pagador de impostos. Não existe um plano de emergência decente que inclua a gestão do tráfego nos locais onde os semáforos não dão mais conta do volume de veículos. Eles são milhares, BH é a cidade com o maior número de semáforos do Brasil, e com eles os famigerados gargalos incorrigíveis para os técnicos da PBH. Entra ano sai ano, eles seguem invisíveis para o grupo que comanda a Sudecap e a BHTrans.

Câmara Municipal inerte sobre o tema

Foto: Josué Valadão, Gabriel Azevedo e Fuad Noman

Ninguém cobra, não existe na Câmara Municipal comissão de vereadores preocupados com a questão da infraestrutura, com metas que precisam ser criadas para a mobilidade, exigindo dos técnicos decência e compromisso com a população, justificando o salário que recebem. A maioria dos vereadores estão preocupados com a próxima eleição, atendendo no varejo os cabos eleitorais em busca de “mata-burros”.

Por outro lado o transporte coletivo não evoluiu, não possui apelos suficientes para induzir o cidadão que tem carro a fazer seus deslocamentos por transporte público. No dia que a população acordar e compreender que a cidade está parada há 50 anos, diferente da maioria das capitais que investem em infraestrutura, talvez seja tarde demais, a conta fique impagável. Estive em Porto Alegre recentemente e fiquei impressionado com a quantidade de obras de arte da engenharia sendo construidas por toda a cidade.

Falta compromisso com a infraestrutura

Fato é que a mediocridade tomou conta do funcionalismo público municipal e da engenharia, os representantes do executivo e do legislativo viraram especialistas em desculpas esfarrapadas. A imprensa por sua vez preocupada com o comercial se limita ao factual, não aprofunda. Repete a mesma ladainha diária de onde o trânsito está parado, sem criatividade e compromisso com a verdade. Prestam desserviço ao passar para o agente público a mensagem de que o problema é da população e do excesso de carros, e não da incompetência de quem governa a cidade. Leitura rasa, típica do jornalismo universitário militante.

Por fim a topografia da cidade convida a engenharia para apresentar soluções simples, mas os engenheiros e agentes públicos não conseguem sair do lugar comum, da mesmice, dos puxadinhos paliativos.

Com efeito, a frota de veículos segue crescendo e já ultrapassa 2,6 milhões de unidades, sem contar a frota flutuante da RMBH que é de 6 milhões de pessoas e 3,2 milhões de veículos, foi a que mais cresceu no país. Enquanto isso a cidade vai ficando cada dia mais imóvel, poluída sem perspectiva. Na cabeça dos jornalistas de plantão e dos políticos acomodados o deadlock traffic em BH é causado pelo “excesso de veículos” e não por déficit na infraestrutura estagnada, fruto da incompetência de quem não faz o dever de casa. Até quando este caos vai permanecer em BH?

José Aparecido Ribeiro é jornalista, ex membro da Comissão Técnica de Transporte da SME. Membro do Observatório da Mobilidade e do CODESE.

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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