Equívocos sobre ciclovias, trânsito e a infra estrutura de BH

Mineiro sempre acha que o estrangeiro é o portador da verdade, mesmo que a verdade exista somente em parte. Adora ouvir o que é politicamente correto, ainda que não se aplique a sua realidade. Nenhum candidato a prefeito de BH teve coragem, até agora, de dizer e abordar, de verdade, o tema sobre ciclovias. 

É sabido que as ciclovias funcionam bem na Europa e, também, em alguns países asiáticos, onde o clima frio e topografia plana facilitam a sua prática. 

Os candidatos a prefeito de BH, no 1º turno das eleições, quando perguntados se iriam dar continuidade à teimosia da BH Trans, em relação à instalação de ciclovias no município, praticamente quase todos disseram ser favoráveis e revelaram até que poderiam, inclusive, cumprir a meta de atingimento de 400 km de vias disponíveis até o ano de 2020. 

As respostas dos mesmos constitui-se uma prova inequívoca de que eles não andam e não conhecem a cidade que querem governar.

O incentivo ao uso da bicicleta, embora seja uma tendência mundial, não emplacou e não emplacará em BH. Basta andar pela cidade para constatar que os 87,4 km de ciclovias estão, literalmente, deixados às moscas. Um ou outro gato pingado é visto aqui e acolá. 

Tenho andado pela cidade inteira e posso contar nos dedos as bicicletas que vejo transitando. Dizer o contrário é forçar a barra e praticar ato falacioso, desconsiderando a prática, embora o discurso seja bonito e, muitas das vezes, correto. 

Mais do que vazias, elas prejudicam o trânsito, o comércio e colocam em risco a vida daqueles poucos que ainda não entenderam que esse hábito praticado por uma minoria quase insignificante, funciona apenas em locais onde o clima é frio e a topografia seja plana. 

O PLANMOB (plano de mobilidade até 2030) vem cometendo erros imperdoáveis quando o assunto é mobilidade. 

Quais sejam: 

1. não considerar a possibilidade de correções de rumo. 

2. Desconsiderar, por exemplo, clima e topografia. 

3. Omitir o passivo de obras que a cidade tem em relação à sua frota de veículos que hoje ultrapassa 1,7 milhões de carros (a cidade ficou sem obras estruturais por mais de 40 anos). 

4. Acreditar que bicicleta tira carro da rua em uma cidade onde as pessoas são individualistas e não fazem sacrifícios pelo coletivo (não é da nossa cultura tal prática). Aqui vale os interesses pessoais, jamais os coletivos.

5. Apostar em medidas restritivas veladas, para desestimular o uso do carro. Ato irresponsável e criminoso.

6. Acreditar que BRT ofereça incentivos para que o povo troque o transporte individual pelo coletivo. 

7. Não aceitar o fato de que a BHTrans perdeu a credibilidade da população e que poucos cidadãos adere ao que o gestor do trânsito propõe. A cidade precisa de uma secretaria de trânsito e transporte com credibilidade e com foco em engenharia.

8. A BHTrans tem seu foco em radares que alimentam uma indústria de multas milionária, sem nenhuma razoabilidade, já que os índices de acidentes com vítimas são baixos.

9. Instalar sinais em todas as esquinas, fazendo de BH a capital com o maior número de semáforos do Brasil (uma caixa preta sim, que precisa ser aberta), assim como os contratos de radares. 

10. Por fim, acreditar que obras não resolvem e que transporte coletivo de boa qualidade tira carro das ruas em um país que a população é apaixonada por carro. 

Esses erros são imperdoáveis e explicam, em grande parte, o caos quase generalizado existente em diversas ruas de Belo Horizonte. 

 

José Aparecido Ribeiro

Consultor em Assuntos Urbanos

Membro da Comissão Técnica de Transporte da SME

Presidente da Ong SOS mobilidade urbana. 

Diretor da ACMINAS 

CRA Mg 08.0094/D

31-99953-7945

 

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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