A semana foi marcada pela revelação por meio da internet de uma lista com os salários dos magistrados do TJMG. Indignações à parte, todas inúteis, em que pese à gravidade do tema, o fato é que tem juiz ganhando mais do que o dobro do teto constitucional que é de R$33 mil. Tudo legal, mas para muita gente, e eu não sou feito de outro material, de uma imoralidade desmesurada, que espanta e deveria revoltar.
Os “penduricalhos” são os culpados, isso fica explicito na “lista”. Eles costumam ser mais do que o dobro dos proventos, engordando os vencimentos que passam na maioria dos casos de R$60 mil. Um belo e portentoso salário que deixa gregos e troianos com inveja. Quem não gostaria de estar na “lista” do TJMG, a dos salários? Se seu desejo é esse, mude de profissão, vire concurseiro e vá a luta, mas vá armado com memória de elefante, disfarçadamente.
Sabe-se que o “vazamento” revelador da “lista” não dará em nada, é mais uma gota em um copo que não transborda e que não tem fundo, vai crescendo de tamanho, não se sabe até quando. Com efeito, ninguém é contra salários dignos para magistratura, afinal juiz trabalha muito e precisa ser bem remunerado para desempenhar com diligencia uma das causas mais nobres que existem, a de fazer valer a justiça, as Lei e o que manda a Carta Magna (Constituição).
Para isso é necessário talentos especiais, aptidão, sensibilidade, inteligência acima da média, disciplina e uma vida de dedicação aos estudos para conseguir um lugar ao sol. Mais do que justo ganhar bem e ter muitas regalias, no teto. Diferente de políticos que não precisam de qualificações específicas, pré-requisitos ou aptidões. Basta um pouco de lábia, um caminhão de dinheiro, um partido, e o voto de incautos. E isso no Brasil, tem de sobra, é a maioria.
Com raras e honrosas exceções a maioria deles, e os fatos não nos deixam mentir, não poderiam nem passar perto da coisa pública. São desqualificados, inabilitados, incapazes para exercer a política. A democracia, segundo o Filósofo “Platão, Sec. IV a.C,” possui vicio de origem ao permitir a “qualquer um”, o que não é recomendável para qualquer um. Sempre foi assim, e continuará por muito tempo, pois quando o tema é reforma política segue-se ignorando as motivações, prevalecendo a vontade do povo apenas, que vem reafirmando sua ignorância no uso do voto
Em relação aos magistrados, causa espanto o fato de defenderem que a “Lei do teto dos salários” seja cumprida para as demais categorias de servidores, incluindo o legislativo, o executivo e todos os profissionais que são remuneradas pela máquina governamental, seja ela municipal estadual ou federal. É mais ou menos a máxima: “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. “Pau que dá em Chico, deveria dar também em Francisco”, menos no Brasil.
Tenho consciência plena e peço desculpas antecipadas aos meus amigos magistrados exemplares, cuja carreira sou testemunha, e lembro a eles que a “arraia miúda” é quem define os rumos da Nação, e ela está ocupada com o futebol, religiões, com o carnaval e com a “dança dos famosos”. Nada e nem ninguém levará adiante indignação suficiente para uma reforma geral na máquina publica, incluindo o judiciário com os seus privilégios. Sei que meu lamento é apenas uma conversa inútil, para desopilar, e espero que eles compreendam…
José Aparecido Ribeiro
Licenciado em Filosofia e blogueiro – blogs uai.com.br – SOS Mobilidade Urbana
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