O Prefeito de São Paulo, João Dória Junior, foi o entrevistado do programa “Roda Viva” da TV Cultura desta segunda feira dia 10 de abril. Em 6 blocos de entrevistas, com duração de duas horas, sabatinado por “águias” da Folha de São Paulo, professores da USP, jornalistas e escritores dos mais diversos seguimentos da imprensa, inclusive alguns declaradamente petistas, o Prefeito “matou a cobra e mostrou o pau”, com classe, sensibilidade, competência e elegância, raras no universo da política nacional apodrecida.
Foi impossivel assistir a varias tentativas explicitas de “frita-lo”, promovidas por jornalistas experientes e nao ficar admirado com a performance do entrevistado. O prefeito respondeu a todos sem mudar o tom, mesmo sendo provocado e com conhecimento profundo dos assuntos da cidade que ele governa. Ouvi atentamente e não pude deixar de fazer comparações com o que estamos assistindo em BH. Guardadas as proporções, SP e BH possuem praticamente os mesmos problemas. Eleger o que deve ser prioridade e fazer projetos viáveis é o que esperamos do prefeiro Kalil, a exemplo de Dória.
Embora leve a pecha de marketeiro, o que de tudo não é ruim, desde que faça o que prometeu, Dória mostrou que além de preparado, tem projetos construídos a quatro mãos para a maior metrópole da América do Sul. Escalou um time de secretários de primeira linha, convidou a população, o legislativo, governo de São Paulo e órgãos dos mais diversos seguimentos para juntos encontrarem soluções para os problemas da “Pauliceia”. Do combate ao flagelo nas cracolandias espalhadas pela cidade, sendo 9 no total, passando pelos milhares de indigentes procedentes de várias partes do Brasil, ele conseguiu reunir 44 entidades, incluindo até empresas privadas e caminha na direção de solucionar a complexa questão.
Em 100 dias, já fez o que poucos prefeitos fizeram em mandatos inteiros. Áreas vulneráveis como saude, mobilidade urbana, habitação popular, sinalização, iluminação, transporte escolar, privatizações, redução do quadro e das despesas da prefeitura, mostram que Dória conseguiu mais de 70% de aprovação, e nao foi por acaso. Sua gestão é revolucionária, já entrou para a história. Entusiasmo, otimismo, projetos bem feitos e austeridade, revelam um político habilidoso e extremamente eficiente.
Como cidadão belo-horizontino, conhecedor dos problemas da capital mineira torço para que o prefeito Kalil consiga fazer uma boa gestão. BH vive momentos dramáticos em várias áreas, com destaque para a mobilidade urbana que me afeta e onde vejo os maiores erros estratégicos. Ouvi Dória falar do projeto de recuperação do asfalto de São Paulo, usando betume de primeira linha. Foi firme ao garantir que a cidade inteira receberá recapeamento de boa qualidade e que não aceita intervenções no sub solo sem reparação adequada. Será duro com as empresas que abrirem o asfalto e não devolve-lo devidamente recuperado, sem ondulações.
Doria falou das PPP’s, parcerias público privadas; das doações de empresas, sem contra partidas suspeitas; dos projetos de convênios com hospitais para zerar as filas de exames; falou de aplicativos como Uber, Cabify, 99 Taxi, com rresponsabilidade e sensatez; prometeu recuperar o centro da Capital, reformou as Marginais e acabou com a famigerada indústria da multa; vai vender o Autódromo de Interlagos e o Anhembi, colocando nos cofres da prefeitura a bagatela de R$7 bilhões. Mostrou que sabe priorizar, reconheceu erros e fez revelações importantes no campo do intercâmbio com cidades que conseguiram se organizar melhor do que Sao Paulo, mostrando inclusive humildade, bom senso e que estamos aprendendo sempre.
O Prefeito saiu da entrevista direto para o Aeroporto de Guarulhos onde embarcou para Seoul na Coréia do Sul em busca de tecnologia para saúde, mobilidade, habitação e gestão pública. Prometeu que vai substituir toda a sinalização semafórica de SP, por equipamentos modernos, que não apaguem em dias de chuva e que possam funcionar em onda verde. Que prefeito consegue compreender a importância da fluidez do trânsito? Está cuidando de coisas que a população compreende. É acessível e possui ascendência sobre seu grupo. Cercou-se de gente qualificada e não aceita práticas que não sejam as republicanas no trato com o legislativo municipal. É firme nas colocações e não aceita barganhas.
Ou seja, Doria precisa ser exemplo para o Prefeito Alexandre Kalil. Evidentemente se a vaidade do prefeito de BH não lhe trair, seria bastante oportuno que ele usasse aquilo que está dando certo em SP aqui na nossa cidade. Puxando sardinha para o nosso balaio, tomara que Kalil aceite a provocação e consiga enxergar exemplos bons que estão trazendo benefícios para a maior cidade do país, especialmente aqueles que não demandam recursos, mas articulação com a iniciativa privada em instituições cidadãs.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos e Autor do Blog SOS MOBILIDADE URBANA – 31-99953-7945 – CRA MG 08.0094/D