A pandemia conecta almas, dissemina solidariedade e permite experiências. Relato de um leitor estrangeiro no Brasil

POR: Rolf Muiller – Fotógrafo Profissional – Suíço, com visto permanente, morando no Rio de Janeiro

“Há um ano venho dedicando tempo na tentativa de ajudar pessoas que não conheço. Entre elas, algumas próximas que se apresentavam apavoradas sem saber onde encontrar informações sobre tudo que está acontecendo e que é novidade, pegou a todos nós de surpresa. Poucas pessoas já viveram uma pandemia. É a primeira vez que vejo o mundo diante de um desafio que gera ansiedade e incertezas.

Neste ínterim, fiquei desempregado durante quatro meses. Com o tempo sobrando, sem muito o que fazer, me aprofundei na política, na análise fria do que esta acontecendo percebi uma guerra cultural em curso, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Cheguei a comentar com um amigo que para o sistema, pessoas como nós, que pensam e tem consciência crítica é um perigo, pois fica evidente as intenções veladas por trás das aparências. Há interesses inconfessáveis por trás disso tudo.

A Importância de dedicarmos tempo a quem precisa ser ouvido

Diante das limitações, e consciente da importância de comunicar com as pessoas, criei uma linha de transmissão no WhatsApp para alguns amigos, e por obra do “acaso” uma senhora de 80 anos me deu um feedback que foi de suma importância: “Você tem me ajudado muito com suas informações; as vezes parece que vou enlouquecer e as suas mensagens me ajudam a retomar e manter a minha sanidade mental!” Esse retorno foi crucial para que eu compreendesse a importância da disponibilidade para ouvir as pessoas.

Foi ai que uma frase do Ítalo Lorenzo ecoou fundo na minha alma também: “Parece que transformaram covardia em virtude”. Ouvi o Allan dos Santos dizendo que nada acontece na política que não passou antes pela cultura.  Voltei a escrever textos, que publiquei no Instagram (até então somente tinha fotos, sou fotógrafo profissional há 30 anos, e nasci na Suiça).

De cara perdi um monte de seguidores; claro, no meu meio profissional a maioria odeia o Bolsonaro, um fotógrafo de nacionalidade Suíça que defende o presidente, tem que ser excluído (em alguns casos fui xingado antes).  Embora o número de seguidores nunca tenha me importado, eu percebi que depois que assumi uma postura mais clara, a tendência do meu Instagram foi de crescimento. Muita gente gosta de pessoas autênticas e eu vejo autenticidade, boas intenções e caráter no presidente brasileiro.

Mudanças que nos desconectam de uns e nos conectam a outros

Com as mudanças políticas do WhatsApp resolvi migrar para o Telegram e criar esse grupo, que foi crescendo rapidamente. Há cerca de um mês atrás passou de 100 pessoas. Fiquei surpreso e grato, por dois motivos: Uma boa parte do conteúdo é produzida por mim mesmo. E quando alguém não passa credibilidade as pessoas não ficam nos grupos. Após conversa com um amigo taxista que mora na Mangueira aqui no Rio, senti a necessidade de passar a atender também o grito dos materialmente famintos.

É impressionante como as coisas começam a se encaixar quando existe uma vontade sincera. Pessoas que eu nunca vi na minha vida, confiaram em mim ao ponto de contribuir com uma ajuda financeira. Já conseguimos levar duas vezes uma quantidade boa de cestas básicas. Conheci outras pessoas nas comunidades para ajudar. O que nos une é a vontade sincera de servir ao próximo, pelo simples prazer de sentir o calor do bem na própria alma.

Eu não sei o que será daqui para frente, tem dias que estou desanimado, triste ou até muito revoltado com os crimes que estão sendo cometidos contra a humanidade. Mas todos os dias  tenho a sensação que se eu pude ser instrumento para fazer a diferença na vida de alguém; seja para devolver a esperança ou para aplacar a fome, eu vou dormir com a certeza, que pelo menos aquele dia valia a pena a ser vivido! Não tenho tudo que eu queria, porém muito mais do que eu preciso e mereço.

Obrigado Senhor”.

Rolf Muller é Fotografo profissional e leitor do Blog

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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