Interpretação rasa do Plano Diretor faz imprensa prestar desserviço para a cidade

POR José Aparecido Ribeiro – Jornalista – (opinião)

A interpretação rasa do significado do Plano Diretor faz a imprensa de BH cometer ato de omissão e desserviço para a cidade. Na manhã desta quinta feira (06) comunicador famoso da cidade, figura conhecida de fala mansa que imita o sotaque do povo, com nome de cantor sertanejo, foi questionado por um colega em programa de bancada ao vivo, o que ele achava do adiamento da votação do Plano Diretor. A resposta deixa quem está por dentro do assunto perplexo, pois revela a distância que a imprensa belo-horizontina, responsável pela formacao da opinião pública, mantém de algo tão sério e que afetará a vida de todos.
 
O popular jornalista cuja carreira a cidade conhece respondeu com generalização quase irresponsável: “Já passou da hora do Plano ser votado, quatro anos é mais do que suficiente para os que foram contra pudessem apresentar suas defesas, pois ele é fruto de uma Conferência de Política Urbana democrática que teve a participação de todos, portanto chega de enrolação”, afirmou a voz que goza da credibilidade da metade mais um da população da cidade, em todas as classes sociais.
 
Ou seja, no entendimento deste vestuto comunicador o Plano precisa ser votado por que foi fruto de um debate democrático, ainda que ele possa significar uma tragédia para o futuro da cidade. O reducionismo de um tema tão importante como este, tratado na base da barganha pelo prefeito junto a imprensa e ao Legislativo revela entre outras coisas que a imprensa, assim como a população, não tem noção das consequências anunciadas e que serão nefastas para a família belo-horizontina.
 
Devo informar para o colega que a IV Conferência de Política Urbana, realizada em 2014, ainda no governo Marcio Lacerda, não respeitou o princípio da igualdade entre os vários atores da sociedade. O conteúdo foi manipulado, assim como os movimentos sociais foram usados para atender a interesses da esquerda que compõe a base dos governos municipais desde 1995, quando o PT tomou o poder e não saiu mais. A prova disso foi que ao perceber a manipulação do evento que sustenta o Plano Diretor, técnicos que de fato conhecem do assunto, juntamente com o setor produtivo, deixaram a Conferência na expectativa de que outra Conferência fosse convocada para discutir o futuro da cidade. E isso não aconteceu, deixando ela sem a legitimidade necessária para sustentar o Plano, insisto, construido sob interesses ideológicos partidarios em busca de votos dos desinformados.
 
Ou seja, a IV Conferencia não tem moral, pois não ocorreu em clima democrático. Digo isso com muita tranquilidade por que fui delegado, concordei com a saída do setor produtivo e técnico do evento. Mas o Plano não é ruim apenas por isso, ele coloca a economia da cidade em rota de colisão com quem produz e gera emprego. O confisco de coeficiente, a eliminação de vagas em construções e a instituição da outorga onerosa vai na contra mão das práticas de mercado em metrópoles desenvolvidas no mundo todo. Não sou eu o autor da afirmativa, são estudos feitos pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) que  comprovam uma queda inevitável de 30% na produtividade da cidade de Belo Horizonte.
 
Não existem por parte da PBH estudos de impactos econômicos, embora a secretária de política urbana, a petista Maria Caldas venha mentindo diuturnamente ao dizer que sim. A PBH não tem, mas as 30 entidades que compõem o “Movimento Mais Imposto Nao”, tem, e revela um cenário assustador. Os imóveis irão sofrer aumento de custo elevando o preço de venda, inviabilizando as construções e enterrando de uma vez por todas um seguimento de mercado que anda a passos largos para a falênciia. A construção civil tem no estaleiro mais de 100 mil desempregados, e este número impressionante deveria  ter algum valor para a decisão de não se aprovar o Plano.
 
Com efeito, se não é desinformação a fala do importante jornalista ela revela falta de autonomia ou manipulação de informação com interesses pouco republicanos, já que o único anunciante governamental atualmente é o poder executivo municipal. O Plano é desconhecido por mais de 90% da população. Vereadores também não sabem das consequências e o prefeito muito provavelmente nem leu o Plano. Caberia a imprensa uma análise mais aprofundada com imparcialidade e responsabilidade. Até por que, do ponto de vista comercial ela também será vítima da tragédia que está anunciada e que virá inevitavelmente.
 
jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp 31-99953-7945

 

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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